Maior fatia das exportações da produção de limão era para Ucrânia e Rússia
As bombas lançadas pela Rússia contra a Ucrânia fazem estragos também em São José do Rio Pardo, apesar dos milhares de quilômetros que separam o Brasil do conflito armado, iniciado pelo país de Vladmir Putin, no final de fevereiro. Enquanto por lá os bombardeios afetam prédios e pessoas diariamente, ali no Sítio Novo, empregos podem ser atingidos.
A empresa Bella Sicilia, que há vários anos se dedica à comercialização de limão está em sinal de alerta. Neste mês de março, iniciaria o envio diário de um contêiner do produto para o seu principal consumidor internacional, justamente a Ucrânia. Mas a ofensiva militar da Rússia suspendeu os negócios.
Na Fazenda Santa Maria do Rio Pardo, a equipe de beneficiamento do limão já havia sido reforçada, para conseguir atender a demanda. Mas os planos, neste momento, entraram em compasso de espera.
A busca já é por ampliar o mercado consumidor, para outras regiões do mundo. O Canadá também compra o produto rio-pardense, em escala menor. E a expansão das vendas poderá manter ativas as dezenas de mulheres que atuam na preparação de milhares de caixas de limão, que enchem as câmaras frias diariamente e dali saem para a exportação.
Por enquanto, e não se sabe quanto tempo, garantido mesmo está o emprego dos quase 100 funcionários da colheita. Com guerra ou sem, o produto precisa ser colhido.
Boa parte do que não vende para o exterior, tem mercado aqui mesmo no Brasil, no Ceasa, em São Paulo. Mas o comércio internacional ajuda, grandemente, na rentabilidade da empresa e, consequentemente, na geração de empregos.
Nesta semana, a reportagem visitou a empresa. Conforme apurado, a preocupação na Bella Sicilia já vai além da guerra. A Ucrânia está destruída. Pode demorar meses para se recuperar e restabelecer os contratos internacionais.
Além disso, a possibilidade de entrar para a União Europeia pode resultar no encerramento do mercado para a empresa rio-pardense. É que os protocolos sanitários atuais da Ucrânia são mais flexíveis. Já as exigências da União Europeia são diferentes, muito mais restritivos.
Por conta de doenças típicas da cultura do limão, a Europa não compra limão brasileiro, o que se aplica a todos os países do bloco unido. A principal restrição é contra a chamada Pinta Preta ou Mancha Preta dos Citros. Assim, caso o país ucraniano venha a integrar o grupo político e econômico, as operações de exportação deverão ser atualizadas, em conformidade com as regras atualmente adotadas. (G.I.)