sexta-feira , 3 maio 2024
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Marcelo Galotti, infectologista

Covid 19: Casos positivos triplicam e número de óbitos dobra

Juliana Flausino, secretária de saúde, e Marcelo Galotti, médico infectologista, analisam o crescimento na cidade

O número de casos positivos triplicou do dia 26 de maio, até 5 de junho em São José do Rio Pardo. No boletim epidemiológico do dia 26, haviam sido registrados 17 casos confirmados da doença. Já no dia 5, o número subiu para 50 casos. No dia 26 havia um óbito positivo, enquanto na sexta-feira, dia 5 de junho, as mortes duplicaram, totalizando quatro confirmações e outras duas suspeitas. No boletim do dia 26, 78 pessoas estavam sob monitoramento; em 5 de junho, o número subiu para 132.

Para falar sobre isso, a secretária municipal de saúde Juliana Flausino e o médico infectologista Marcelo Galotti participaram mais uma vez do ‘Jornal do Meio Dia’, da rádio Difusora FM, esta semana. Eles falaram sobre o aumento repentino dos positivos de Covid-19 em cidadãos rio-pardenses, durante a última semana.   

Frio e acúmulo de pessoas

“A expectativa era de que os casos começassem a aumentar. A nossa precaução com relação a doença começou um pouco antes, na minha opinião, no momento certo. Convivemos um tempo com todas as precauções e com a elevação de casos bastante discreta. Era de se esperar que esse aumento acontecesse. O fator inverno tem muita importância, principalmente em casos virais. As doenças respiratórias são típicas de inverno e o coronavírus é uma doença fundamentalmente respiratória. A principal razão do aumento dos casos de doenças respiratórias no frio é o acumulo de pessoas”, explicou Marcelo.

“O coronavírus adora duas coisas. Uma é que não acreditem nele, que bobeiem. A outra é a aglomeração. Tanto é que em favelas, cortiços, a incidência de casos é muito maior, porque as pessoas ficam aglomeradas e o inverno favorece isso”, completou.

Notificações

Segundo Juliana, a Vigilância Epidemiológica possuí um sistema, onde todos os casos que passam pelo município, imediatamente são notificados, independente da cidade em que reside a pessoa.

“Quando passa um suspeito de Itobi aqui no município, por exemplo, é feita uma notificação que é passada para a Vigilância Epidemiológica de Itobi. Estão todos ligados e todos atentos. Se passa um paciente por algum convênio, imediatamente o convênio também notifica a Vigilância Epidemiológica. Todos os números são registrados no boletim, seja do SUS ou de algum convênio”, explica.

Prevenção barata

“Essa doença é de alta transmissibilidade, sai pela boca e entra pela boca. Ou ela sai de uma boca e vai para outra, ou vai para uma superfície de uma mesa, por exemplo, onde você se contamina.  Não tem prevenção mais barata no mundo do que para essa doença. Tem que usar máscara sem discutir, e lavar a mão o maior número de vezes possível. Na impossibilidade de lavar as mãos, deve-se usar o álcool em gel. É isso o que temos recomendado desde o início. Agora que temos um aumento de casos, uma situação de inverno, é hora das pessoas levantarem com máscaras e irem dormir com máscaras. Aqui em São José do Rio Pardo estamos no início. Tínhamos pouquíssimos casos, e agora percebemos que estão aumentando”, relata Marcelo.

Testes rápidos

“É importante esclarecermos que abrimos a estratégia do uso de testes rápidos. Eles já nos dão os resultados que vão aumentar o número de positivos no dia. Não é o laboratorial, que tem aquele prazo necessário para nos retornarem com os resultados. Os números que aumentaram por dia podem ter sido em decorrência do uso do teste rápido. Como nós temos a previsão que cada pessoa pode contaminar três, a cada um caso podemos ter mais três positivos por trás”, declarou Juliana. 

Região

“Não é que o aumento está acontecendo em São José do Rio Pardo. O aumento está acontecendo em Aguaí, Vargem Grande do Sul, Mococa e São João. Na região toda. E é de se esperar. Em cidades de maior população, o aumento vai ser mais marcante do que em cidades com menor população. Vargem Grande do Sul vinha com um número inferior ao nosso, tem uma população menor e são igualmente cuidadosos. Mas aí teve um caso em um supermercado de lá, e o proprietário bancou o teste rápido em todos os funcionários. Só ali apareceram oito casos, por isso deu uma subida”, contou o infectologista.

População infectada

 “O vírus irá acometer praticamente todas as pessoas até o fim da epidemia. Nossa luta é que, se liberar totalmente as festas, ou tudo o que gere aglomeração, todos os casos que vão acontecer em São José aconteceriam em 14 dias. O hospital não suportaria tudo isso. Isso que estão falando, que mais de 80% da população será infectada, é uma verdade. Mas aí temos que fazer duas coisas. Com as medidas de isolamento, diminuímos a incidência de casos, portanto fazemos com que os hospitais e médicos consigam diminuir a mortalidade. A segunda coisa, os que mais morrem são os idosos, se colocarmos tudo isso de uma vez, a mortalidade vira brutal”, continua.

