terça-feira , 26 novembro 2024
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Vinícius Maldonado (clínico), Danusa Mena (enfermeira e coordenadora da Saúde da Mulher) e Marcel Uchiyama (ginecologista e obstetra)

Com diagnóstico precoce, chance de cura do câncer de mama aumenta para 95%

Saúde da Mulher fará campanha educativa às mulheres por meio de vídeos gravados por vários profissionais

Danusa Mena, enfermeira e coordenadora do Centro de Referência em Saúde da Mulher, junto com os médicos Marcel Uchiyama (ginecologista e obstetra) e Vinícius B. Maldonado (clínico), falaram ao Jornal do Meio Dia, da Difusora FM, sobre o câncer de mama e o Outubro Rosa. A entrevista aconteceu segunda-feira, 5 de outubro. Os médicos responderam perguntas específicas sobre a doença, fatores de risco, exames, entre outras coisas. Danusa falou sobre uma campanha que a Saúde da Mulher está promovendo durante o mês de outubro.

Tipos de câncer

Dr. Marcel começou falando que existem basicamente 3 tipos de câncer de mama principais. Existem as glândulas que produzem o leite, os ductos que levam o leite para os mamilos, e os mamilos, por onde sai o leite. Além disso, a mama em si tem vasos sanguíneos, linfa e gordura (tecido conjuntivo). O câncer de mama pode acometer os ductos (carcinoma ductal), as glândulas mamárias (carcinoma lobular) e o tecido conjuntivo (sarcomas). “O principal e mais prevalente na população feminina é o câncer ductal, seguido do lobular”, apontou o ginecologista. “Há outros cânceres além desses, mas os mais incidentes são o ductal e o lobular”.

Exames

Dr. Vinicius, por sua vez, explicou que a mamografia, por ser um exame de radiação, é indicada para mulheres dos 50 aos 69 anos de idade, a cada dois anos. Ocorrendo o diagnóstico precoce, as chances de cura, para esses casos, pode chegar a até 95%. “Ainda existe o medo em muitas delas, talvez por receio da radiação, mas também muitas esquecem ou até ignoram a importância da mamografia. Muitas vezes a doença começa de forma silenciosa, havendo um nódulo não palpável que a mulher não sente. Ou, se sente, ela se acostumou por achar que não é algo demais”, ponderou.

Danusa Mena recomendou o exame de toque nas mamas pelas mulheres, lembrando que está comprovado cientificamente que vários cânceres foram detectados no início mediante esse procedimento. “E a gente consegue cuidar delas precocemente e consegue a cura”, assegurou. “Assim, a própria mulher acaba detectando mediante autoexame, aí procura a unidade de saúde para providenciarmos os exames e, posteriormente, a cura”.

A enfermeira explicou que há vagas sobrando no AME de Casa Branca para a realização de mamografia. E, sendo detectada alguma alteração ou suspeita de câncer, a paciente já é encaminhada para um mastologista do próprio AME.

Saúde da Mulher

No tocante do Centro de Referência em Saúde da Mulher em São José do Rio Pardo, Danusa disse que o funcionamento é de segunda a sexta-feira, das 7h às 17 horas, com dois médicos e duas médicas no atendimento. “A rotina nossa está normal, estamos atendendo com horários espaçados, e todas as pacientes que procuram a unidade estão sendo atendidas. Dr. Marcel foi para lá nos ajudar no pré-natal de alto risco e o dr. Vinicius faz o baixo risco. Tem a doutora Cláudia também e a doutora Riane, está iniciando esta semana. Com isso, damos todo respaldo para a mulher, inclusive aquela faltosa a gente liga, faz busca ativa, envia carta e até visita domiciliar com a nossa assistente social. Ou seja, temos toda uma preocupação com essa mulher, tanto a de pré-natal, como a de prevenção de câncer”, detalhou e enfermeira.

É preciso que as interessadas levem o cartão SUS e o cartão da Saúde da Mulher (ou comprovante de residência, se não tiverem este último). Nos ESFs espalhados pelos bairros esse atendimento também é oferecido porque essas unidades de saúde têm médicos contratados para tais fins, além de enfermeiras que podem fazer coleta de exames.

Autoexame

O médico Marcel Uchiyama fez algumas recomendações importantes. “Primeiro, a mulher precisa conhecer seu próprio corpo. Se ela notar algum caroço, espessamento ou endurecimento da pele da mama, vermelhidão local, saída de secreção pelo peito (mamilo), são sinais de alerta. Ela tem que procurar atendimento médico na Saúde da Mulher ou nas unidades de saúde para o médico fazer exame clínico com apalpação mamária. Se necessário for, ele pedirá exames diagnósticos”.

