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Houve um pequeno aumento de queimadas esse ano em comparação com o mesmo período de 2020 ( Imagem de arquivo- 2020)

Queimadas: Bombeiros já atenderam mais de 100 ocorrências

Área da fazenda “Guaxupézão” foi a mais atingida até o momento, com aproximadamente 10 hectares destruídos pelo fogo

De acordo com dados de um levantamento inédito feito do Projeto MapBiomas, divulgado pela CNN Brasil, após analisar imagens de satélite, entre 1985 e 2020, o Brasil queimou uma área de 1,67 milhão de km² ou 19,6% do país, equivalente a um território maior do que a Inglaterra por ano. Dentro de toda essa área queimada, 65% foi de vegetação nativa, com os estados de Mato Grosso, Pará e Tocantins com maior ocorrência de fogo. Em 2020 a situação do país se agravou no que diz respeito a queimadas. O ano foi encerrado com o maior número de focos de queimadas em uma década, de acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), registrando  222.798 focos, contra 197.632 em 2019, um aumento de 12,7%.

Cidade e região

Em São José do Rio Pardo não foi diferente. Em 2020, de 1º de junho a 30 de agosto aconteceram 102 incêndios no município, sendo que dois deles foram de grandes proporções: um no Morro do Cristo, alcançando uma área de 70 alqueires, e outro na região da Cachoeira dos Nasser, que afetou cerca de 170 alqueires. Este ano, a situação é ainda mais agravante. O Corpo De Bombeiros já registrou mais de 100 atendimentos contra incêndios em área de vegetação natural, apenas entre julho e agosto, ou seja, em menos de dois meses.

O representante do Corpo de Bombeiros, cabo Henrique, da unidade de São José do Rio Pardo, falou sobre o trabalho realizado pelos profissionais, e comentou a respeito dos prejuízos causados pelas queimadas este ano.

Maioria é Criminoso

Segundo o bombeiro, praticamente 100% das queimadas são causadas intencionalmente.

 “Com relação as solicitações que são feitas dos incêndios florestais, podemos dizer que praticamente todos eles são criminosos. Não tivemos nenhum atendimento de uma ignição de incêndio provocada acidentalmente. Todos eles partiram da área criminosa, mas na maioria das vezes nós não conseguimos localizar o criminoso que comete o ato”, disse.

O cabo lembrou que provocar queimadas é crime, passível de responsabilidade civil e penal. “Inclusive, uma das penas, pode chegar a quatro anos de prisão se o incêndio for em vegetação e área nativa. Mais uma vez, a gente verifica e tira a conclusão do que sempre falamos: o próprio ser humano acaba estragando o meio ambiente que é para ele”.

“Infelizmente os bons pagam pelos maus. Contamos com a ajuda da população para que denuncie pelo 190 (Polícia Militar), ou até mesmo pelo Corpo de Bombeiros 193, para que se tome providências contra esses criminosos”, alertou. 

Época propícia

O cabo destacou que durante essa época do ano, as condições tornam-se propícias para queimadas, já que o clima fica seco e quente, com a umidade relativa do ar mais baixa. “Sabemos da deficiência de chuva nesse período, por esse motivo devemos tomar os devidos cuidados. Agora é o período da seca, em que o cuidado com o meio ambiente deve ser redobrado, justamente por conta disso”, ressaltou o cabo.  

Segundo Henrique, houve um pequeno aumento de queimadas esse ano em comparação com o mesmo período de 2020. “No entanto ainda não fechamos o mês de agosto para computar os atendimentos contra queimadas. Mas já é notável que com relação ao mês de julho do ano passado, tivemos um pequeno aumento. O fator principal, foi a geada. Ela deixou toda a mata nativa de vegetação natural, de fácil combustão. As matas de nossa região se tornaram um pavio para ignição de incêndios em vegetação. Por conta desse fator, aumenta a probabilidade dos incêndios nesses locais”, destacou.

O atendimento de maior proporção feito pelo Corpo de Bombeiros recentemente, ocorreu no dia 21 de agosto. O incêndio teve início no dia 19, na área da fazenda popularmente conhecida como “Guaxupézão”, que faz divisa com o município de Tapiratiba. “Tivemos uma área afetada estimada de 8 a 10 hectares de mata nativa, foi uma perda muito grande, não apenas para a natureza, mas para nós também. Esse é um dos incêndios de maior proporção que atendemos até o momento”, completou.

Dificuldades de acesso

Quando se trata de incêndios em mata fechada e vegetação nativa, o Corpo de Bombeiros encontra algumas limitações – a principal delas é o difícil acesso a área. De acordo com cabo Henrique, os efetivos do grupo aéreo Águia estão distribuídos em todo o estado de São Paulo, e durante esse período do ano, trabalham de maneira triplicada pelo elevado número de ocorrências.

“A água que a aeronave carrega, possui mais ou menos uma quantidade de 500 litros. Existem alguns locais que são passíveis de sobrevoar, mas às vezes nem sempre esses 500 litros são o suficiente para combater o incêndio na vegetação, por conta da alta intensidade do fogo, e pela quantidade de água jogada para resfriar o local. E nesses locais, geralmente só podemos tentar fazer alguma coisa com o uso da aeronave, já que por terra, o maquinário agrícola não acessa, e os homens não conseguem entrar pelo difícil acesso e pela intensidade do fogo”, disse.

Colaboração

O bombeiro lembrou que a corporação realiza outros tipos de serviços, não apenas o combate a incêndios. Entretanto, pelo alto número de queimadas na cidade e região, os bombeiros não conseguem estar presentes o tempo todo para prestar atendimento a pessoas acidentadas, ou fazer qualquer tipo de resgate.  “Se as queimadas não tivessem ocorrendo, estaríamos usando nosso contingente para prestar esse tipo de atendimento também. Precisamos da ajuda da população, precisa denunciar, preservar o meio ambiente. Estamos em uma fase muito delicada esse ano por conta da geada, nossas vegetações estão sujeitas a ignição e combustão”, encerrou.

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