quinta-feira , 2 maio 2024
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Dirceu Chiconello conta a história da Difusora

Os 100 anos do rádio: E nós fazemos parte dessa festa

Inaugurada em 1944, a ZYD-6, atual Rádio Difusora, foi uma das primeiras emissoras da região de Campinas

Segundo dados da Secretaria de Radiodifusão do Ministério das Comunicações (MCom), entre as 5.570 cidades brasileiras há 10.176 emissoras de rádio, das quais 4.746 são comunitárias ― ou seja, rádios em frequência modulada (FM), de baixa potência (25 Watts) e cobertura restrita a um raio de 1 quilômetro a partir da antena transmissora, segundo a legislação brasileira. Outras 4.129 são FMs e 1.115 são AM, além das ondas curtas e tropicais (essa classificação mudou e, por conta disso, todas elas foram transformadas em FM).

Por meio destas milhares de emissoras, informação, prestação de serviços e entretenimento chegam, também, aos milhares de brasileiros de maneira rápida. E não por menos, considera-se que contribuem diretamente para a promoção da cidadania e o fortalecimento da democracia.

A comunicação feita pelas emissoras é acolhida nos lares, nos carros e nos locais de trabalho. Com os smartphones, o rádio tornou-se ainda mais portátil, levando a programação predileta no bolso para ouvir em qualquer hora ou lugar.

O rádio nasceu no Brasil, oficialmente, em 7 de setembro de 1922, nas comemorações do centenário da Independência do país, com a transmissão, à distância e sem fios, da fala do presidente Epitácio Pessoa na inauguração da radiotelefonia brasileira. Roquette Pinto, um médico que pesquisava a radioeletricidade para fins fisiológicos, acompanhava tudo e, entusiasmado com as transmissões, convenceu a Academia Brasileira de Ciências a patrocinar a criação da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, que viria a ser a PRA-2. Mas a rádio só começou a operar, no entanto, em 30 de abril de 1923.

A partir da Rádio Sociedade outras emissoras foram nascendo, quase sempre batizadas como Club ou Sociedade em seu nome: Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, Rádio Club de Pernambuco (esta aliás, teria iniciado suas transmissões em 1919, mas de forma precária e experimental, sem muita repercussão). Em São Paulo, jovens engenheiros começaram com a Rádio Educadora Paulista. Na Bahia, Rádio Sociedade; os cearenses, Ceará Rádio Club. No Rio de Janeiro surgiu a Rádio Clube do Brasil – a primeira a requerer e ser autorizada pelo Ministério da Viação e Obras Públicas, via Correios e Telégrafos, a veicular anúncios.

De 1923 a 1924, já eram muitas as emissoras em operação, de norte a sul do país: Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Paraná. Aqui no Estado de São Paulo, a primeira emissora do interior foi a Rádio Clube Ribeirão Preto.

Um magnata da época: Alfredo Mayrink Veiga, tinha grande interesse de que a radiodifusão desse certo. Dono de um dos maiores estabelecimentos de importação e exportação do país, a novidade e o interesse da população em aderir à moda o ajudaria a comercializar aparelhos de rádio – importados e caríssimos, disponíveis apenas a umas poucas famílias financeiramente abastadas (mais tarde, em 1926, ele fundou sua própria emissora).

À época, pessoas que não tinham rádio iam para a casa dos vizinhos ou para as praças que tinham alto-falantes.

Em pouco tempo o rádio se transformaria no veículo mais importante para integrar as regiões e massificar a informação no Brasil, afinal de contas, com 65% da população analfabeta à época, o consumo de jornais era um tanto restrito, dando oportunidade ao surgimento do radiojornalismo – nada mais era do que a leitura de jornais e revistas do dia.

Já na década de 1930, os aparelhos começaram a se popularizar. Em 1932, Getúlio Vargas sancionou uma lei que autorizava a transmissão de propaganda pelas emissoras: foi o incentivo que faltava. Empresas começaram a investir e os aparelhos de rádio ficaram mais baratos. Nas emissoras, a música popular e os programas de entretenimento ganharam espaço.

Quando a televisão chegou ao Brasil, em 1950, houve quem profetizasse que o rádio perderia força e ficaria apenas como lembrança do passado. Muitas atrações das emissoras foram transportadas para a TV e mesmo assim o rádio seguiu adiante, adaptou-se e, ainda hoje, está presente na vida das pessoas.

Nossa Difusora

Em 1940 começaram as tratativas para a instalação da Rádio Difusora de São José do Rio Pardo, o que se efetivou pelas mãos de Leopoldino Benedito Bueno, “o Sr. Dino”, em 1943. As instalações e testes prosseguiram. Em 12 de maio de 1944, o Ministério da Viação e Obras Públicas concedeu a licença, para o funcionamento da ZYD-6, das 9 às 13h e das 17h às 22 horas, a partir de 1º de maio de 1944.

Quem conta muito da história da Difusora é Dirceu Chiconello. No auge de seus 82 anos de idade, funcionário aposentado, é considerado a “voz padrão” da emissora.

Num tempo em que o principal entretenimento da cidade era a rádio, Dirceu frequentou os “programas de auditório” promovidos pela então ZYD-6, no prédio que hoje é sede do Centro Cultural Ítalo-Brasileiro. Na época funcionário das Casas Pernambucanas – que funcionava na parte inferior anexa ao estúdio, um dia se propôs a participar do programa, para ler as propagandas, em substituição ao locutor que havia faltado.

São muitas as lembranças, todas elas contadas com muito entusiasmo.

“No final, depois que todos estavam saindo, os donos da rádio me chamaram no pé da escada e disseram: gostamos da sua voz, queremos que você venha trabalhar na rádio”, relembra Dirceu, recordando ainda os proprietários da época> Dionysio Guedes Barretto e Carmen Sylvia Barretto Ferreira da Silva.

São muitas as lembranças, todas elas contadas com muito entusiasmo. Dos momentos de tensão, das gafes e das muitas alegrias vivenciados nos estúdios desde a ZYD-6 até a Difusora FM, uma rádio que também segue o papel de integrar a comunidade, nos 100 anos do rádio no Brasil.

A invenção

O envolvimento dos brasileiros com a radiodifusão é tão forte, que pesquisadores apontam um padre gaúcho como um dos pioneiros na invenção do rádio. Conforme noticiado em 10 de junho de 1900, no “Jornal do Comércio”, do Rio de Janeiro, em 1893 se deu uma experiência, pela qual um padre gaúcho, de nome Roberto Landell de Moura, com vários aparelhos de sua invenção, a partir do Alto de Santana, em São Paulo, fizera importantes descobertas sobre a propagação do som, da luz e da eletricidade, através do espaço, da terra e dos mares. Seria, portanto, o primeiro a realizar uma transmissão de sinais via rádio. Seis anos depois, ele teria feito a primeira transmissão da voz humana. Mas o feito é contestado. O padre Landell de Moura não documentou seus feitos, não os registrou e por conta disso, não foi considerado “o inventor do rádio”.

Documentado mesmo consta que um físico italiano, de nome Guglielmo Marconi, em 1896 montou o primeiro sistema prático de telegrafia sem fios (TSF), com equipamentos patenteados pelo norte-americano Nikola Tesla. Em 1898, durante exposição em Londres, ele então patenteou o seu telégrafo sem fio, e mais tarde, a radiodifusão. Tornou-se pai da radiodifusão mundial.

Quanto a Landell de Moura, faleceu em setembro de 1928, em Porto Alegre, aos 67 anos de idade, frustrado, doente, anônimo.

Fontes: Abert, JOSÉ DE ALMEIDA CASTRO, FGV

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