Patrimônio Histórico Nacional, a ponte é também o monumento símbolo da cidade
Trazida da Alemanha em 1886, instalada para ser a via de acesso entre as fazendas de café e a estação ferroviária, no próximo dia 18 de maio a Ponte Metálica de São José do Rio Pardo completa 120 anos desde sua reconstrução, pelo engenheiro e escritor Euclides da Cunha.
A inauguração original é datada de dezembro de 1897, mas conforme os registros históricos, na madrugada de 23 de janeiro de 1898, 50 dias após ter sido inaugurada, ocorreu o desabamento, atribuído a problemas estruturais, por conta de problemas de engenharia no solo onde foi assentada inicialmente. Foi a sua reconstrução que trouxe à cidade, anos depois, o engenheiro de obras públicas do Estado, Euclides da Cunha.
Em meio à pandemia, a celebração dos 120 anos será modesta, sem banda, sem festa, sem fogos. Haverá um ato simbólico, com o lançamento de um vídeo a ser publicado pela Casa Euclidiana, em redes sociais.
De sua inauguração até hoje, a ponte passou por diferentes reformas em 1944, 1953, 1957, 1970, 1985 e 2014.
Ferros retorcidos
No artigo “Euclides da Cunha: um construtor de pontes” (2003), a professora e pesquisadora, Léa Costa Santana Dias, destacou, citando outras fontes, as dificuldades para refazer a obra: “Euclides utilizou-se dos ferros retorcidos e pôs-se a destorcer os pontos de sustentação da estrutura que desabara, visando a “repô-la de maneira que se assemelhasse, com um máximo de precisão, à ponte original. Apesar de todos os esforços do autor, sua consciência dizia que a ponte já não poderia ser a mesma”.
Finalizados os serviços de recuperação dos ferros retorcidos e concluída a reconstrução, havia necessidade de testar a obra pronta, para poder reinaugura-la. Sem muitos recursos à época, a prova se deu com os meios possíveis: “aos lados foram empilhados pesadas barras de ferro, pedras, sacos de areia, pilhas de sacas de café, enquanto pelo centro passavam e repassavam muitas carroças, carros de boi, carroções todos superlotados, como também outros veículos em disparada…”
Trânsito da gentileza
As ações pela preservação da ponte metálica sempre mereceram atenção da comunidade, havendo especial zelo para minimizar o fluxo de trânsito sobre o monumento.
Assim, após a reforma de 1985, por iniciativa do então vereador, Antonio Fernando Torres, estabeleceu-se a lei que resultou na instalação das calçadas laterais, fazendo com que apenas o leito seja utilizado para o trânsito de veículos, obrigando a um comportamento de gentileza e civilidade um tanto quanto particular aos rio-pardenses, o da espera pela travessia que, por si, há anos, regula o trânsito de veículos sobre a ponte de um lado a outro.