Empresa diz que há um ano e meio enfrenta prejuízos, teve de demitir funcionários e pede revisão de tarifa
Com a tarifa de ônibus a R$ 3,50, a concessionária responsável pelo transporte coletivo urbano de São José do Rio Pardo diz que o número de passageiros caiu 70% se comparado aos períodos anteriores à pandemia.
“O preço do óleo diesel está na ordem de R$ 4,20, ou seja, uma tarifa de ônibus não custeia o litro de combustível”, diz Eduardo Vicente Nasser Neto, diretor da TUGA (Viação Guaxupé).
Ele lembra que o fim do transporte de alunos – serviço que era prestado pela empresa no município, até 2019 – e com a chegada da pandemia, no ano passado a TUGA dispensou cerca de 60 colaboradores. Com os 50 que restaram, tenta garantir a qualidade do serviço que vez ou outra recebe reclamações por parte dos usuários.
Muitas destas reclamações acabam parando na Câmara Municipal. Uma delas, a solicitação para que sejam instalados informativos dos horários das linhas está prestes a ser resolvida pela empresa, que corre atrás de atendimento ao pedido.
“É natural que haja, vez em quando, passageiro andando em pé no ônibus, mas isso não é constante”, disse, explicando que são situações ocasionais. “Inclusive um vereador foi acompanhar uma linha de ônibus e constatou que não havia essa situação de pessoas sendo transportadas em pé”.
Sem aumento no número de passageiros, Eduardo diz não haver possibilidade de ampliação de linhas ou da quantidade de ônibus, que são 8 atualmente. “É comum que alguns vereadores peçam ampliação de linhas, aumento do número de ônibus, mas nem sempre é possível. A gente amplia até onde pode mas há um limite”, disse.
Fluxo de usuários
A maior demanda pelo serviço, de acordo com o empresário, é no período da manhã, sobretudo para atendimento aos trabalhadores, e é neles, segundo Eduardo, que o serviço de transporte do município precisa focar.
“O município precisa fazer valer a lei que estabelece o uso do vale transporte para os trabalhadores. É algo que deve ser fomentado pelos Sindicatos pois, se não for assim, daqui um tempo haverá necessidade do poder público subsidiar o transporte em cidades como a nossa”, diz, observando que se nada for feito o valor da tarifa tende a ser inviável para os passageiros.
“Se o empregador pagar os 25 dias de vale transporte, isso vai significar que o trabalhador terá, ao fim do mês, uma economia de pelo menos R$103,00. Mas é preciso que os Sindicatos levem isso à discussão”.
De acordo com o empresário, como a maioria dos trabalhadores tem de pagar do próprio bolso pelo transporte, boa parte acaba viajando somente uma vez ao dia. “A pessoa usa um passe para vir trabalhar e, à tarde, no fim do expediente, volta a pé, sendo que poderia usar dois passes, se o seu direito estivesse sendo cumprido pelo empregador”.
Atualmente, segundo Eduardo Nasser, o recebimento diário de passes gira em torno de 800. Ele afirma que, cerca de 50% da demanda do transporte público do município é de gratuidade, ou seja, idosos ou portadores de necessidades especiais, que não pagam pelo uso do ônibus.
A redução no número de passageiros, os aumentos de combustíveis e insumos, conforme disse, têm feito a empresa amargar um prejuízo na ordem de R$ 130 mil ao mês. Como parte da proposta de reverter a situação, a empresa já encaminhou à Prefeitura planilha de custos para pedir revisão da tarifa mas ainda não houve definição sobre o assunto.