“Prejudicou demais o setor econômico, as atividades, os empregos, vamos ter uma diferença social muito grande”
O deputado federal Samuel Moreira (PSDB), ex-presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo e que já esteve em São José do Rio Pardo em encontro com lideranças políticas e entidades locais, voltou a conceder uma entrevista à rádio Difusora. Ele falou sobre os efeitos da pandemia na economia brasileira, explicou sobre os critérios de flexibilização, e anunciou uma verba de R$1 milhão que será destinada a saúde de São José do Rio Pardo.
Flexibilização e economia
“A flexibilização é um olhar para a questão econômica que está muito reprimida, por outro lado, os critérios que estão sendo adotados, levam em consideração a questão da evolução do vírus. É importante ter critérios, porque é um vírus desconhecido, não tem vacina, é preocupante, o Brasil é epicentro dessa doença, terceiro país com maior número de casos, o crescimento dos óbitos é muito assustador, é o maior crescimento de óbitos do mundo. Essa doença continua crescendo, a curva ainda é alta aqui, infelizmente”, relatou.
“Por outro lado estamos a mais de 80 dias em isolamento social. Isso prejudicou demais o setor econômico, as atividades, os empregos, vamos ter uma diferença social muito grande, impactos muito fortes. Não tem o que fazer a não ser ir retomando gradativamente com critérios, como ter disponibilidade de leitos hospitalares de UTI´s, porque os doentes graves precisam de UTI. Se a região tem possibilidade, vagas de UTI, ela tem uma condição mais adequada para reabrir o comércio gradativamente”, continuou.
“Outro fator é a velocidade da disseminação do vírus. Quando você conjuga esses dois fatores, velocidade do aumento da doença na região e disponibilidade de leitos de UTI, você classifica a faixa. Por isso a região de São João da Boa Vista, onde fica São José, está na fase laranja. Outras estão no vermelho, e outras no amarelo. Isso precisa ser acompanhado diariamente. Vai ser feito um levantamento todos os dias para verificar as condições de cada região, aí elas poderão mudar de faixa. Inclusive, algumas que possam estar com uma condição satisfatória, podem retroceder se a disseminação do vírus for muito alta. São parâmetros bem formulados”, analisou.
Setores mais afetados
“É muito importante cada um ajudar, tomando todas as precauções necessárias, fazendo a higienização, usando máscaras, respeitando as medidas. Temos que ajudar, tomar cuidado para que o vírus não se dissemine mais. Os setores mais afetados foram turismo, empresas de ônibus, transporte coletivo de ônibus, hotelaria, aviação, bares, restaurantes, o comércio como um todo. A indústria automobilística teve uma queda violenta”, disse Samuel.
“Os setores que não caíram e que estão com atividades relativamente forte, é o agronegócio, alimentos, supermercados e farmácias. De resto, todos os setores estão com dificuldades. 20% dos shoppings não vão reabrir quando as atividades retomarem, eles já não vinham tão bem, e agora com essa dificuldade toda, os proprietários preferem não reabrir. Isso é muito doido para todos nós, ficar sem emprego, com dificuldades”.
Prorrogação do auxílio
O ministro da Economia, Paulo Guedes, confirmou na manhã desta terça-feira, dia 9, que o governo vai prorrogar por dois meses o pagamento do auxílio emergencial. Porém, ainda não ficou claro se o valor do auxílio será mantido ou se haverá uma redução.
“Discutimos na Câmara sobre a prorrogação do auxílio emergencial, que é muito importante para essas pessoas que estão passando por sufoco, sem emprego, sem receber”.
“Não dá para prever quando vamos ter a volta total da atividade econômica. Esperamos que no fim de julho possamos ter uma situação diferente, mas o fato é que os indicadores ainda estão em uma curva ascendente. Há uma ideia de se criar uma renda mínima para as pessoas. Essa ideia sempre esteve no ar. O problema é que esse projeto de R$600,00 custa para o governo R$43 bilhões por mês. O Bolsa Família por ano, é R$35 bilhões. Não é fácil nesses patamares, nesses valores, transformar em um projeto de renda mínima. A dívida do Brasil está aumentando demais com essa pandemia. Autorizamos o Brasil a contrair dívidas, mas não pode quebrar. Começaremos a discutir valores, prazos, prorrogação a partir dessa semana. Nossa concentração na Câmara está sendo na questão econômica”, conta.
Veto
O presidente Jair Bolsonaro sancionou o projeto de lei de conversão à Medida Provisória 909/19, aprovado em maio pela Câmara dos Deputados, que extingue o Fundo de Reserva Monetária do Banco Central, um fundo criado em 1966 com receita de impostos que estava sem finalidade pública. Bolsonaro vetou o trecho, incluído por meio de emenda parlamentar, que destinava os recursos do fundo, cerca de R$ 9 bilhões, para o financiamento de ações de combate ao novo coronavírus nos estados e municípios. Originalmente, a MP destinava todo o patrimônio do fundo para o pagamento da dívida pública federal. Com o veto presidencial, os recursos ficaram sem destinação.
“O presidente prefere pagar a dívida, e nós, deputados, achávamos que isso era mais importante ir para os governos do estado e dos municípios. Até havia um acordo com o governo, foi uma surpresa esse veto. O que ocorre é que provavelmente, possa ser derrubado esse veto do presidente. Agora é esperar passar pela Câmara e ser apreciado pelos deputados. A princípio a ideia era destinar isso ao combate contra o coronavírus”, explicou Samuel.
Cenário Político
“Infelizmente estamos tendo que discutir política, que na verdade teríamos que estar discutindo sobre o coronavírus, sobre medidas importantes, uma agenda concentrada nisso e os impactos na economia. O Brasil não precisava estar passando por uma crise política. No fundo toda essa crise política está causando manifestação nas ruas, com aglomerações, pró democracia ou contra a democracia, não deveríamos estar discutindo isso agora. Mas quem coloca isso na pauta, é o próprio governo quando estimula esses atos contra o congresso, contra o STF. Alguns manifestantes contra a própria constituição pedindo pela volta do AI5”, comentou.
Emendas
“Nos próximos dias já devemos levar algumas das emendas para a região. Tivemos uma demanda gerada na gestão de Silvio Torres, para que nós direcionássemos recursos de emendas para a região. Destinamos R$1 milhão para a saúde de São José do Rio Pardo, que deve ser cadastrado nos próximos dias. Esse dinheiro é para ser utilizado nesse momento que a saúde tanto precisa. Já ajudamos Vargem Grande do Sul, liberando R$500 mil, e para São João da Boa Vista, R$700 mil”, encerrou.