quinta-feira , 25 abril 2024
Início / Cidade / Fisioterapia pélvica pode reduzir em até 4 horas o trabalho de parto
Ana Cláudia Gazolla, especialista em fisioterapia pélvica

Fisioterapia pélvica pode reduzir em até 4 horas o trabalho de parto

Especialidade trata incontinência urinária, disfunções sexuais, e melhora qualidade de vida de idosos e gestantes

Relativamente nova, a fisioterapia pélvica é uma especialidade conhecida por poucos, mas necessária para garantir uma boa qualidade de vida a milhares de pessoas. Ela é responsável por fortalecer o assoalho pélvico, evitando a perda ou até mesmo recuperando a força nos órgãos pélvicos. O leque de benefícios e tratamentos oferecidos pela especialidade é amplo. Ana Cláudia Gazolla, fisioterapeuta formada pela Unip de São José do Rio pardo, e especialista pela UFSCar em fisioterapia da Saúde da Mulher, concedeu uma entrevista à Gazeta do Rio Pardo na quinta-feira (15), e falou sobre a importância da fisioterapia pélvica na vida das pessoas.

Público alvo

A fisioterapia pélvica foi reconhecida somente em 2009. Ela é indicada para homens, mulheres e crianças.

“Trabalhamos muito com incontinência urinária, tanto feminina quanto masculina, existem também muitos casos de incontinência na infância. A fisioterapia pélvica é indicada para mulheres que sentem dores durante a relação sexual, que pode ser fruto de alguma doença e também para homens com disfunções sexuais. Trabalhamos com oncologia, pacientes com câncer de mama, atuo no pré e pós operatório, e cuido de gestantes”, informou Ana.

Prolapso de órgãos pélvicos

A famosa “bexiga caída”, chamada de prolapso de órgãos pélvicos pelos fisioterapeutas, tem recomendação médica para efetuar o tratamento com fisioterapia.

“As mulheres que possuem esse problema, procuram pelo médico e fazem uma cirurgia em que é colocada uma redinha. Mas eu defendo muito o trabalho multidisciplinar. Não acredito que um profissional sozinho consiga oferecer tudo o que aquele paciente precisa. No caso da incontinência urinária, e do prolapso de órgãos pélvicos, o urologista entra com muita necessidade, e às vezes faz a cirurgia. Só que não adianta a mulher fazer a cirurgia e continuar com os mesmos hábitos, mesmas posturas e não mudar seu próprio corpo. Ela deve sim procurar o médico, fazer a cirurgia, mas depois fazer a fisioterapia pélvica, para que ela possa se prevenir e não ter que realizar uma nova cirurgia”, informou.

Incontinência urinária

Segundo Ana, o maior índice de incontinência urinária é das mulheres idosas. “Isso ocorre por conta do envelhecimento natural do corpo. Muitas idosas que sofrem com esse problema, acabam se isolando socialmente, desenvolvendo até mesmo uma depressão. Ela fica com receio de sair para a rua, de ir na igreja, porque não consegue segurar a urina, que é algo que tem um cheiro forte, então ela fica com vergonha do problema. Até ela descobrir que existe um tratamento para isso, acaba se restringindo de muitas coisas”.

Pompoarismo

O pompoarismo é uma das técnicas da fisioterapia pélvica, e é utilizado para o fortalecimento da musculatura durante a relação sexual. “Utilizamos como mecanismo para fortalecimento. Muitas pessoas confundem e pensam que o pompoarismo é um tratamento para incontinência urinária, mas na verdade não”.

Fisioterapia contribui para melhoria da vida sexual

“Viemos de uma cultura em que as mulheres não se tocam. Tenho vivências de palestras que faço, e experiências clínicas, que me mostram que a maioria das mulheres que conheci até hoje, cerca de 70% não conhece seu próprio corpo. É muito difícil a mulher sentir prazer durante a relação sexual sem conhecer o corpo. Antigamente, às mulheres não podiam mostrar que sentiam prazer, ou que tinham desejos sexuais, a sociedade via isso como algo errado”, destacou.

