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Em 2 anos, Covid já produziu 11 variantes

O Brasil já tem mais de 35,3 milhões de casos de coronavírus notificados e 690 mil mortes causadas pela doença. Há uma média móvel de 25 mil casos, o que representa um aumento de 185%. Em relação à média móvel de mortes, o número fica em 71, com aumento de 155%.

Analisando os estados brasileiros, 12 deles registraram alta nos casos de Covid-19. Há duas semanas, apenas dois estados estavam com as notificações de novos casos em alta. A informação prova que o país está entrando em uma nova onda da pandemia. O infectologista Marcelo Galotti concedeu uma entrevista nessa sexta-feira (2) para a Rádio Difusora, e mencionou o estado da Covid no país.

“Há três razões para isso estar acontecendo: uma delas foi a flexibilização.  As duas variantes que estão ocupando o predomínio da pandemia agora, que são a BA.5 e a BQ.1, são duas subvariantes com escape vacinal. Por terem esse escape vacinal, o cuidados básicos não farmacológicos, como uso de máscara e lavagem de mãos passam a ser muito importantes. Mas as pessoas liberaram totalmente e pararam com esses cuidados. O período eleitoral também foi muito complicado, com comício, carreatas, motociatas, protestos, votação. Tudo isso em uma situação em que nossas vacinas não estão indo bem, o que é o terceiro motivo. Esses três fatores fizeram com que a pandemia adquirisse novamente força”, relatou.

Vacinas

Marcelo explicou sobre o baixo índice de vacinados e a consequência dessa situação.

“Hoje temos com apenas uma dose, 85% da população do país vacinada. Com duas doses, estamos em 80%, já com as três, são 50%, o que é problemático. Essas duas novas variantes, têm um escape vacinal muito importante. Com base nisso, três doses passaram a ser o esquema básico, anteriormente eram duas. Se 50% das pessoas não estão vacinadas com a terceira dose, temos metade dos brasileiros vulneráveis”, afirmou.

O infectologista lembrou que crianças de 6 meses a 5 anos somam 11 milhões de pessoas. Para alcançarmos o verdadeiro efeito rebanho, o número de vacinados precisa crescer.  

“Recentemente foram compradas 1 milhão de doses de vacina para crianças dessa faixa etária. Como são necessárias três doses, isso resolve apenas o problema de 300 mil brasileirinhos. Mas temos 11 milhões, isso não é o suficiente”, observou.

 SIM-P

Marcelo destacou que apenas no Brasil, já são 2.400 casos de Síndrome Infecciosa Multissistêmica Pediátrica (SIM-P), doença gravíssima que afeta crianças. “Elas tiveram essa Síndrome por terem sido infectadas pela Covid. Este ano, passamos a ter 5% da UTI dos hospitais atendendo crianças. O fato de terem postergado a vacinação infantil causou esse problema”.

A SIM-P é uma condição inflamatória rara, com amplo espectro de sinais e sintomas, que afeta os vasos sanguíneos (veias e artérias) de crianças e adolescentes, e preocupa autoridades médicas.

População desconfiada

Muitas pessoas que já tomaram as três doses da vacina contra a Covid-19, estão se recusando a tomar a quarta, pois questionam a eficácia da vacina diante da necessidade de “tantas doses”. Marcelo falou sobre o assunto.

“No escape vacinal dessas novas variantes, é muito importante que se tome a terceira dose. Não previne de pegar a doença, mas evita mortes e casos graves. As associações médicas e os cientistas, dizem que nós temos que zelar pelo individual, mas também pelo coletivo. Observando os números, 80% dos casos graves e mortos por Covid, não se vacinaram corretamente. As pessoas que agravam, são aquelas que tomaram apenas uma ou duas doses, ou que já tomaram a vacina há dois anos”, destacou.

O médico lembrou que existem outras vacinas que também exigem mais de uma dose, como a da hepatite e contra o tétano.

Novas vacinas

O infectologista explicou que para chegar na variante BQ.1 que enfrentamos atualmente, o vírus já passou por 11 variantes. “A mutação é muito grande. É natural que tenha que dobrar a dose da vacina, que tenha que diminuir o espaço entre elas. Tudo isso já foi feito, porque não é uma situação tranquila de endemia, é uma pandemia. Os cientistas precisam procurar uma saída no sentido de bloquear o vírus, e se não fosse pela vacina que temos, não estaríamos nessa situação tranquila que ainda estamos”, pontuou.

“Existem novas vacinas atualizadas. Uma é feita pela Moderna, que usa o Sars-Cov-2 antigo e incorpora em sua apresentação o BA.1 da Ômicron. A outra, produzida pela Pfizer usa o Sars-Cov-2  e incorpora o BA.4 e BA.5. A vacina da Moderna ainda não tem registro no Brasil. Mas a da Pfizer, já é aprovada nos EUA, e em mais 33 países. Nos EUA já tem mais de 13 milhões de indivíduos vacinados com a bivalente, e é distribuída gratuitamente pelo governo. Na Europa temos 33 países que já registraram a vacina e 15 já estão fornecendo. O problema do Brasil, é que eles começaram a negociar com a Pfizer em setembro. Mas as coisas estão tão complicadas que só conseguiram agora fazer a liberação emergencial da vacina no país. No entanto não foi informado quantas vacinas virão, e nem quando chegarão. O ministro da saúde acena que este mês ela já estará disponível”, encerrou.  

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