1. Roberto Campos Neto (Banco Central)
O indicado é neto de Roberto Campos (1917-2001), importante economista liberal que foi ministro durante a ditadura militar. Tem 49 anos e é diretor do banco Santander, responsável pela tesouraria. É especialista em finanças pela Universidade da Califórnia.
Seu nome será levado ao Senado, que tem a atribuição de aprovar a indicação.
Trabalhou no Banco Bozano Simonsen de 1996 a 1999. De 2000 a 2003, trabalhou como chefe da área de Renda Fixa Internacional no Santander Brasil. Em 2004, ocupou a posição de Gerente de Carteiras na Claritas. Voltou ao Santander Brasil em 2005 como Operador e em 2006 foi Chefe do Setor de Trading. Em 2010, passou a ser responsável pela área de Proprietária de Tesouraria e Formador de Mercado Regional & Internacional.
O Banco Central é o responsável, entre outras atribuições, pelo controle da inflação no País. Cabe a ele conduzir as políticas monetária, cambial, de crédito, e de relações financeiras com o exterior; a regulação e da supervisão do Sistema Financeiro Nacional; a administração do Sistema de Pagamentos Brasileiro e os serviços do meio circulante.
2. Tereza Cristina (Agricultura)
A futura ministra da Agricultura é voz forte da Frente Parlamentar da Agropecuária, conhecida como bancada ruralista, da Câmara. É deputada federal pelo DEM do Mato Grosso do Sul e começou seu primeiro mandato em 2015. É engenheira agrônoma e teve cargos em governos do seu estado.
Defendeu a PEC 125, que propunha uma mudança na Constituição para tirar da União e passar para o Congresso a competência para demarcar terras indígenas. O projeto não avançou. Presidiu a comissão onde foi aprovado o projeto de lei batizado pela oposição de “PL do Veneno“, que tramita na Câmara. Segundo especialistas ouvidos pela BBC News Brasil, o projeto de lei põe Brasil na contramão da Europa na questão do uso de agrotóxicos. O projeto dá mais poderes ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para realizar a avaliação toxicológica das substâncias e aprovação do seu uso, dimuindo as competências de controle e fiscalização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) no processo.
3. Joaquim Levy (BNDES)
O futuro presidente do BNDES foi nomeado ministro da Fazenda por Dilma Rousseff para seu segundo mandato e anunciado pouco depois de a presidente se reeleger. O cargo era ocupado até então por Guido Mantega.
Levy administrava na época um dos braços do banco Bradesco, o Bradesco Asset Management, e teria sido escolhido depois de o então presidente da instituição, Luiz Carlos Trabuco, ter declinado o convite para o mesmo cargo.
Ex-aluno do ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, ele é visto como um adepto do liberalismo econômico, que prega uma menor intervenção do Estado na economia, filosofia criticada por Mantega.
Levy assumiu o ministério de Dilma com a missão de recuperar o quadro econômico do País, quando a inflação rondava o teto de 6,5% estabelecido pelo Banco Central, a economia estava quase estagnada e o governo já admitia que não deveria atingir as metas fiscais.
Doze meses depois, a situação havia piorado, e a economia enfrentava sua pior recessão desde os anos 1990, com um desemprego crescente, inflação de cerca de 10% e uma retração de 3,8% do PIB, o pior resultado em 25 anos.
Levy acabou sendo substituído pelo então titular do Ministério do Planejamento, Nelson Barbosa. Um mês depois, foi nomeado diretor financeiro do Banco Mundial em Washington, onde estava até agora.
Engenheiro naval de formação, com mestrado e doutorado em economia pela Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, Levy trabalhou no início de sua carreira no Fundo Monetário Internacional e foi vice-presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento.
Já teve duas outras experiências na gestão pública antes de integrar o governo Dilma. Foi secretário de Fazenda do governo de Sérgio Cabral no Rio de Janeiro, entre 2007 e 2010, e comandou o Tesouro na gestão do ex-ministro Antonio Palocci, de 2003 a 2006, durante o primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva.
4. Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional)
O general da reserva Augusto Heleno Ribeiro quase foi candidato a vice-presidente de Bolsonaro no lugar do general Hamilton Mourão, mas a intenção acabou frustrada por contrariar a estratégia eleitoral do seu partido, o PRP. Em entrevista ao Jornal Nacional logo após o primeiro turno, Bolsonaro chegou a se referir duas vezes ao seu vice erroneamente como “Augusto”.
Heleno, que é general de quatro estrelas (general de Exército, no topo da hierarquia), deve assumir o comando do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), substituindo o general Sérgio Etchegoyen.
O general Heleno se formou na Academia Militar das Agulhas Negras com o primeiro lugar na turma de cavalaria em 1969 – oito anos antes, portanto, que Bolsonaro. Tornou-se conhecido do grande público ao ser nomeado o primeiro comandante militar da Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti (Minustah), liderada pelo Brasil, cargo que ocupou de 2004 a 2005.
Depois, assumiu, em setembro de 2007, o Comando Militar da Amazônia (CMA), um dos postos mais prestigiosos do Exército. Menos de dois anos depois, porém, foi removido após chamar a política indigenista do governo Lula (2003-2010) de “caótica” e dizer que a demarcação contínua da reserva Raposa-Serra do Sol era uma “ameaça à soberania nacional”.
“Demarcações de terras indígenas baseiam-se em laudos antropológicos forjados. Os índios seguem abandonados e servem como massa de manobra de interesses escusos de ONG estrangeiras”, afirmou, quando já estava aposentado, em entrevista a uma pesquisa da USP.
Encerrou sua carreira no Exército no burocrático Departamento de Ciência e Tecnologia, de onde saiu em 2011. No discurso de despedida, elogiou o golpe militar de 1964 ao se referir à memória do pai, que também serviu às Forças Armadas: “Lutastes, em 1964, contra a comunização do país e me ensinastes a identificar e repudiar os que se valem das liberdades democráticas para tentar impor um regime totalitário, de qualquer matiz”.
Após deixar o Exército, onde chegou a chefiar o Centro de Comunicação Social, enveredou para a área de mídia. Foi consultor de segurança e assuntos militares da TV Bandeirantes e também dirigiu a Comunicação e a Educação Corporativa do Comitê Olímpico Brasileiro.
É apontado como conselheiro de Bolsonaro na área de segurança e, assim como ele, defende que os policiais tenham poder para executar criminosos armados. “Eu vou ter morto sim, mas vou ter morto do lado certo”, afirmou em entrevista a rádio BandNews no início do ano.
5. Fernando Azevedo e Silva (Defesa)
O futuro ministro da Defesa do governo Jair Bolsonaro é general da reserva e foi assessor do presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli.
Foi chefe do Estado-Maior do Exército e esteve à frente da Autoridade Pública Olímpica durante o governo de Dilma Rousseff
Azevedo e Silva também foi chefe da assessoria parlamentar do Comando do Exército de 2003 a 2004.
Em entrevista à Folha de S.Paulo, Azevedo e Silva disse que as Forças Armadas estão “vacinadas” em relação à política. “Estamos muito vocacionados para nossa atividade-fim, que é cumprir o Artigo 142 [defesa da Pátria, garantia dos poderes constitucionais e da lei e da ordem].”
6. Ernesto Araújo (Relações Exteriores)
O embaixador de 51 anos é atualmente diretor do Departamento dos Estados Unidos, Canadá e Assuntos Interamericanos.
O embaixador tinha um blog onde expunha suas opiniões contra o PT e elogios a Jair Bolsonaro.
Na descrição de si mesmo, escreveu: “Sou Ernesto Araújo. Tenho 28 anos de serviço público e sou também escritor. Quero ajudar o Brasil e o mundo a se libertarem da ideologia globalista. Globalismo é a globalização econômica que passou a ser pilotada pelo marxismo cultural. É um sistema anti-humano e anti-cristão.”
Em artigo intitulado “Trump e o Ocidente”, publicado na revista de Política Externa do Itamaraty, elogia Donald Trump, que compara a Ronald Reagan e Winston Churchill.
7. Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia)
O engenheiro e astronauta Marcos Pontes chegou a ser cotado para vice-presidente de Bolsonaro – cargo que acabou ficando com o general Hamilton Mourão.
