“A análise indicou que existem algumas infiltrações e que o engenheiro não atesta a segurança da barragem”, diz vereador
A Câmara Municipal de São José do Rio Pardo enviou um requerimento para diversos setores da administração pública relacionados ao meio ambiente, para notificar o risco de rompimento da barragem de rejeitos de urânio de Caldas, e evitar a contaminação da bacia do rio Pardo. O vereador responsável pelo requerimento, Rafael Kocian, explicou os detalhes.
“Desde o começo do ano quando tivemos aquela tragédia em Brumadinho, por causa do rompimento da barragem, nós pesquisamos todas as barragens que temos na região. Encontramos na região de Caldas, próximo a Poços de Caldas, uma barragem de rejeitos radiativos, o que preocupou muito, porque apresentava algumas avarias, principalmente por conter materiais radiativos. Nossa maior preocupação em caso de rompimento, é porque ela vai direto pra bacia do rio Pardo. E a captação de água do nosso município é 85% provida pelo rio Pardo. Se por ventura acontecer um acidente desses, nossa captação de água ficará comprometida, devastando o meio ambiente e prejudicando a saúde humana”, conta o vereador.
De acordo com ele, no início do ano foram feitas várias notificações aos órgãos responsáveis. “Avisamos o Ministério Público Estadual, Ministério Público Federal, Ministério do Meio Ambiente, Secretaria do Meio Ambiente de São Paulo e Minas. Tudo isso para tentar fazer um alerta e evitar uma tragédia. Desde o começo do mês passado, nós começamos a receber algumas respostas no sentido de também notificar outros órgãos. A resposta mais preocupante chegou na semana passada, que foi dada pela Secretaria do Meio Ambiente do estado de Minas Gerais, onde eles relatam que foi feita uma vistoria local, e a partir de um engenheiro responsável, chamado Bruno Neves, a análise indicou que existem algumas infiltrações e que ele não atesta a segurança daquela barragem. Isso nos deixou ainda mais preocupados e ficou evidente que a barragem não tem estabilidade garantida. Vamos pegar essa resposta que recebemos, distribuir para os órgãos que pedimos averiguação. As câmaras e prefeituras de todos os municípios paulistas que tem o rio Pardo cortando, até ele desaguar no rio Grande. Estamos preocupados, não é algo para desesperar a população, mas é para mobilizarmos as autoridades e evitar uma tragédia”, encerra Rafael.
Mina de urânio
Segundo informações da revista Revide, no ofício protocolado pela Cetesb, a Comissão destaca que diversas irregularidades na infraestrutura da barragem de Caldas foram apontadas pelo Ibama e pela Comissão Nacional de Energia Elétrica (CNEM). A barragem é, na verdade, uma velha mina de urânio do tamanho de 100 estádios do Maracanã.
A exploração deste local foi encerrada em 1995, mas nada foi feito com relação à descontaminação. Um estudo enviado à Universidade Federal de Ouro Preto no ano de 2018, prova que há infiltração, o que aumenta mais ainda o risco de ruptura.
Rio Pardo
A nascente do rio Pardo está localizada na cidade de Ipuiúna, no sul de Minas, e adentra o Estado de São Paulo após passar por Poços de Caldas. O rio passa por diversos municípios paulistas, como Caconde, Mococa, Cajuru, Ribeirão Preto, Sertãozinho, Jardinópolis, Viradouro, Barretos, entre outros, até desembocar no rio Grande.
Medidas
Segundo um ofício encaminhado à Câmara Municipal de São José do Rio Pardo, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável solicitou conforme a lei nº12.334/2010 e lei complementar nº140/2011, que a Diretoria de Gestão de Resíduos da FEAM avalie a pertinência de encaminhamento do relatório de análise ao IBAMA e ANA para conhecimento e para que as providências necessárias sejam tomadas.
Quanta qualidade! Faz tempo que não vejo tanta informação bem detalhada em um só post, a informação bem repassada que faz a diferença. Eu como leitor amo isto, trabalho excelente!