quinta-feira , 10 outubro 2024
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Polícia abre inquérito para investigar Asilo Lar de Jesus

Entidade foi alvo de diligência nesta semana; medicamentos vencidos foram apreendidos no local

No final da manhã de quarta-feira, 8, a Polícia Civil realizou diligências no Asilo Lar de Jesus, em São José do Rio Pardo, para apuração de denúncias sobre possíveis irregularidades na assistência aos idosos daquela instituição. O trabalho foi acompanhado por equipes da Vigilância Sanitária e por duas secretárias municipais.

Segundo apurado, houve vistorias às instalações e foram ouvidos representantes de funcionários e diretoria, para responder a questionamentos da investigação, que se deu após denúncia anônima, apontando problemas de ordem sanitária, estrutural e de atendimento.

De acordo com boletim de ocorrência da Polícia Civil, no local houve retenção de dezenas de medicamentos controlados, que estavam com prazos de validade vencidos (alguns desde 2022, 2023 e abril de 2024).

Constaram da apreensão, os seguintes tipos de remédios: Piemonte, Carbonato de Calcio + Vit D, Prednisona 10mg, Acido Folico 5mg, Prednisona 5mg, Vit D 50000ui, Flunarizina 10mg, Pentoxifilina 400mg, Tiamina 300mg, Glibenclamida 5mg, Perivasc, Vitergan Master, Apresolina 25mg, Metildopa 250mg, Cilostazol 50mg, Captopril 25mg, Bisalax, Lacto purga, Vertizine D, Hidroclorotiazida, Betaistina 24mg, Flebodia 600mg, Levomepromazina, Galantamina, Rasagilina 1mg, Haloperidol, Fenobarbital e Imipramina 25mg.

Parte desse material, de acordo com as informações, era disponibilizada para uso – não havendo detalhamento sobre quais ainda estavam sendo ministrados e quais estavam prontos para descarte.

Mobilização

O trabalho policial foi acompanhado pelas secretárias municipais Nathália Pinesi Fernandes (Assistência Social) e Érica Bertelli Penha (Saúde), além de coordenadores da Vigilância Epidemiológica, diretores do asilo e advogados.

De acordo com a ocorrência, a Polícia Civil foi ao local após denúncia anônima realizada pelo canal Disque 100/Ligue 180, pedindo apuração sobre “maus tratos contra idosos que estariam acontecendo no Asilo Lar de Jesus, havendo informações de que alteram alimentação, a higiene é precária, inclusive com a infestação de baratas, ausência de funcionário e de controle na medicação dos idosos”.

Ainda conforme o documento, em companhia de funcionários da saúde, vigilância sanitária e assistentes sociais, os investigadores “compareceram na referida instituição e, diante do que encontraram, pediram perícia técnica para o local, apreenderam diversas caixas de medicamentos, verificaram as condições de higiene das instalações e dos alimentos”.

Inquérito

Diante dos fatos, o delegado Dr. Renato Coletes determinou a abertura de inquérito policial, considerando as particularidades do caso, para investigar eventuais maus-tratos (Art. 136 CP) e problemas relacionados aos medicamentos vencidos (Art. 272 CP).

Na tarde de quarta-feira, a Prefeitura emitiu uma nota, confirmando o ocorrido, mas não explicou as razões da vistoria, o que acabou alarmando e confundindo a população. Segundo a nota, a entidade foi notificada, com prazo de 48 horas para promover regularização sanitária das dependências.

Ex-presidente diz que está triste com o acontecimento

O Asilo Lar de Jesus está, desde o início deste ano, sob nova diretoria. A redação de Gazeta do Rio Pardo fez contato com a instituição, solicitando informações sobre as medidas que estão sendo adotadas em relação ao caso. O presidente, Daniel Aparecido Teles, optou por não se manifestar, explicando que espera pelos desdobramentos do inquérito policial para emitir uma nota acerca do assunto.

A redação fez contato, também, com a ex-presidente da entidade, Márcia Pinesi, questionando acerca dos fatos. Sobre a pauta, perguntamos:

1-A Vigilância Sanitária realizou vistoria ao local no ano passado, quando você ainda era presidente? Quais eram as condições sanitárias da entidade?

Márcia Pinesi – Todo ano a vigilância sanitária fazia vistoria no local e estava tudo certo, quando tinha pequenas irregularidades eles avisavam e sempre colocávamos em ordem. O Conselho do idoso também fazia vistoria e, até o ano passado, o laudo disse que estava tudo em ordem.

2-Foram encontrados no local medicamentos vencidos desde 2022 – embora de pouca quantidade. Por qual razão esses medicamentos não foram descartados naquele ano? Como funciona o processo de descarte de medicamentos?

Márcia Pinesi – Quanto ao medicamento do ano de 2022 encontrado, deve ter recebido no mês de abril e não tinha sido descartado. Na nossa gestão, todos os medicamentos que recebíamos eram feitas as triagens e depois descartados.

3-Segundo as informações da ocorrência policial, a denúncia afirma que faltam funcionários no local.  Qual era o quadro de colaboradores até a sua saída da entidade? Havia número suficiente?

Márcia Pinesi – Não sei porque estava com falta de funcionários, a não ser que estavam afastados por doença e não colocaram ninguém no lugar. Até 12/2023, o quadro de funcionários permanecia normal.

4-Na sua opinião, é possível afirmar que a denúncia que motivou a diligência policial e consequente abertura de inquérito, tem alguma conotação de descontentamento com os atuais diretores?!

Márcia Pinesi – Até agora fiquei sabendo que foi ligação anônima.

5-Na sua opinião, como fazer para que a entidade mantenha seu prestígio, confiança e reconhecimento junto à população após esse episódio?

Márcia Pinesi – A Entidade sempre foi muito respeitada, muito prestigiada pela população. Eu e o Rubens ficamos 15 anos à frente dessa entidade e tudo que fizemos na nossa gestão de 2008 a 2023 foi com a ajuda do povo rio-pardense, da Prefeitura, das verbas dos vereadores etc. Estamos muito tristes em saber o que está acontecendo.

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