“Quanto mais conexão a pessoa tiver com seu próprio corpo, mais prazer vai conseguir sentir e passar isso ao parceiro ou parceira. Quando a mulher não se conhece, ela não se gosta tanto. Aí entra a questão do empoderamento. Nós não podemos empoderar ninguém, podemos oferecer que a mulher nos procure para mostrarmos a ela ferramentas, para que ela se apodere. Algumas mulheres relatam que não conseguem mais ter relações sexuais, porque não sentem desejo, e às vezes sentem até dor”, contou Ana.

 “Elas não fazem a mínima ideia que isso pode ser tratado. Nesse caso é preciso fazer um tratamento multidisciplinar, pois pode ser devido a uma doença, nódulos na região da musculatura genital, mas também pode ter um fundamento psicológico, a mulher pode ter passado por algum abuso, ou ter tido uma relação que não foi prazerosa para ela, e que a machucou tanto fisicamente, quanto mentalmente. A parceria com o psicólogo nessas horas é essencial”.

Para homens

De acordo com Ana, por conta da cultura machista que ainda faz parte da ideologia de muitos brasileiros, é raro homens procurarem a fisioterapia pélvica. No entanto, ela é extremamente importante para o auxílio em tratamentos pós-operatórios. “Quando existe um câncer de próstata, geralmente é feita a prostatectomia radical- com isso, o homem acaba ficando incontinente e perde a ereção. A fisioterapia pélvica entra para que ele consiga reaver essas funções”.

“A fisioterapia pélvica é uma modalidade nova que precisa ser divulgada nos pequenos centros, porque muitas pessoas sofrem e não sabem que a fisioterapia pode ajuda-las, principalmente os homens”, afirmou.

Gestantes

A especialidade de Ana, é o atendimento a gestantes. “A fisioterapia entra para ajudar na preparação do parto, mas também para cuidar da mulher durante todo o período gestacional, que é um período em que o corpo sofre grandes transformações para poder se adaptar ao feto, ele precisa mudar completamente para receber e acomodar perfeitamente o bebê. Essas mudanças podem gerar algumas dores, como a dor pélvica crônica, dores na lombar que irradiam para as coxas. A mulher chega em uma fase gestacional, que não tem mais posição para dormir ou ficar sentada”, relatou.

“O ideal é quando a mulher sentir o desejo de engravidar, já procurar a fisioterapia pélvica. Dessa forma já podemos passar as informações e fazer a preparação do corpo para a chegada desse bebê. Se a mulher não teve a oportunidade de procurar logo no começo da gestação, se ela procurar faltando uma semana para ter o bebê, ainda existem benefícios”, garantiu.

Segundo a especialista, a fisioterapia pélvica fornece uma boa qualidade de vida durante todo o período da gestação. “Ela diminui em até 4 horas o trabalho de parto. Um parto que duraria em média 16 horas, pode passar para 12 horas, por exemplo. Ela aumenta as possibilidades de ter um parto normal, mas é claro que existem outros fatores a serem considerados no momento do parto. Além disso, ajuda a melhorar o humor da gestante, porque é uma atividade física, ajuda a controlar o peso tanto da mamãe quanto do bebê”, explicou.

 “Passamos orientações para o puerpério, o pós-parto, que é quando a mulher precisa estar com os membros fortalecidos, porque ela têm um bebezinho chegando, precisa estar bem e forte para acolher o filho. Além disso, orientamos sobre a amamentação, sobre a postura para pegar o bebê para não prejudicar a coluna”, instruiu.

Drenagem linfática durante a gravidez

“Acontecem muitos casos de edema, que é o inchaço, durante a gestação. Nós entramos com uma drenagem linfática manual, que é uma manobra dentro da fisioterapia que fazemos com extremo cuidado. É feita uma avaliação antes para saber se a mulher pode receber essa drenagem, porque em casos de hipertensão não é indicado. A drenagem ajuda a desinchar, nós retiramos do corpo através da aceleração da circulação do sistema linfático, resíduos e toxinas, tudo o que está fazendo com que a mulher fique inchada”. 

Por Júlia Sartori

Confira também

Supermercado Dia fechará suas lojas na região

Além de São José, grupo vai fechar unidades de Casa Branca, Mococa, São João, Tambaú …

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *