Afirmação é de Thiago da Silva Pontes, químico da Saerp responsável pela análise de água
Ciente de várias reclamações publicadas em redes sociais com relação a coloração e qualidade da água, a Gazeta foi até a Estação Central de Tratamento da Saerp para entrevistar o químico responsável pelo monitoramento da água e entender como funciona o processo, desde a captação, até o motivo pelo qual a água apresenta coloração diferente em alguns dias.
Processo
“Começamos com a captação da água direto do Rio Pardo. Ela chega até a ETA, onde é adicionado sulfato de alumínio e 10% de cloreto de sódio. A primeira etapa é feita pelo sulfato de alumínio, onde ocorre a coagulação no decantador. Temos um tanque circular e uma coroa circular. A água passa por orifícios embaixo desse decantador, onde boa parte da turbidez e cor são removidas. Após isso, a água passa pela segunda parte do círculo, onde as impurezas se decantam por gravidade, e sobra somente a água mais limpa, que passa por cima. Depois que essa água fica bem mais limpa do que chegou, ela passa por filtros que são compostos de areia e pedra brita, onde ocorre a última parte do processo de remover a cor e turbidez”, explica Thiago da Silva Pontes, químico responsável pela análise de água e gestão da qualidade.
“Depois dessa etapa, é feita a adição do flúor e cal, o segundo é colocado para corrigir o pH da água, porque se for um pH muito ácido acaba corroendo a tubulação e é recomendado que ele esteja entre 7.2 ou 7.4, para que não tenha essa corrosão dos canos”, prossegue.
“A quantidade de cloro é definida a partir da lei PRC ( Portaria de Consolidação) nº 5, que estabelece que é preciso colocar no mínimo 0.5 mg de cloro por litro e no máximo 5 mg por litro”.
Análise
“Semanalmente são feitas coletas por empresas terceirizadas, e levadas a laboratórios de ponta, e a cada duas horas na ETA, são feitas coletas de amostras de água para avaliar cor, turbidez e pH. Nada de irregular é observado na água. Estamos dentro do padrão de qualidade, dentro das normas de higiene. Se não estiver atingindo o padrão, adiciona-se mais cloro, é feita a dosagem até atingir a quantidade correta. O cloro é muito importante, porque é a partir dele que bactérias e microrganismos são eliminados”, informa.
“Com relação ao flúor, estamos começando a nos adequar agora, para atingir o padrão adequado”, completa Thiago.
Capacidade
Segundo Thiago, a Estação Central da Saerp tem a capacidade de captar 22,5 litros por segundo.
Cor
“Quando a água chega branca nas torneiras das casas, é pela pressão de ar. Não tem nada a ver com cal ou cloro. Até porque o cloro, tem coloração amarelada. E o cal é acrescentado em uma quantidade muito pequena, não tem possibilidade de apresentar a coloração branca na água. É devido a pressão da água. Depois que você pega a água branca, e espera uns 5 segundos, vai perceber que ela vai perdendo essa cor, porque perde a pressão do ar”, destaca Thiago.
“Em relação a água barrenta, são casos pontuais. Aqui na cidade, estão ocorrendo muitas obras, geralmente quando acontece isso, paramos o tratamento, e essas reformas são feitas com tratores, na rua, e acaba caindo um pouco de terra na tubulação, e acaba indo para a casa das pessoas. Mas são coisas pontuais”, acrescenta.
Saerp
A Saerp, (Superintendência Autônoma de Água e Esgoto de São José do Rio Pardo), é uma Autarquia Municipal, criada pela Lei nº 3666/2010. A ETA Central tem 50 anos, mas se transformou em Saerp somente após a criação dessa lei.
Laboratório
De acordo com Thiago, a Saerp está elaborando um projeto para abrir um laboratório próprio. “Tivemos um concurso agora em 2019, os técnicos serão chamados para trabalhar aqui, estamos começando a montar um laboratório para baratear, facilitar, gerar emprego, e principalmente ter um controle mais preciso da qualidade da água. A previsão é que esse laboratório seja inaugurado entre 2020 e 2021”, conta.
Transparência
As análises feitas pelos laboratórios semanalmente estão disponíveis na Saerp para toda a população interessada. “Quem quiser ver, pode vir até a Central e verificar os laudos da água”, finaliza.
Por Júlia Sartori