sexta-feira , 29 março 2024
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A rara arte de restaurar rádios antigos

Bilon é um dos poucos que fazem isto, além de ser o técnico de televisão da Prefeitura

Bilon em sua oficina, instalada desde a década de 1980 na casa de seu pai

Aprendiz de eletrônica desde os 17 anos e técnico nessa área a partir dos cursos por correspondência realizados junto a três escolas do gênero – Instituto Universal Brasileiro, Monitor e Occidental School -, Antônio Donizeti Bilon, hoje com 55 anos, é quase uma figura folclórica em São José do Rio Pardo. Todos o conhecem e ele conhece a todos. Quando o assunto é sinal de televisão, então, é com ele mesmo!

O que nem todo mundo sabe é que Bilon, como ele é conhecido na cidade, é um dos poucos restauradores de rádios antigos ainda em atividade no município. Sua especialidade é consertar aparelhos valvulados, ou seja, os que ao invés de transistores usam ainda válvulas, que nem são fabricadas mais. Ele também restaura alguns poucos equipamentos similares, como rádio amador, vitrolas e outros.

Bilon conta que dos 14 aos 24 anos trabalhou na empresa Irmãos Flamínio, que atua com tratores e implementos agrícolas, mas desde aquela época se interessava por eletrônica. “Eu costumava pegar rádios pequenos para desmontar e depois consertar, especialmente os movidos a pilha, mas também valvulados”, recorda. “O primeiro que eu realmente consertei foi um radinho à pilha, de uma faixa só, AM. Depois foram rádios à válvula e não parei mais”.

Com Fagioli

Foi depois que conheceu o antigo técnico em eletrônica e responsável pelo sistema de captação dos sinais de rádio e TV no município, João Fagioli, que Bilon aprimorou seus conhecimentos. João era exímio consertador de equipamentos eletrônicos e um dos pioneiros na questão da transmissão de rádio e TV no município, e acabou passando ao jovem aprendiz muitos de seus conhecimentos. Foi através dele que Bilon conheceu os transmissores da época, começando pelo da rádio Difusora AM. “Era um transmissor à válvula da marca P/B e ficava lá onde está o campo do Botafogo”, recorda. “Havia também transmissores de televisão no morro do Cristo. O da Globo, que era o canal 10, e da Tupi, no canal 4, ambos eram em VHF. Em 1978 eles passaram para o morro do Merli e depois chegaram os da Record, da Band, do SBT e os demais”.

Em uma das gestões do ex-prefeito Celso Amato, Bilon foi colocado na função de técnico de transmissão de TV no município. Sua função era não deixar a cidade sem os sinais de televisão, que ele passou a monitorar da própria casa: ligava os canais e via como estavam as imagens e o som. Percebendo algum problema, ele já sabia que teria que subir o morro para providenciar o conserto.

“O primeiro transmissor transistorizado de TV em São José foi do SBT, era sem válvula e chegou em 1983. Depois os demais canais foram trocando os equipamentos aos poucos. O problema desses transmissores é que, com os picos de energia que acontecem frequentemente em nossa cidade, eles queimam com facilidade, ainda mais os digitais, que são muito sensíveis. Nesses casos, a única coisa a fazer é ligar na emissora e pedir para enviar um técnico com as peças para trocar o equipamento. Os aparelhos analógicos, nesse aspecto, não dão problema quando ocorrem esses picos de energia”.

O SBT, regional de Ribeirão Preto, também foi a primeira emissora que Bilon conheceu pessoalmente, em 1999. Depois ele também conheceria a Record e a Band, vendo inclusive a estrutura de transmissão.

Os consertos

Na década de 1980 Bilon montou uma pequena oficina de consertos de rádio na casa de seu pai, João Vitor, e foi aos poucos arranjando peças, aparelhagens e ferramentas. Trabalhando com aparelhos valvulados que chegam a desenvolver 350 volts de potência, ele aprendeu, como todos os técnicos em eletrônica, a arte da precaução no contato com alta voltagem.

Um dos aparelhos antigos que ele diz ter sentido mais satisfação em consertar foi um rádio Capelinha de um sitiante local, ou seja, um aparelho de rádio em forma de capela. Foi nos anos 90 e o aparelho era cheio de válvulas, tinha ótima qualidade de som, mas precisava ser restaurado. Depois vieram inumeráveis rádios portáteis de pilha, vitrolas, amplificadores e outros.  Recentemente ele consertou um rádio alemão cuja fonte estava queimada e o deixou impecável, parecendo novo.

Trabalhando com aparelhos velhos e valvulados, Bilon diz que o mais difícil é conseguir as peças para substituir as danificadas. Ele até as encontra pela internet, mas quem as tem pede preços elevados. “Pago caro por elas e já devo ter umas mil em minha casa, mas às vezes não encontro uma ou outra que necessito para determinado tipo de aparelho”, conclui.

Fonte: Gazeta do Rio Pardo – Por Eduardo Eron

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