Núncio Bucci Neto (Tuta) ficou 6 dias internado e a esposa Luciana ficou 9
O rio-pardense Núncio Bucci Neto, o Tuta, e sua esposa Luciana Florêncio Bucci foram os primeiros moradores de São José a serem infectados com o coronavírus e a se recuperar da doença. Nesta entrevista concedida sexta-feira, 22, à Difusora FM e Gazeta do Rio Pardo, Tuta relata a amarga experiência e revela: a cloroquina foi crucial na recuperação do casal.
Ele conta que no dia 31 de abril começaram os sintomas: dores no corpo, febre, perda de olfato e do paladar. A esposa Luciana Florêncio Bucci também apresentava os mesmos sintomas, incluindo falta de ar.
“A gente procurou o Pronto Socorro e fui notificado para ficar afastado do trabalho, mas a gente não ficou internado. Só foram dados os procedimentos de quarentena e do que tínhamos que fazer. Mas depois que a gente voltou (ao Pronto Socorro), precisamos ser internados porque havia sido constatado que a gente estava (com a doença)”, recordou Tuta.
Ele explicou, em seguida, a origem do contágio: seu filho Murilo Florêncio Bucci, que é músico, trabalha em um navio e fica muito tempo em viagens de cruzeiro fora do Brasil. “Ele tinha ido fazer uma temporada. Quando ele estava em Dubai foi que alastrou o problema da Covid e aí mandaram o pessoal que trabalhava no navio embora. No dia 17 de março ele chegou ao Brasil e fomos busca-lo no Aeroporto. Assim que ele chegou, ele ligou na Vigilância Epidemiológica e perguntou quais seriam os procedimentos porque era um suspeito, já que havia estado em navio e vindo de avião. E a gente, em casa, tomou algumas medidas, mas não todas. Bobeamos e acabamos pegando. Ficamos eu, minha esposa e ele”, relatou.
O filho, segundo Tuta, teve febre e nenhum outro sintoma, não precisando ser internado, mas fez toda quarentena e não saiu da casa da família, recuperando-se depois disso. Tuta e Lu ficaram bem piores. Ele lembra que não fuma e nem bebe, além de fazer exercícios, razão pela qual não imaginava que pegaria a Covid.
“Minha esposa foi internada antes, numa quinta-feira, e o médico suspeitava porque na hora não faz (o exame), só faz a tomografia. O resultado mesmo só saiu depois que ela deixou o hospital, 9 dias após. O resultado do meu, na realidade, deu até negativo primeiramente, mas depois deu positivo. Então ficamos sabendo depois, mas a gente continua se cuidando até hoje”, prosseguiu. “A Lu foi algo pior, ela teve uma tosse muito forte e ficou 9 dias internada. Eu fiquei 6. Os sintomas foram iguais e hoje ela está bem, se recuperando e tomando todos os cuidados possíveis”.
Cloroquina
Um detalhe muito significativo mencionado por Tuta foi o tratamento que recebeu do médico que o assistiu mediante aplicação da cloroquina. “A minha melhora foi graças à cloroquina, com certeza. Fui super bem medicado, tratado, mas com certeza se não fosse a cloroquina eu não teria saído da forma como saí. Tomei outros medicamentos, muito soro, muito remédio porque dava uma coisa, dava outra. Perdi olfato e paladar e enquanto estive internado eu não me alimentava e tinha dor de cabeça. Perdi 8 quilos, começou a dar fraqueza e houve também falta de ar”.
“Numa terça-feira, às 7 horas da noite, foi doído porque me deu muita falta de ar e eu não conseguia respirar mesmo. Tiveram que correr e colocar oxigênio. Em minha esposa teve que colocar oxigênio também porque
ela teve muita falta de ar. Então, o negócio é serio, não é brincadeira não. E depois que saímos do hospital ainda sentimos um pouco de febre. Após 15 dias é que começamos a nos alimentar melhor e sempre tomando bastante líquido. Até agora me cuido muito, uso máscara e recomendo a todos que a usem mesmo, usem álcool em gel, lavem bem as mãos. Não descuidem porque isso é sério mesmo”.
Tuta admite que, antes da doença, era um dos que negavam a existência da Covid, até que toda a família foi infectada. E, mesmo após a dolorosa experiência, quando voltaram para casa os cuidados passaram a fazer parte da rotina diária: Tuta ficava num quarto, a esposa em outro e o filho em outro. As refeições passaram a ser feitas também separadamente, até que todos se sentiram realmente curados.
Preconceito
Uma das dificuldades enfrentadas por Tuga e a esposa Lu após a recuperação foi o preconceito. Pessoas passaram a olhá-los de forma diferente, evitando chegar muito perto de um e de outro. “Mas não dei muita importância para isso porque a gente também não sabe como reagiríamos se fosse o contrário”, relevou. “E assim que saí do hospital fiquei 15 dias em casa e voltei a trabalhar. Só que eu havia feito um exame e a Vigilância me ligou, dizendo para voltar para casa porque havia o risco de eu contaminar alguém. Aí fiquei mais 6 dias em casa, quando então o dr. Marcelo Galotti constatou que o vírus que estava em mim era morto. Ele fica na gente, mas não tem perigo de passar para alguém”.
“O que eu recomendo para as pessoas é: fique em casa. Se tem família com 3 ou mais pessoas, um sai e toma todos os cuidados, principalmente uso de máscara, que é super importante. E a pessoa que voltar deve lavar as mãos direito, tirar a roupa com a qual saiu e colocar para lavar. Nós, em casa, tínhamos alguns cuidados, não todos os que são necessários, e pegamos a doença. Então, numa família maior, se não fizer tudo direito, (a doença) vai pegar e vão sofrer”, concluiu.
EUA advertem sobre efeitos colaterais da cloroquina
Nos EUA foi autorizado o uso temporário da cloroquina em pacientes hospitalizados com COVID-19 apenas quando os ensaios clínicos não estão disponíveis e que devem seguir uma Autorização de Uso de Emergência. A agência americana FDA ressalta que tanto a cloroquina quanto a hidroxicloroquina possuem vários efeitos colaterais, incluindo problemas sérios de ritmo cardíaco que podem ser fatais.