“A epidemia vai acometer quem tiver que ser acometido, isso não é segredo para ninguém, desde o começo estão falando. Nossa grande briga é que venha lentamente, para conseguirmos salvar vidas”, informa Marcelo.

Reabertura do comércio

“Nós estamos sendo monitorados pelo estado, que dividiu as regiões, e a cada 14 dias elas serão avaliadas e reconceituadas nesse índice de risco. Não é porque o comércio está aberto que devemos entender como lazer. Ele está aberto para a retomada da economia, e muito prudentemente nós já tínhamos conversado com os comerciantes há mais de um mês, fizemos protocolos, já estávamos trabalhando com eles as orientações para que isso viesse da forma mais segura possível, no momento. Se ocorrerem excessos, as orientações não forem seguidas, começar a afrouxar o uso de máscaras, as recomendações de higienização, o comércio ficar de uma forma descontrolada, podemos sim, em decorrência do aumento do número de casos e gravidade desses, ter uma avaliação piorada, e ter que dar um passo para trás”, explicou Juliana.

Classificação de risco

“A classificação de risco se dá em cima da capacidade de atendimento. Passando esse monitoramento de 14 dias, se nós mantermos os números aceitáveis, não que não tenha aumento do número de casos, mas temos que buscar a não gravidade desses. Se conseguirmos demonstrar a nível de região, porque São José não caminha sozinha, vai caminhar em decorrência da região. Se tivermos capacidade de atendimento desses doentes, vamos ser reclassificados”, prossegue.

“Tivemos um aumento do número de casos, mas que classificamos como leves. Isso acaba dando um controle da situação. Podemos ser avaliados de forma positiva”, completou a secretária.

Óbitos

“Os óbitos, estamos dentro do esperado para o estado de São Paulo. Temos uma letalidade de 9%, se formos considerar nossos casos positivos, estamos dentro do número esperado. Não é algo que queremos que aconteça, mas observando o perfil, conseguimos identificar que eram idosos, todos tinham comorbidades, o que acabou agravando a situação. Não podemos falar que morreram por causa do Covid, a situação foi agravada por conta da doença”, contou Juliana.

Transporte público  

Durante a entrevista, um ouvinte questionou o fato de alguns ônibus da Tuga (circular) estarem lotados mesmo em época de pandemia. “Já recebemos uma solicitação, a nível de comitê, para uma discussão com o pessoal do transporte público, para revermos. Havia a possibilidade de restringirmos o horário de funcionamento do comércio, mas optamos por não fazer isso, para ter uma possibilidade de horário de circulação maior, para as pessoas não se aglomerarem. Estamos em negociação com a empresa de transporte”, informou Juliana, sem entrar em mais detalhes.

Receio de buscar atendimento

“Algumas pessoas estão com receio de procurar a unidade de saúde, e já tivemos indicativos que muitos estão deixando para procurar atendimento quando a situação já está agravada. Se a pessoa apresentar algum sintoma, é só ligar na unidade, tirar uma orientação com um profissional da saúde para termos conhecimento do caso e ver a melhor forma de tratá-lo”, disse ela.

Estrutura

“Temos sete respiradores na UTI. Desses sete, um é específico para coronavírus. Temos outros de suporte e no momento estão sendo o suficiente. A Santa Casa irá comprar mais dois respiradores e temos a expectativa de receber pelo estado também. Em decorrência da nossa região, pactuamos que aqui, na região de Rio Pardo, será prioridade quando o estado enviar os respiradores para a DRS ( Diretoria Regional de Saúde). A expectativa é que ampliaremos para dez leitos de UTI. Lembrando que os pacientes com coronavírus ficam em um espaço específico da Santa Casa, isolados dos outros pacientes”, informou.

Fim da pandemia

“Sabemos que a pandemia vai terminar em três possíveis condições. Uma é aquela que, quando todos os suscetíveis forem acometidos, o que chamamos de efeito rebanho. Se 80% pegar a doença, os 20% estão salvos porque não tem quem transmite, os outros estarão vacinados. A outra condição é o aparecimento de uma vacina. A terceira possibilidade, é que este coronavírus se tornou maldito, em função de mutação. Pode até acontecer que ele tenha uma mutação e que se torne benigno, e que ele enfraqueça por isso. Essas são as três formas de resolver a epidemia”, contou Marcelo.

“O tempo que o acometimento geral pode acontecer, achamos que é coisa para mais de anos. A vacina, tem mais de 100 comunidades científicas de primeira linha buscando. Tem algumas que estão em teste em fase adiantada. Acredita-se que, com muita sorte, no início de 2021 ela já possa estar acontecendo”, encerrou o médico.

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