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Dr. Antônio Teixeira Filho durante a entrevista gravada no dia 19

Dr. Teixeira, uma relação de 56 anos com a medicina

Formado no Rio de Janeiro, ele é clínico geral e ginecologista há mais de cinco décadas

No dia 18 de outubro foi comemorado o Dia do Médico. A data foi escolhida em referência ao Dia de São Lucas, o santo padroeiro da medicina. Em janeiro de 2018, segundo o estudo de Demografia Médica, o Brasil tinha 452.801 médicos, o que equivale a uma razão de 2,18 médicos por mil habitantes. Em 2010, quando foi elaborado o primeiro estudo de Demografia Médica, o número de médicos por habitante era menor (1,91 por grupo de mil). A rádio Difusora convidou o dr. Antônio Teixeira Filho, clínico geral e ginecologista querido e reconhecido em toda a cidade e região, que exerce a profissão há 56 anos, para contar sua história com a medicina.

A Gazeta do Rio Pardo reproduziu alguns trechos da entrevista, que foi ao ar pelo Facebook e pela 107,3 na segunda-feira, dia 19 de outubro, às 12h00.

Formação

“Eu fiz o colégio em São José do Rio Pardo, vim de Divinolândia para estudar na escola Euclides da Cunha, morava em uma pensão. Eu tinha uma certa tendência em fazer medicina, tinha um médico que eu admirava muito em Divinolândia, o Dr.Jacó, ele era extraordinário. Quando eu estava no terceiro colégio, conversei com um pessoal daqui de São José do Rio Pardo, que fazia medicina no Rio de Janeiro, trocamos bastante ideias, eles estavam todos fazendo medicina e aquilo me encantou. Decidi ir para o Rio de Janeiro fazer o curso, na época as grandes escolas estavam nas capitais. São Paulo tinha duas, e o Rio de Janeiro três. Então decidi ir para o Rio. A medicina me encantou de tal forma que estou até hoje”, contou.

“Me formei em 1964 na Faculdade Nacional de Medicina do Rio de Janeiro. Naquele tempo era Universidade do Brasil. Havia duas ou três escolas dessa universidade. Minha dedicação e vontade era entrar exatamente na Faculdade Nacional de Medicina, e felizmente consegui. Lá estudei durante seis anos. Minha namorada era de Divinolândia, nos casamos e moramos um bom tempo no Rio de Janeiro, eu tinha meu trabalho e ela o dela. Depois de formado fiquei no Rio por mais três anos, tive contato com a especialidade de ginecologia lá. Tive minha primeira filha lá. Depois retornamos para São José do Rio Pardo”, relatou o médico.

“Quando cheguei em São José fazia tudo, muita cirurgia geral, até que um dia decidi focar na ginecologia. Fui para São Paulo, para a Escola Paulista de Medicina, tive contato com uma assistência obstétrica mais elevada. Depois de uns anos cheguei à conclusão que eu deveria me mudar de lá. Voltei para São José para fazer atendimentos e estou aqui até hoje”, completou.

Medicina e sociedade

“Eu não acho que o médico deva ser o mais respeitado, mas o mais considerado. A sociedade depende da medicina, e a medicina da sociedade. Nós vivemos em função das pessoas. Tentamos minimizar as doenças, lutamos contra a morte. Contribuímos para que as pessoas possam ter uma vida sadia, mais digna. Às vezes não conseguimos curar as pessoas, mas também temos a função de confortá-las. Os médicos se dedicam aos pacientes 24 horas por dia”, destacou.

Descobertas da medicina

Dr. Teixeira citou a anestesia, penicilina e as vacinas, como três das maiores descobertas da medicina. “Os maiores avanços foram coisas fundamentais, os antibióticos e as vacinas.”

De acordo com ele, a medicina teve um avanço extraordinário. “Ou acompanhamos os grandes avanços, ou ficamos para trás. Novos aparelhos para exames (ressonância magnética, tomografia, entre outros), métodos de intervenções cirúrgicas, tudo isso contribuiu para o avanço acontecer. Hoje em dia só com uma ressonância é possível saber se a criança ainda na barriga da mãe possui uma lesão cerebral. A tecnologia ajudou muito. Eu agradeço a Deus por ter acompanhado essas grandes mudanças”, afirmou.

“As vacinas já salvaram a humanidade, hoje estão todos em função de uma vacina. Eu fico abismado e horrorizado, quando vejo alguém ser contra vacinação”, disse.

Rotina

Dr. Teixeira revelou que antes da pandemia atendia de 10 a 20 pessoas por dia, no período da tarde. “Atualmente estou atendendo no período da manhã e estou operando uma vez por semana. Muitos pacientes vem até o consultório tirar dúvidas, conversar, trocar ideias, eles começam a enxergar com outros olhos depois de tanto tempo sendo atendidos, o que é muito bacana”, completou.

Casos complexos

“Casos difíceis, para mim todos são. Eu costumo dizer que para fazer uma cirurgia, ela precisa ser feita como se fosse a primeira de todas. Obviamente alguns casos são mais complexos, alguns emocionam mais. A obstetrícia é uma profissão inesperada. Não temos variáveis, temos uma esposa, que é a mulher, a criança na barriga dela, e o útero, que é um órgão muito inesperado. Tem partos muito difíceis e arriscados”, contou.

“Mais cedo ou mais tarde um médico sempre perde um paciente. Quando você está tratando alguém tem que esgotar todos os meios possíveis. Temos que ter também a consciência do limite, saber até onde chega nosso limite. Muitas vezes o paciente precisa de uma cirurgia ou um tratamento especializado, e procuramos sempre encaminhar a pessoa para alguém que possa dar uma melhor assistência”, comentou.

“Mesmo disponibilizando tudo o que for possível ao paciente, nem sempre resulta em sucesso. Quando você não tem sucesso, sofre muito. Você sente aquilo como uma perda importante. O ser humano não gosta de perder nada, nós não nascemos para perder. Isso cria em nós a síndrome da perda, demoramos um pouco para conseguir vencer essa situação. Fazemos um mecanismo psicológico chamado racionalização, em que refletimos e entendemos que fizemos tudo o que estava em nosso alcance, isso dá um certo conforto, mas não dá uma tranquilidade absoluta”, explicou.

Ciência e religião

Dr. Teixeira disse que não separa a ciência da religião. “No meu caso, as duas se complementam. Sou um crente praticante. Isso me conforta bastante e me ajuda a confortar meus pacientes. Eu não tenho a menor dúvida que a fé remove montanhas e que ajuda as pessoas, a recuperação dos pacientes”, declarou.

Trabalho na Santa Casa

“Tenho prazer de pertencer ao corpo clínico da Santa Casa de São José do Rio Pardo. Todos sempre trabalharam para fazer um hospital de qualidade. Os enfermeiros, funcionários, médicos, diretores, a administração, trouxeram ao hospital duas coisas: primeiro um bom atendimento aos necessitados, segundo, um bom atendimento aqueles que necessitam, o que são duas coisas diferentes. O hospital tem oferecido aos médicos uma infraestrutura bastante interessante, tem dado o melhor atendimento possível àqueles que necessitam em todos os sentidos. Hoje temos inúmeros médicos de várias especialidades que trabalham dentro do hospital. Isso gerou na região uma grande confiança. Queria prestar uma homenagem a todos os nossos médicos, do passado, presente e futuro que estão trabalhando, a eles, e aos enfermeiros, e a todos os outros funcionários que sempre colaboraram com a gente”, encerrou.

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