“Queremos conseguir um certificado válido no Brasil inteiro”, afirma a proprietária
Laís Regina Viana Nascimento, 32 anos, empresária, professora de ballet, dança contemporânea e jazz, concedeu entrevista ao jornal para falar sobre o estúdio que leva seu nome e que, a partir deste mês, está em novo endereço: Rua Dr. João Gabriel Ribeiro, 225, no Centro. A empresa foi inaugurada em 2014, em um pequeno espaço na Rua Campos Salles, e agora tem espaço bem maior.
“Eu sempre gostei muito de dança, desde criança minha mãe me incentivava. Sempre dancei aqui na cidade, mas quando fiz 18 anos fui para Ribeirão fazer curso de ballet, jazz e dança contemporânea, além da faculdade de educação física. Lá eu dançava em uma pré companhia. Depois que me formei em tudo, cansei. Porque a dança exige muito. É muita perfeição, cobrança, e eu me senti esgotada. Aí voltei pra São José. Comecei a seguir os meus pais com o comércio e dois anos depois foi batendo a saudade da dança”, conta.
“Comecei com um projeto na Agradef, eu era voluntária lá, e fazia uns espetáculos de dança com eles. As pessoas começaram a perguntar se eu dava aulas, e eu dizia que não, que era só no projeto. Depois pensei sobre isso, e foi batendo a vontade de ser professora. Abri o estúdio em 2014, com os três estilos de dança: ballet, contemporânea e jazz. No início eu era a única professora”, relembra Laís.
Mudança
“Em agosto de 2019 mudamos para esse novo endereço. O outro estúdio foi ficando pequeno, tinha duas salas, e uma era bem pequena. Conforme foi passando o tempo vimos a necessidade de realmente expandir e de dar uma cara nova. Esse novo local é um espaço interessante, porque queríamos dar um ar de escola. No antigo não tinha lugar para isso. Precisava ter vestiário, mais salas, sala teórica para estudos, e decidimos vir para cá. A arquitetura tem tudo a ver com arte”, afirma a professora. “Temos quatro salas de aula aqui, dois vestiários femininos e masculinos, cantina, lojinha, sala dos professores, secretaria e sala teórica”.
Estilos
“Hoje temos aproximadamente uns 100 alunos. Ensinamos o ballet clássico, que dividimos em baby class, preparatório, depois temos até a 8ª série, é tudo dividido por idade. Damos aulas de contemporânea, jazz, ritmos fit, danças urbanas e agora teremos dança para a terceira idade. Todas essas categorias são dividias em infantil, juvenil e adulto. Os alunos podem ser matriculados a partir dos 3 anos”, explica.
Bolsas
A escola oferece bolsas para crianças e adolescentes interessados. “Quando a Casa de Cultura e Cidadania fechou, eu vi que tinham muitos talentos lá, e alguns não tinham condições de pagar aulas. O Gabriel, que hoje trabalha como professor aqui, era professor lá. Surgiu dele a ideia de fazermos audições no estúdio. Achei bem interessante, mas a minha ideia sempre foi pensando mais nos meninos, que geralmente não tem apoio da família, então sempre os acolho. Mas o Gabriel disse que tinham meninas interessadas também, aí resolvi abrir para todos essas audições. Eles passam por avaliação no ballet, contemporânea e danças urbanas. Mesmo para quem não tem experiência ou nunca tenha vivenciado os estilos. São coreografias simples só para o professor poder avaliar. Damos bolsa de 100%, 50% e assim por diante. Temos aproximadamente entre 15 e 20 bolsistas”, prossegue Laís.
Espetáculos
“Fizemos quatro espetáculos desde que abrimos. O primeiro foi Floresta Encantada, A Bela e a Fera, Aladdin e o último foi Alice no País das Maravilhas. Para mim o mais marcante foi a Bela e a Fera, porque foi a primeira vez que fizemos em Rio Pardo, pegamos um cenário bem realista, tinha castelo, escadaria, foi um espetáculo grande”, comenta.
“Quando vamos montar um espetáculo, logo no começo do ano os professores já começam a discutir o que pode ser o tema. Assistimos o filme, escolhemos quem será cada personagem, essas coisas. Em junho mais ou menos já vemos os figurinos, depois fazemos reunião com os pais, passamos os valores dos figurinos, cada aluno paga o seu, dividimos o valor da melhor forma. E os espetáculos são realizados sempre no fim do ano”.
“Esse ano não teremos espetáculo, infelizmente. Fizemos um investimento alto no novo local, então não será possível. Os espetáculos são investimentos que eu faço porque gosto e acho importante para os alunos e para a cidade, mas não tenho retorno. Faço porque gosto mesmo. Infelizmente esse ano não conseguiremos arcar com isso”, lamenta.
De estúdio para escola
“Estamos com uma ideia para que a pessoa saia daqui formada, não só na prática mas também na teoria. Queremos conseguir um certificado válido no Brasil inteiro. Isso é uma ideia para ser validada ano que vem. Nas aulas teóricas queremos dar história da dança, anatomia, terminologia do ballet, entre outras coisas. Até então era um estúdio, agora será uma escola”, conta.
Dança
Laís falou sobre a importância da dança em sua vida.
“A dança sempre esteve presente na minha vida, desde criança. Ela me fezevoluir muito como pessoa. Sempre fui muito tímida, na minha, tenho dificuldade em falar, para mim dançar é muito mais fácil. Mas por conta das apresentações, fui evoluindo e melhorando a timidez. Me ajudou muito com as amizades também. É algo muito importante para abrir novos caminhos”.
“A dança na verdade é um esporte, para ser bailarino você precisa ser atleta, mas um atleta artista, porque não podemos demonstrar no rosto o esforço. É algo que me realiza muito. Toda vez que vou dançar é aquele friozinho na barriga, aquele nervosismo que só quem dança entende. A gente se expressa na movimentação. É uma sensação muito boa poder se expressar com o corpo e não com palavras, dançar com o coração”.
“Eu tenho alunos que estão comigo desde o princípio, e é muito gratificante ver a evolução deles. Porque o ballet é isso, uma evolução pouco a pouco, são anos, persistência e superação. Como professora eu fico extremamente feliz em ver o foco e a evolução”, encerra.
Por Júlia Sartori