Sua indicação para o Ministério de Ciência e Tecnologia, porém, há meses ganha força.
Em um vídeo publicado em seu canal no YouTube em abril de 2017, Bolsonaro o apresenta como “colega da Aeronáutica, colega astronauta e motivo de orgulho para o Brasil, que também esteve na Nasa” – e “chegou lá por mérito”.
“E nós carecemos muito de gente com essa visão, né? De ser cientista, de ser pesquisador, no caso dele um astronauta”.
Bolsonaro pergunta então a ele se “país sem tecnologia está condenado a ser escravo de quem a tem”. Como resposta, ouviu um “sem dúvida, aliás, educação, ciência e tecnologia têm importância primordial no desenvolvimento do país”.
Em 19 de outubro, em entrevista ao Jornal da Band, Bolsonaro afirmou que estava na iminência de se acertar com o astronauta para o ministério, destacando que ele “é um conhecedor com profundidade do que acontece na ciência e tecnologia do Brasil, ou melhor, do que não acontece”, além de ser “patriota, ter conhecimento, vontade de mudar as coisas e uma iniciativa muito grande”.
Em 2006, a missão espacial da qual Marcos Pontes participou, ligada à Estação Espacial Internacional, custou ao Brasil US$ 10 milhões, gerando questionamentos de parte dos pesquisadores sobre o valor científico para o país. A saída de Pontes à reserva militar, meses depois, para se dedicar a dar consultorias e palestras e se envolver na política, também despertou críticas.
Bolsonaro teceu elogios ao astronauta em carta à Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e à Academia Brasileira de Ciências (ABC). O texto apresenta propostas à comunidade científica e acadêmica e reforça que o “engenheiro, que também é astronauta, foi escolhido” (para as funções que já ocupou) por meritocracia e não por “toma lá da cá”.
Bolsonaro afirmou ainda, no texto, que os investimentos do Brasil na área são tímidos, que devem ser estimulados e que o provável novo ministro “tem esse conceito sistemático bem presente nas suas propostas, além de ter ótimas relações internacionais, o que nos traz boas perspectivas de cooperações lucrativas para o país”.
Nascido em São Paulo, em 1963, Marcos Pontes é mestre em Engenharia de Sistemas, engenheiro aeronáutico, piloto de testes de aeronaves e astronauta. Ele entrou na Força Aérea Brasileira em 1981. Em 1998, passou em um concurso público da Agência Espacial Brasileira (AEB) para representar o Brasil na Nasa na função de astronauta. Se tornou o primeiro astronauta brasileiro.
Essa não é sua primeira investida no campo político.
Em 2014, ele foi candidato a deputado federal de São Paulo pelo PSB, mas não foi eleito. Em 2018, era candidato ao cargo de 2º Suplente de São Paulo pelo PSL na coligação São Paulo acima de tudo, Deus acima de todos.
8. Onyx Lorenzoni (Casa Civil)
Um dos mais ferrenhos opositores ao PT na Câmara dos Deputados e apoiador de primeira hora da candidatura de Bolsonaro, o deputado federal reeleito Lorenzoni deve ocupar o cargo de ministro-chefe da Casa Civil no novo governo.
Contrariando a orientação do seu partido, que no primeiro turno apoiou a candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB), o parlamentar gaúcho é articulador da campanha do presidente eleito desde 2017. Há cerca de um ano, começou a realizar jantares em sua casa em Brasília a fim de atrair outros parlamentares e construir uma frente suprapartidária de apoio ao capitão reformado.
Lorenzoni, de 64 anos, é médico veterinário e iniciou sua atuação política como dirigente de entidades da categoria no Rio Grande do Sul. Ele é sócio do Hospital Veterinário Lorenzoni onde, por mais de 20 anos, atuou como clínico e cirurgião de pequenos animais.
Após dois mandatos como deputado estadual, chegou em 2003 à Câmara Federal, quando se tornou amigo de Bolsonaro. Chegaram a ser colegas de partido por um período. “É um pouco radical, tem umas ideias de que eu discordo, mas é uma pessoa que respeito. Liderei o Bolsonaro quando fui líder do Democratas em 2008. Comigo, ele foi nota dez”, disse em entrevista de abril de 2017 ao portal Congresso em Foco.