Ele disse que, neste caso, é importante fazer uma diferenciação entre a mamografia de rastreamento e a mamografia diagnóstica. A partir do momento em que a paciente tem um nódulo, inflamação ou alguma alteração no seio, pode ser que o médico peça a mamografia, que neste caso seria diagnóstica e é indicada para mulheres de qualquer idade. “Pode ser feito também ultrassom das mamas ou ressonância magnética das mamas para casos mais específicos. Mas, o principal é: se a paciente notar alguma alteração, procurar atendimento médico”, completou.

Histórico na família

Marcel lembrou que é crucial que a mulher comunique seu médico sobre algum histórico de câncer de mama na família: mãe, irmãs, parentes de primeiro grau. “Aí o médico fará a triagem e fará exame de toque. Se necessário, pedirá exames complementares. Embora seja um fator de risco, não é para se desesperar porque não é porque a mãe ou irmã teve que ela própria, necessariamente, terá também. Mas o mais importante é que as mulheres façam o papanicolau e esses exames de rotina das mamas uma vez ao ano”.

Prevenção

Dr. Vinícius disse que existem meios de reduzir as chances da mulher ter câncer de mama, incluindo evitar bebidas alcoólicas, não ficar com excesso de peso (obesidade é grande fator de risco), tabagismo e outros. “Mulheres precisam buscar ter hábitos de vida saudáveis, o que inclui algum tipo de atividade física, para prevenção a qualquer tipo de câncer. Um fator de proteção às mulheres é a amamentação, que muitas vezes impede certos tipos de nódulos ou lesões na mama”.

Fatores de risco

Lembrou o médico que as chances de desenvolvimento de câncer mamário após os 50 anos são maiores, razão pela qual a idade também é um fator de risco. Outro fator, já mencionado, é o genético ou familiar, além de fatores endócrinos como menstruação precoce, menopausa tardia.

Dr. Marcel disse que a terapia de reposição hormonal de longa duração acima de 5 anos e em mulheres acima dos 60 anos, realmente pode aumentar o risco de câncer de mama. Mas quanto a pílula anticoncepcional, ele comentou o seguinte: “Quantos casos novos de gestações não planejadas na adolescência, na infância ou em pacientes acima dos 40 anos vamos ter? Um número bem elevado porque não estão usando contracepção. Essas gravidezes são de risco, aumentam muito o risco de complicações e morte da mãe e do bebê. Se a gente computar isso tudo, o número de mortes de mães e de bebês pelo não uso do anticoncepcional será muito maior do que o número de vidas que poderiam ser salvas porque não teve câncer de mama devido ao uso do anticoncepcional. Além disso, a dose dos hormônios anticoncepcionais vem diminuindo ao longo dos anos. Há 10, 20 anos atrás a dose era realmente alta e tinha um risco aumentado, atualmente as pílulas têm uma quantidade de hormônios muito baixa”.

Campanha ‘Outubro Rosa’

Neste mês de outubro, cada profissional da Saúde da Mulher fará um vídeo educativo sobre o Outubro Rosa, como forma de conscientização das mulheres. “Isso é para incentivar as mulheres a procurarem uma unidade de saúde, se prevenir. Não é porque a mulher não está com um nódulo, que significa que ela não pode ter um câncer. É uma doença silenciosa, não avisa, não pede licença, ele vai entrando na vida da pessoa. Nutricionistas, psicólogas, ginecologistas, todos os profissionais farão esse vídeo educativo. Foi uma maneira que achamos, diante da pandemia, de levar informação para essas mulheres.”, disse Danusa.

“Na Saúde da Mulher, das 8h00 às 15h30, de quinta-feira, estamos solicitando mamografia de rastreamento, para mulheres de 50 a 69 anos. As pacientes podem ir lá, a enfermeira fará a solicitação, e então elas voltarão com o resultado do exame para mostrar para o médico. Esse mês estaremos solicitando de livre demanda”, informou a coordenadora.

Tratamentos eficazes

“A medicina, segundo Danusa, hoje em dia está muito avançada. Para aquelas mulheres que estão enfrentando um diagnóstico agora, apesar de ser algo muito difícil, peço calma. Os tratamentos para o câncer em geral estão muito eficazes. No caso do câncer de mama, quando o diagnóstico é precoce, feito no início, a taxa de cura é de 95%, como já mencionado. A possibilidade de cura é alta, podemos passar isso a essas mulheres. E a ajuda de um psicólogo e dos familiares é muito importante”, encerrou.

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