Recusa por marcas está atrasando a vacinação, diz Eliezer Gusmão
O médico e diretor técnico da Santa Casa, Eliezer Gusmão, fez um balanço semanal da Covid-19 em São José do Rio Pardo nessa sexta-feira (2), durante uma entrevista para o Jornal do Meio Dia, da Rádio Difusora. O profissional falou sobre a redução do número de novos casos, destacou quatro óbitos ocorridos na quinta-feira, e fez um apelo para que a população não se descuide. Além disso, Eliezer comentou sobre o risco causado pela recusa de algumas pessoas em se vacinarem com determinadas marcas do imunizante contra a Covid-19.
Na quinta- feira o município registrou apenas 7 novos casos da doença. Já na sexta-feira, foram 32 casos em 24 horas. Durante a semana, em apenas cinco dias, a cidade registrou 8 óbitos em decorrência da Covid. A ocupação da UTI diminuiu com relação a sexta-feira passada, quando a Santa Casa registrou 100% dos leitos sendo utilizados. No dia 2 de julho, a UTI Covid registrou 70% de ocupação.
“Eram pacientes que estavam internados há certo tempo. Embora continue aparecendo casos graves, temos uma situação estável com tendência de queda. Mas na quinta-feira, no PS, tivemos pacientes que precisaram ser intubados e levados para a UTI, isso serve de alerta para as pessoas não relaxarem. São pacientes jovens”, declarou.
Recusa por vacina
Em um momento em que o país registra a média móvel diária de 1.572 mortes por dia pela Covid-19, pessoas que são convocadas para a vacinação se recusam a receber o imunizante no ato da aplicação, quando descobrem que ele não é do fabricante desejado. Em Uberlândia, por exemplo, a média de recusas por dia chega a 6%, segundo dados do Município. O médico comentou a situação.
“Isso atrasa a vacinação. Ela não é só uma proteção para o indivíduo, quanto mais ela avançar, maior será a proteção da comunidade como um todo. A circulação do vírus cai, junto com os novos casos. O cidadão precisa se vacinar para se proteger e ajudar a proteger o próximo. Muitas pessoas estão se recusando, chega na hora querem saber qual tipo de vacina é, isso está atrapalhando a evolução da vacinação”, lamentou.
“A segunda dose de vacina tem que ser da mesma marca da primeira. Não podem ser trocadas por enquanto. O Ministério da Saúde tem coordenado isso”, completou.
Segundo Eliezer, enquanto não tiver pelo menos 50% da população vacinada com as duas doses de vacina, não será possível escolher ou se vacinar novamente com uma marca diferente. “Se não, vira uma bagunça total no país. Algumas pessoas se recusam a tomar a CoronaVac, mas ela tem sido eficaz, vemos os resultados disso no hospital, a maioria dos idosos tomaram primeiro a CoronaVac, reduziu muito a internação e morte dessa faixa etária”, destacou.
Terceira dose
Em alguns países, segundo o médico, existem estudos indicando o uso da terceira dose da CoronaVac para garantir uma melhor eficácia. “Mas sobre as outras vacinas, ainda não se sabe”, pontuou.
Morte por Covid com velório?
Durante a entrevista, uma das internautas questionou o fato de algumas pessoas morrerem por Covid no município e serem veladas, enquanto outras não.
“Depende do tempo do início da doença de cada uma. Muitos pacientes pegam a Covid, ficam internados muito tempo e depois falecem. É preciso determinar o tempo do início dos sintomas. Depois de um período de 15 a 20 dias, o paciente não está mais transmitindo o vírus. Tanto é que no próprio hospital nós removemos o paciente da UTI Covid e passamos para a UTI normal, para desocupar vaga, quando o período da doença já passou. Nesse caso, não corre mais risco dele transmitir para outras pessoas. Isso também ocorre com o velório, se a pessoa morreu dentro do tempo de transmissão, não pode fazer. Caso já tenha passado, o velório é feito normalmente”, esclareceu.
Mesmo com vacina, transmissão pode ocorrer
Eliezer foi questionado sobre a possibilidade de pessoas já vacinadas contraírem o vírus e consequentemente transmitirem. “É raro, mas quem já tomou a vacina pode pegar e transmitir a doença. O fato de você ter se vacinado recentemente, não exclui a possibilidade de ser contaminado. Existe um período latente de tempo, que varia em torno de 40 até 60 dias para que o corpo produza os anticorpos responsáveis pela proteção. Dentro desse período de tempo a pessoa pode pegar a doença, ela pode se agravar e transmitir”, afirmou.