Assim como o novo presidente, o parlamentar batalhou na Câmara pela flexibilização do Estatuto do Desarmamento e pela aprovação do impeachment de Dilma Rousseff (PT). Defendeu que seu partido não assumisse cargos no governo Michel Temer (MDB), mas a posição acabou vencida.
No final de 2016, ganhou destaque como relator do projeto de lei elaborado pelo Ministério Público que ficou conhecido como Dez Medidas Contra a Corrupção. À sua revelia, a proposta acabou desfigurada no texto final aprovado na Câmara e, depois, empacou no Senado.
Apesar de sua postura incisiva pela moralidade na administração pública e na política, foi citado na delação premiada da JBS como receptor de R$ 200 mil para caixa dois eleitoral. Lorenzoni preferiu admitir que havia recebido recursos não declarados para cobrir gastos de campanha, segundo ele em valor menor, de cerca de R$ 100 mil, mas afirmou que não houve contrapartida a essa doação, nem dinheiro público envolvido.
Após essa revelação, ele tatuou no braço o versículo bíblico: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”.
“Por que eu tatuei isso? Para nunca mais errar”, disse em entrevista a uma rede de TV de Cachoeira do Sul (RS).
“Entre carregar uma mancha que me macularia pela vida toda, eu resolvi ter uma cicatriz”, acrescentou.
9. Paulo Guedes (Economia)
O economista liberal Guedes – que ficou conhecido na campanha como “Posto Ipiranga” por ser a referência para qualquer questão econômica levada a Bolsonaro – deve assumir um super-Ministério da Fazenda, previsto para incorporar também as pastas do Planejamento, da Indústria e Comércio, além da secretaria que hoje cuida de concessões e privatizações.
A fusão faz parte da promessa de reduzir o número de ministérios de 29 para 15. Guedes é um fervoroso defensor da redução do tamanho do Estado e promete zerar o rombo das contas da União de mais de R$ 100 bilhões em apenas um ano, com ajuda de um amplo programa de privatizações.
O economista já declarou que gostaria de vender todas as estatais, sem restrições, mas Bolsonaro quer preservar as que considera “estratégicas”, como Petrobras, Banco do Brasil e Caixa Econômica.
“Mais Brasil e menos Brasília”, resumiu em artigo do ano passado, com críticas à “concentração de poder político e recursos financeiros no governo federal”.
Carioca, nascido em 1949, Guedes deixou o Brasil nos anos 1970 para fazer doutorado sobre política fiscal na Universidade de Chicago (EUA), referência no ensino de economia liberal. De lá saíram os chamados Chicago Boys, grupo de economistas que atuou no governo do ditador chileno Augusto Pinochet (1973-1990).
A convite de um deles, Jorge Selume, Guedes de tornou professor da Universidade do Chile no início dos anos 1980, segundo perfil da revista Piauí.
Logo, porém, retornou ao Brasil, onde desenvolveu carreira no mercado financeiro e na área de educação. Chegou a dar aulas na PUC e na FGV e presidiu o Ibmec, uma escola de negócios. Fundou, em 1983, o banco Pactual, hoje BTG Pactual, do qual já se desligou. Foi sócio de outras gestoras de recursos e hoje é presidente da Bozano Investimentos, posto que deixará para integrar o novo governo.
Segundo jornais brasileiros, o Ministério Público Federal instaurou no início do mês uma investigação para apurar se Guedes teria cometido gestão fraudulenta ao administrar R$ 1 bilhão captado em 2009 junto a fundos de pensão estatais e investido em dois fundos da gestora BR Educacional. A defesa do economista negou qualquer ilegalidade e disse que a investigação “é uma afronta à democracia cujo principal objetivo é o de confundir o eleitor”.
A aproximação com Bolsonaro ocorreu no final de 2017, quando o então pré-candidato subia nas pesquisas, mas ainda estava longe de despontar como favorito. O economista, porém, já enxergava o potencial vitorioso do agora presidente eleito e passou a externar isso em artigos. Os textos atraíram a atenção de Bolsonaro, que precisava de um interlocutor para conquistar a confiança do mercado financeiro – a estratégia funcionou.
