Saco de 45 quilos está em R$ 80 na roça e já chegaram dois carregamentos da Holanda
A safra atual de cebola em São José do Rio Pardo está próxima de acabar e calcula-se que já tenham sido colhidos 80% do que foi plantado no município em 2019. O preço atual, tanto para a cebola branca como para a roxa, é o mesmo: R$ 80 o saco de 45 quilos na roça. Com isso, o preço médio do produto este ano ficou em R$ 110 o saco, aproximadamente, na lavoura. A área plantada, no entanto, foi bem menor em 2019.
Quanto ao serviço de colheita que vem sendo realizado pelos trabalhadores rurais, não houve problemas até o momento. Isso se deve, segundo as informações que chegaram ao jornal, ao fato de que a maior parte desses trabalhadores tenha sido registrada pelo condomínio responsável pela atividade.
Pouco dinheiro
Rodrigo Vieira de Morais, da Casa da Agricultura, disse ao jornal esta semana que, por conta da forte redução da área plantada, o volume de dinheiro que circulou no comércio local em decorrência dos bons preços foi pequeno. Ele ressalva, contudo, que também nas outras regiões produtoras de cebola no Brasil aconteceu o mesmo fenômeno, ou seja, uma queda acentuada na área de plantio. “Por conta disso, já entraram dois carregamentos de cebola importada da Holanda”, lembrou.
Esta cebola holandesa, segundo Rodrigo, é de baixa qualidade, tendo ficado em containers naquele país antes de vir para o Brasil. “O sabor dela, em comparação com a cebola suave de São José, é também diferente e ela própria é mais dura, embora seja mais resistente”.
Alerta aos produtores
Rodrigo fez um alerta aos produtores rurais do município e da região, por conta do êxito deste ano na cotação da cebola. “Os produtores não devem se iludir com o resultado deste ano, que teve preços diferenciados por conta da safra pequena no país. No novo ano agrícola agora, que é 2019/2020, a tendência é a cebola continuar na média (histórica) dela, que é por volta de 20 a 30 reais o saco”.
Por conta disso, técnicos da Casa da Agricultura estão recomendando um planejamento na produção de cebola da próxima safra. “Independente se o preço é bom ou ruim, o produtor rural deve planejar a sua safra. Em São José do Rio Pardo os produtores já sabem que a safra que dá dinheiro é a de inverno e o plantio de agora, de verão, dá pouco dinheiro ou mesmo prejuízo. O milho plantado dá uma renda baixa em comparação aos produtos colhidos no inverno, como cenoura, beterraba e cebola”, comparou.
Esse planejamento, segundo Rodrigo, começa pelo cálculo do dinheiro que o produtor terá para investir. Em seguida, ele deverá fazer um adequado manejo da terra que pretende utilizar na próxima safra. “Para não deixar todo o terreno sem plantio no verão, uma recomendação nossa é separar a área em quatro e reservar um quarto dela para fazer adubação verde. Isso reduzirá o uso de insumos para a lavoura de inverno. E qualquer que seja a lavoura plantada como adubação verde, milho, sorgo, arroz ou outra coisa, será largada na terra, não será colhida. Quando chegarem próximo ao florescimento, o produtor derrubará essa lavoura ao solo, mas sem uso de herbicida e passando rolo compactador. Isso preparará a terra para o próximo plantio da cebola, beterraba ou cenoura”.
Reforma e inoculação
Outra dica mencionada por Rodrigo ao produtor é a reforma da conservação do solo, ou seja, das curvas de nível e das cacimbas, assim como análise de solo. “Isso é importante para reduzir os custos das lavouras de inverno”, confirmou. “E aí, estando o preço da lavoura alto ou baixo, ele gastará menos de qualquer maneira”.
Mais uma orientação final: fazer a inoculação dos produtos biológicos, o que controlará menatóides, lagartas, cigarrinhas, etc. Como a adubação verde será deixada na terra, ela mesma se encarregará de concentrar tais produtos biológicos e controlar essas pragas na produção das lavouras de inverno.