Técnica da Secretaria de Agricultura do Estado propõe fortalecimento do lençol freático e correção de erosões
A Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo está lançando nesta região um projeto que pretende ajudar pequenos e médios produtores a recuperarem o potencial hídrico de suas propriedades rurais. A ação faz parte do Programa Integra SP, uma série de medidas que visam contribuir para o desenvolvimento e a melhoria, sobretudo, da pequena é media agricultura paulista.
A proposta é baseada no sucesso do projeto Conservador de Água, criado no município de Extrema (MG), que faz divisa com São Paulo, na região de Bragança Paulista. Lá, a ação existe desde 2005, com excelentes resultados, que fizeram do município uma referência sobre o assunto.
Segundo explica o zootecnista da CATI (Coordenadoria de Assistência Técnica Integral), Rodrigo Vieira de Moraes, esse ano algumas propriedades rurais de São José do Rio Pardo estão sendo avaliadas por técnicos, para a implantação do Projeto “Berços d’água”, que visa práticas de conservação de solo e também da água, como o próprio nome aponta. A intensão é diminuir as secas nas propriedades rurais, fortalecendo e abastecendo o lençol freático. Com isso, a expectativa é recuperar mananciais e nascentes.
O técnico destaca que o objetivo é reduzir a intervenção humana no ambiente. Ele lembra que a região era vegetada, com árvores grande porte, as quais, com o passar do tempo, acabaram suprimidas pela necessidade de expansão das lavouras ou mesmo pelo consumo da madeira. “Algumas áreas tem ocorrência de erosões por conta da chuva. Para corrigir esse efeito, foi criado o projeto Berços d´água”, disse.
Como participar
Para participar do projeto, o produtor tem de se enquadrar em uma série de requisitos exigidos pela Secretaria, como possuir inscrição estadual de produtor rural e inscrição no Sistema de Cadastro Ambiental Rural do Estado de São Paulo (SICAR-SP). Além disso, a propriedade deve se localizar em microbacia hidrográfica de abastecimento urbano, entre outros tópicos.
Tudo precisará ser avaliado pelos técnicos designados e, havendo a classificação do pleito, os recursos para o programa serão disponibilizados diretamente pelo Estado.
“Em São José do Rio Pardo, nós avaliamos cinco propriedades, três estão com irregularidades de posse e duas estão elencadas. Uma delas está com área aprovada, com recurso disponível para fazer o trabalho, e em uma outra área vamos solicitar o recurso agora em fevereiro”, comenta Rodrigo Vieira.
Ele reforça que para participar do programa, a matrícula da propriedade tem que estar atualizada, o proprietário rural precisa possuir o CNPJ e Inscrição Estadual, e todos os documentos precisam estar regularizados. Rodrigo observa que o produtor não tem ganho financeiro com o projeto, no entanto, a execução do trabalho traz benefícios.
“Para que o governo viabilize essa subvenção, a documentação da propriedade tem que estar certa”, acrescentou.
O que o projeto contempla
Nesta primeira etapa, segundo disse, o foco é nas propriedades chamadas de cabeceiras – aquelas próximas do topo de morro, nas quais a água escorre dos morros para dentro da propriedade.
“Fazemos um programa de conservação do solo com curvas de nível, e assim vamos diminuir a velocidade dessa água da chuva que cai e escoa. Junto disso vamos fazendo berços d’água – pequenos açudes que vão armazenar a água, que vai penetrar de forma lenta e vai abastecer o lençol freático”, informou.
De acordo com o técnico, muitos produtores não usam o método, por falta de conhecimento e também de condições financeiras.
Existe uma lista de ações que poderão ser custeadas pelo programa, como: correção de erosão e voçorocas; construção dos ‘berços d’água’ (micro açudes); terraceamento agrícola; correção química do solo para revegetação; isolamento e cercas para divisão de pastagens; sistema hidráulico para fornecimento aos animais; sementes e mudas para a replantio; escarificação e/ou subsolagem, para aumentar a capacidade de infiltração da área.
Resultados
Quando as propriedades começarem a receber o projeto, a CATI deverá promover um dia de campo, para que mais produtores possam conhecer a técnica empregada e assim aderir à prática.
O abastecimento do lençol freático e a umidade gerada no solo, permitem que a vegetação fique verde o ano todo, além de garantir abastecimento de água aos animais e corrigir erosões.
Rodrigo Vieira lembra que, caso algum produtor tenha uma área que se encaixe nas condições do projeto, ele poderá procurar a Casa da Agricultura, para que os técnicos analisem a propriedade.