10. Sérgio Moro (Justiça e Segurança Pública)
O juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba era responsável pelo julgamento dos processos da Operação Lava Jato até aceitar o convite de Jair Bolsonaro para o governo. Com isso terá que deixar seu cargo no Judiciário.
Um dia após ser eleito, Bolsonaro disse que gostaria de ter Moro no Ministério da Justiça ou de indicá-lo para o Supremo Tribunal Federal (STF).
A vaga no Supremo, no entanto, depende da saída de atuais ministros – o que deve acontecer em 2020, quando o ministro Celso de Mello completar 75 anos e se aposentar compulsoriamente. No ano seguinte outra vaga se abrirá com a aposentadoria de Marco Aurélio Mello.
Em uma entrevista em 2016 ao jornal o Estado de S. Paulo, Moro dissera que jamais entraria para a política.
Segundo o próprio juiz, o que o fez aceitar se desligar do Judiciário e virar ministro foi a “a perspectiva de implementar uma forte agenda anticorrupção e anticrime organizado” no Executivo.
Em suas primeiras declarações após aceitar o convite de Bolsonaro, Moro indicou que sua primeira medida será encaminhar ao Congresso, já no início de 2019, um pacote de propostas de novas leis anticorrupção.
A ideia é resgatar parte do que ficou conhecido como Dez Medidas Contra a Corrupção – pacote que foi desfigurado na Câmara dos Deputados em 2016 e acabou empacado no Senado – e aproveitar também algumas sugestões reunidas no livro Novas Medidas Contra a Corrupção, elaborado pela Transparência Internacional e a Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Com a reunificação dos ministérios da Justiça e da Segurança Pública, áreas que foram divididas pelo presidente Michel Temer, a Polícia Federal ficará subordinada à pasta de Sergio Moro. Bolsonaro já garantiu que o futuro ministro terá autonomia para definir o diretor geral da instituição e os superintendentes.
Moro terá sob sua responsabilidade a crise da segurança pública, demarcação de terras indígenas e o tratamento de imigrantes e refugiados, o que inclui a tensão envolvendo venezuelanos que ingressam em Roraima. Um grande desafio, portanto, será como conciliar tudo.
As primeiras declarações de Moro sinalizam que o combate ao crime organizado será prioridade ao lado da corrupção. Nesse campo, sua propostas também passam por projetos de lei, por exemplo para regulamentar o uso de “policiais disfarçados para descobrir crimes, (…) por exemplo comprando grandes carregamentos de drogas e armas”.
“Pretendo utilizar forças-tarefas não só contra esquema de corrupção, mas contra o crime organizado. Nova York, na década de 1980, combateu cinco famílias poderosas por meio da criação de forças tarefas”, defendeu também na coletiva de imprensa.
11. Ivan Monteiro (Petrobras)
Ivan Monteiro é engenheiro eletrônico formado pelo Instituto Nacional de Telecomunicações, em Minas Gerais, com pós-graduações no Ibmec e na PUC, ambas no Rio de Janeiro.
Fez carreira no Banco do Brasil, onde foi vice-presidente de gestão financeira entre 2009 e 2015, ano em que deixou o banco e foi para a Petrobras.
Chegou à estatal ainda no governo de Dilma Rousseff, indicado por Aldemir Bendine, que era presidente do Banco Central e assumiu como presidente da Petrobras após a saída de Graça Foster.
Monteiro sucedeu Pedro Parente como presidente da Petrobras, após Parente pedir demissão em maio deste ano, em meio à crise provocada pela greve dos caminhoneiros.
Por sua vez, Parente chegou ao posto depois de Bendine renunciar, em maio de 2016, com o afastamento de Dilma da Presidência em meio ao processo de impeachment.
Bendine seria depois condenado a 11 anos de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro como parte da operação Lava Jato.
Então diretor financeiro da Petrobras, Monteiro era considerado braço direito de Parente e fez uma reestruturação das dívidas da empresa e comandou uma venda de ativos da ordem de US$ 13,6 bilhões.
Com a saída de Parente, Monteiro foi primeiro nomeado presidente interino pelo conselho de administração e depois confirmado por Temer no cargo, que assumiu em junho deste ano. Seu mandato vai até 26 de março de 2019.