terça-feira , 26 novembro 2024
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Foto: Agência Senado ( Venilton Kuchler/SESA)

Teste do pezinho ajuda a detectar fibrose cística

Condição pode comprometer os pulmões e sistema digestivo

A Fibrose Cística, também conhecida como Mucoviscidose, é uma doença genética crônica que afeta principalmente os pulmões, pâncreas e o sistema digestivo. Atinge cerca de 70 mil pessoas em todo mundo, e é a doença genética grave mais comum da infância. Atualmente existem quase de 2.700 brasileiros com Fibrose Cística, e um a cada 10 mil nascidos vivos sofre com a doença no país. A Fibrose Cística afeta tanto homens quanto mulheres, e é mais prevalente em pessoas brancas. Para falar sobre o assunto e responder algumas dúvidas, o jornal em parceria com a Rádio Difusora, entrevistou Maria Bernardo Tonolli, pneumologista, que atua em Mococa.

Consequências e sintomas 

“A fibrose cística é uma doença genética que pode ser diagnosticada logo que a criança nasce através do teste do pezinho. Essa doença pode comprometer o pulmão, o pâncreas, o homem poder ser estéril, entre outras alterações relacionadas a infecção. O órgão mais afetado é o pulmão, as crianças e os adultos acabam tendo muitas infecções de repetição, até mesmo com alteração na estrutura do órgão. No caso de quando acomete o pâncreas, pode apresentar alterações e dificuldades na absorção, levando a diarreia e perda de gordura”, explicou.

Segundo a especialista, os sintomas da doença geralmente são relacionados as vias aéreas, como tosse crônica, secreção frequente, em alguns casos perda de peso e diarreia crônica. “Quando são casos bem leves que acabam não sendo diagnosticados na infância, o homem pode se queixar de infertilidade”, informou.

Problemas no pulmão

A médica explicou que doença faz com que a secreção do pulmão fique mais espessa. “É como se formassem bolhas que dificultassem a saída da secreção. A doença pode até causar a destruição do órgão, que é a bronquiectasia, dilatações que passam a aparecer, acumulando mais secreção onde vírus e bactérias conseguem sobreviver, dificultando o tratamento desses pacientes”, afirmou.

Covid é fator agravante

Pessoas com fibrose cística que contraem o coronavírus, por já terem um pulmão inflamado e infectado por outros vírus e bactérias, se tornam mais suscetíveis e debilitadas, e podem desenvolver um quadro grave da doença. “O mesmo vale para quem tem asma, DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica), que é causada pelo cigarro. Como o pulmão já é mais comprometido, a doença pode atingi-los de forma grave. Não que vá ser uma regra para todos, mas pode acontecer”, alertou.

Exames

Geralmente, a doença pode ser detectada pelo teste do pezinho nos primeiros dias de vida do bebê. Em casos de crianças com repetição de infecções de vias aéreas, ou que apresentem alterações no teste do pezinho, os pais devem procurar um médico, e ficar atentos”, aconselhou.

“Podemos identificar a doença também na fase adulta pela tomografia, onde aparece bronquiectasia, nas áreas superiores do pulmão que é mais característico dessa doença. Mas geralmente é diagnosticada no início da vida”, completou.

Transplante

Casos mais graves de fibrose cística podem necessitar de um transplante de pulmão. “A destruição na estrutura pulmonar é muito grande, e torna a vida da pessoa muito restrita, leva uma vida praticamente intra- hospitalar, devido ao uso de oxigênio, grande número de infecções. Então o transplante acaba sendo a opção para alguns casos”, disse.

Tratamento

Os portadores de fibrose cística podem ter que usar cilindros de oxigênio e bombinhas para ajudar na respiração. “Principalmente as bombinhas para diminuir a obstrução e a formação da secreção. No caso do cilindro, utilizamos quando o caso é mais grave, e quando o pulmão deixa de fazer sua principal função, que é a oxigenação dos nossos tecidos”.

A médica informou que o tratamento para essa doença é contínuo e para o resto da vida, já que não possui uma cura. “O tratamento é feito principalmente no sentido de prevenir o crescimento das bactérias dentro do pulmão e o acúmulo da secreção. Os pacientes fazem fisioterapia respiratória, complementando com medicação. É um tratamento multidisciplinar e para a vida toda. A doença pode levar a óbito em fases precoces da vida, em casos mais graves”, destacou.

Queimadas potencializam problemas respiratórios

“Por conta das queimadas e estiagem, tenho atendido pacientes com infecção na via aérea superior. As pessoas ficam com muita tosse, nariz entupido, as que tem asma e DPOC estão apresentando uma exacerbação do quadro. A situação está bem complicada para os doentes crônicos das vias aéreas”, revelou.

Beber bastante água, limpar as vias aéreas com soro fisiológico frequentemente, foram dicas sugeridas pela médica para enfrentar a baixa umidade do ar. “Se a pessoa tiver alguma doença é importante que ela não pare o tratamento de base. Usar umidificador, passar pano úmido na casa, evitar o uso de vassoura para não subir pó, e quem tiver aspirador é importante usá-lo na hora da limpeza. Quando possível devemos deixar o ambiente aberto para o ar circular”, informou. 

Pneumonia seca

O termo pneumonia seca é usado popularmente para descrever a tosse sem secreção, que pode ser um sintoma de pneumonia. “É mais comum uma tosse com secreção, mas pode acontecer de não apresentar. Quando tem um quadro com menos sintomas, acabam chamando de pneumonia seca”, encerrou.

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