terça-feira , 30 abril 2024
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Rafael Sanches Humel, médico e diretor do Centro Regional de Nefrologia

Dia Mundial do Rim: Nefrologista fala sobre a saúde do órgão

Carambola é proibida para pessoas com insuficiência renal

Este ano, em 9 de março, comemorou-se o Dia Mundial do Rim, campanha destinada a conscientização sobre as doenças renais, e os cuidados com esse órgão fundamental para a vida. Idealizado pela Sociedade Internacional de Nefrologia (ISN), o Dia Mundial do Rim é comemorado na segunda quinta-feira do mês de março. A saúde do rim para todos, em qualquer lugar, propõe uma cobertura universal de saúde para a prevenção e o tratamento precoce da doença renal.

Segundo dados da Sociedade Brasileira de Nefrologia, a prevalência da doença renal crônica no mundo é de 7,2% para indivíduos acima de 30 anos e 28% a 46% em indivíduos acima de 64 anos. No Brasil, a estimativa é de que mais de dez milhões de pessoas tenham a doença. Desses, 90 mil estão em diálise (um processo de estímulo artificial da função dos rins, geralmente quando os órgãos tem 10% de funcionamento), número que cresceu mais de 100% nos últimos dez anos.

Nesta sexta-feira, o médico nefrologista Rafael Sanches Humel, diretor do Centro Regional de Nefrologia de São José do Rio Pardo, concedeu uma entrevista à rádio Difusora, e esclareceu algumas questões sobre a saúde renal, além de comentar sobre o trabalho realizado pelo CRN, que atende toda a região.

Quais as principais doenças que podem afetar os rins?

Rafael: Doenças como diabetes e hipertensão são as principais causas de insuficiência renal.

Quais serviços são oferecidos, e quantas pessoas estão em tratamento hoje em São José do Rio Pardo, que são atendidas pelo Centro Regional?

Rafael: Oferecemos serviços de hemodiálise aos pacientes, e diálise peritoneal, assim como consultas ambulatoriais. Em hemodiálise temos atualmente cerca de 130 pacientes. Infelizmente é um número que vem crescendo ao longo dos anos. Em diálise peritoneal, por enquanto não temos nenhum paciente, e além disso temos um acompanhamento ambulatorial com consultas diárias, para tentar prevenir ou evitar que os pacientes cheguem ao ponto de diálise. Atendemos a região toda, e atendemos tanto o SUS quanto o convênio. Os pacientes tem acompanhamento com psicóloga, assistente social, nutricionista, além dos técnicos de enfermagem que dão todo o suporte.

Quais as diferenças entre insuficiência renal aguda e crônica? Como elas afetam o organismo?

Rafael: O paciente com insuficiência renal crônica, geralmente é aquele que ao longo dos meses e anos, vem piorando progressivamente o funcionamento dos rins. Na maioria das vezes relacionado a hipertensão e diabetes. Têm outras doenças, mas as principais são essas.

Já o paciente com insuficiência renal aguda, é aquele que tem o funcionamento dos rins normal, e por algum motivo de infecção ou cirurgia, ou até um trauma, ele pode ser acometido por uma piora no funcionamento dos rins. Isso geralmente é um quadro reversível, a duração varia de paciente para paciente. Ele pode melhorar completamente, ou ficar com alguma sequela, diferente do crônico, que piora ao longo do tempo.

Quais os tipos de diálise e quais suas funções?

Rafael: A hemodiálise é feita através de uma máquina onde por um acesso na veia, ela puxa o sangue aos poucos, e vai filtrando, ela faz o papel dos nossos rins. Retira tudo aquilo que nosso rim não está conseguindo filtrar, e devolve o sangue filtrado para o corpo. Esse tratamento demora em torno de 3 horas e meia a 4 horas por sessão, e é feito em dias alternados. Segunda, quarta e sexta, ou terça, quinta e sábado.

A diálise peritoneal é feita através de um cateter que inserimos na barriga. Nesse cateter nós infundimos um soro próprio para isso, e nosso peritônio, faz o papel de filtrar o sangue. Tudo o que é filtrado fica depositado na barriga, e depois de um certo período o líquido é drenado e infundido para fazer um novo processo de filtração.

Essa diálise pode ser feita manualmente, por trocas pelo próprio paciente ao longo do dia, ou por uma máquina cicladora, que é colocada na casa do paciente, e o procedimento é feito toda noite. Esse aparelho é oferecido pelo Sus e pelo convênio.

O que devemos fazer para manter os rins saudáveis?

Rafael: Nas pessoas que não têm um fator de risco, seria levar um estilo de vida saudável, evitar o cigarro, que tem associação direta com lesão renal. Atividade física é sempre importante, manter uma alimentação saudável, evitar a obesidade, ter uma boa ingestão de líquidos, evitar medicamentos que possam afetar o rim, como anti-inflamatórios.

No paciente com risco, seria manter o máximo possível as doenças controladas. Controlar a pressão, diabetes, tentar perder peso se for obeso, manter o colesterol controlado, parar de fumar, caso fume. Tudo isso em conjunto protege os nossos rins.  

Quais alimentos devem ser evitados, que podem prejudicar o órgão, caso consumidos em excesso?

Rafael: Em pessoas saudáveis não há nada diretamente relacionado a piora do funcionamento dos rins. Em pessoas com alguma alteração do funcionamento, a única fruta proibida é a carambola, porque ela têm uma toxina que os pacientes com insuficiência renal não conseguem filtrar. A depender do estágio da insuficiência renal, nós ajustamos a ingestão de proteínas, diminuímos a quantidade que eles ingerem por dia com o intuito de proteger os rins. Além disso é importante reduzir a ingestão de sal.

Quando é necessário retirar um cálculo renal, e quando ele pode ser resolvido com medicação?

Rafael: Os cálculos são retirados geralmente quando estão acima de 10mm. Os cálculos de até 5 mm podem ser expelidos sem procedimento. Se for um cálculo menor e não estiver causando sintomas, ele não é abordado. Nos pacientes que têm um cálculo obstruindo, às vezes descendo no canal e causando dor, podem necessitar de uma intervenção pelo urologista. Dependendo de onde ele estiver e o tamanho, podemos utilizar uma medicação que ajuda a dilatar o canal, para facilitar a saída do cálculo.

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