Silvio Torres explica decisão de não concorrer
Deputado fala também das eleições de outubro e dos desafios do futuro presidente
O deputado federal Silvio Torres (PSDB) concedeu entrevista a Luis Henrique Artioli Tobias no último final de semana, na Difusora AM. Mencionou inicialmente que está completando 36 anos de vida pública, que teve início em 1982 quando foi eleito prefeito de São José do Rio Pardo e exerceu o cargo durante seis anos.
Em seguida, segundo lembrou, foi candidato a deputado estadual em 1990, não tendo sido eleito diretamente, mas assumindo o cargo depois, por dois anos. Em 1994 se candidatou a deputado federal e, a partir daí, exerceu essa importante função parlamentar durante seis mandatos seguidos – exceto quando foi secretário de Habitação na gestão de Geraldo Alckmin.
Silvio Torres recordou que, na última eleição, recebeu 175 mil votos como deputado federal e, caso optasse por concorrer novamente, possivelmente seria reeleito. No entanto, mediante uma decisão que ele qualifica de amadurecida, preferiu não concorrer mais. “Eu já cumpri a meta que tinha no sentido de entender, participar e tentar ajudar o país e a política brasileira. De forma especial, tentei ajudar a região que me apoia, incluindo São José do Rio Pardo, e acho que já completei esta etapa”, avaliou.
Disse sentir-se realizado e oportunamente efetuar uma prestação de contas de tudo o que conseguiu fazer nesse período como parlamentar, participando de eventos importantes da política brasileira. Frisou que tem tido uma vida partidária intensa e que hoje ainda é tesoureiro nacional do PSDB, com a responsabilidade de administrar todos os recursos, inclusive os públicos. “Isso me faz dedicar mais a esse fato”, justificou.
Família pesou
A família também pesou em sua decisão de não concorrer novamente à Câmara Federal, embora, segundo assegurou, seus familiares nunca se opuseram à carreira que ele escolhera. “Não vou abandonar a vida pública e continuo acreditando que através dela todos nós podemos contribuir de alguma maneira. Estou muito envolvido na campanha do governador Alckmin para presidente, não só porque sou tesoureiro nacional do partido, mas porque também tenho com ele uma relação já antiga e próxima. Tenho procurado ajudar em tudo o que posso”.
Previu Silvio Torres que o Brasil passará por uma fase de muita dificuldade para sobrepor o que já está enfrentando. “E, se o Alckmin for eleito, o que acredito ter grande chance, estarei sempre procurando ajudar minha cidade e minha região, como sempre fiz”, continuou.
“Saio limpo, sem nenhuma investigação, sem nenhum processo. É uma obrigação de qualquer homem público ser honesto, ser direito, ser correto e íntegro. Mas, durante 36 anos manter-se assim, para mim é uma vitória pessoal porque as oportunidades para ser desonesto nunca faltaram. No entanto, a gente tem a questão do caráter, da personalidade e da formação. Eu tenho o sentimento de ter honrado aqueles todos que acreditaram em mim, especialmente a minha família e a herança de meu pai, Lupercio Torres”, lembrou, emocionado.
Admitiu que os muitos recursos e obras conseguidas para São José do Rio Pardo e região não vieram somente através do empenho dele como parlamentar, mas com a ajuda de prefeitos e outros deputados junto aos governos estadual (principalmente) e federal.
As eleições
Quanto às eleições de outubro próximo, que definiu como decisivas para o país, reiterou que está totalmente envolvido com a campanha de Alckmin. “Tivemos três anos seguidos de recessão, resultando em perdas importantes em serviços essenciais para a população e em investimentos privados. Estamos com déficit público, com 140 bilhões de reais a faltarem no ano que vem nas contas do governo. O país ainda não saiu da situação gravíssima em que está passando, fruto de administrações incompetentes”.
O próximo presidente da República, segundo ele, passará por um desafio pelo qual nunca um presidente brasileiro eleito pelo povo passou. Mencionou que as campanhas de rua começaram agora e, no dia 31 de agosto, iniciam as campanhas eleitorais no rádio e TV, possibilitando ao eleitorado nacional conhecer melhor seus candidatos, já que 60% desses eleitores ainda estão indefinidos.
Apoios
Silvio Torres reiterou estar otimista quanto a Geraldo Alckmin por conta do elenco de partidos e coligações que o apoiam nesta campanha. Apoio este que, em sua opinião, dará ao ex-governador uma grande expressão nacional em todo o processo eleitoral que agora se inicia. “Este apoio virá de prefeitos, governadores e deputados que irão trabalhar em todos os municípios e todos os estados. E, além disso, dão a ele o respaldo para, eleito, poder fazer uma administração e as reformas necessárias, que precisam da votação de um número grande de congressistas. Sem isto ninguém governa. Então, as alianças deles vão no sentido de ter governabilidade e capacidade de fazer as mudanças sem fazer nenhuma concessão e, caso Alckmin seja eleito, deverá perdurar no decorrer de seu mandato presidencial”, continuou.
“O combate à corrupção, a seriedade, o trato com o gasto público, com economia, com parcimônia, fazem parte das expectativas da sociedade brasileira dos eleitores que irão votar agora no dia 7 de outubro. É um quadro que ainda tem muita indefinição eleitoral, mas é um quadro que tem uma coisa muita clara: o povo vai votar naquele que transmitir esperança, confiança, seriedade e compromisso com o interesse público. Acho que essas qualidades, aliadas à experiência e à capacidade de administrar, é que completam o perfil de quem a opinião pública e o eleitor procuram e que, tenho certeza, irão se confirmar no dia 7 de outubro. E, se houver segundo turno, no final de outubro”, concluiu.
Silvio Torres: povo votará em quem transmitir compromisso com o interesse público