Clínica ‘Existir para a Vida’ recebe terapeuta
José Carlos, ex-usuário, veio de São Paulo para orientar 32 adictos internados em São José
A clínica Existir para a Vida, que atende em São José do Rio Pardo na rua Henry Nestlé, 2001, recebeu esta semana a visita do terapeuta José Carlos de Oliveira, que há 15 anos desenvolve trabalhos no Comitê de Aconselhamento sobre Drogas e Álcool do Sindicato dos Comerciários de São Paulo (CAADC-SP). Ele veio gratuitamente de São Paulo para dar duas palestras aos 32 internos da clínica e contar sua experiência pessoal como ex-adicto (há mais de 30 anos).
Atuando há 33 anos como consultor, terapeuta e instrutor em capacitações voltadas à dependência química e há 11 anos como conselheiro municipal de Políticas Públicas de Drogas e Álcool de São Paulo (Comuda), órgão vinculado à Prefeitura de São Paulo, José Carlos falou à Gazeta do Rio Pardo com exclusividade, pouco antes de ministrar a primeira palestra.
Disse, inicialmente, que mostraria aos internos alguns detalhes que talvez eles desconheçam quando saírem da clínica à procura de uma nova oportunidade de trabalho. Um deles é que, atualmente, a maioria das grandes empresas está fazendo testes toxicológicos nos funcionários para garantir que seus produtos saiam com segurança e qualidade, entre as quais estão a Embraer e a Goodyear.
“Mas os testes revelam que menos de dez por cento dos funcionários têm problemas com tóxicos”, assegurou, admitindo, porém, que para as empresas isso já representa um problema. “Imagine um avião da Embraer dar problema porque um funcionário adicto fez algo errado!?”.
Mesmo assim, segundo ele, as empresas não podem demitir tais funcionários alegando que consomem drogas, exceto se, no momento em que foram admitidos, assinaram um termo específico em que asseguravam que não usavam aquilo. “Mesmo assim, segundo recomendação da própria ONU, o adicto tem que ir para o hospital ou para um atendimento especializado”, diz o terapeuta.
Pedido aos políticos
José Carlos lembra que, aos 33 anos de idade, quando abandonou definitivamente as drogas, teve muita dificuldade em conseguir emprego. “Demorei um ano porque os ex-usuários sofrem muito preconceito, mesmo estando há tempos na abstinência. É por isso que defendo que nossos políticos precisam olhar para isso com mais atenção, inclusive propondo isenção de ICM ou outro imposto para as empresas que admitirem ex-usuários de drogas. A dependência química é hoje o fator que mais destrói famílias no mundo e se não fizermos algo para ajudar essas pessoas na reinserção social, dando-lhes mais oportunidade, a situação só tenderá a piorar”.
Tendo hoje um filho de 27 anos e uma filha de 23, mas com experiência de, no passado, já ter estado até na Cracolândia, José Carlos garante que os usuários internados em qualquer clínica e que queiram mudar de vida, conseguirão somente se seguirem alguns princípios. “Primeiro, tem realmente que querer mudar e pedir ajuda, a Deus e aos amigos. Segundo, precisa saber que será curado pelos ouvidos, ou seja, por saber escutar e não faltar nas reuniões com especialistas ou dos que falam de Deus. Quando parei com as drogas, mesmo não conseguindo emprego eu não faltei a uma reunião sequer”.
José Carlos disse, por fim, ser a favor das internações compulsórias em clínicas porque, posteriormente, os internados acabam agradecendo aos que se preocuparam por eles e os obrigaram àquilo. “E, ademais, as melhores clínicas que conheço são aquelas que são administradas por ex-adictos. Esses, sim, sabem o que os usuários sentem e o que necessitam ouvir”, concluiu.
A entrevista dele ao jornal foi acompanhada por Marcelo Maldonado Esteves (terapeuta), Marisa Cruz da Silva (voluntária) e Marília Minussi Rozelli de Pietro (enfermeira). A clínica pertence a Brauli Mendes e Lázaro Mendes, ambos de Ribeirão Preto. Em São José ela tem profissionais de várias áreas e recebe evangélicos, católicos e espíritas para reuniões de apoio. O telefone da clínica para contato é (19) 3657-7101 e o e-mail de José Carlos é josecarlosorientador@gmail.com .
Marisa Cruz, Marcelo Maldonado, José Carlos e Marília de Pietro na clínica Existir para a Vida
Clínica segue trilogia da Febract
O tratamento nesta clínica está dentro de uma trilogia sugerida pela Febract (Federação Brasileira de Comunidades Terapêuticas) sendo ela (a trilogia): espiritualidade, laborterapia e conscientização (12 princípios do Amor-Exigente, 12 passos do A.A., N.A., T.R.E.). O tratamento é em regime de internato, e tem duração de 06 (seis) a 09 (nove) meses, recebendo acompanhamento de profissionais gabaritados e que buscam sempre aprimorar sua experiência em benefício da recuperação do residente.
Famílias podem ligar para o 132
O Ligue 132 é um serviço gratuito, anônimo e confidencial. O atendimento funciona 24 horas por dia e fornece orientações e informações sobre drogas por telefone, atendendo todas as regiões do Brasil. Além de orientar e informar sobre drogas, o serviço também presta aconselhamento aos familiares que possuem parentes em sofrimento em decorrência do uso ou do abuso de drogas, além de prestar assistência à saúde via telefone, fazer acompanhamento de casos e informar locais de tratamento conforme a conveniência da pessoa que procura o serviço.
Muito bom seus artigos parabens pelos conteudo