Com pandemia, adolescentes deixaram a escola para trabalhar

Escolas se mobilizaram para alocar alguns estudantes a noite para não perderem o ano letivo

Com o final do ano se aproximando, as férias escolares começarão em breve. Devido a pandemia, muitos alunos apresentaram dificuldades durante os dois últimos anos. Pesquisa da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo avaliou que houve grande defasagem no ensino dos alunos do 5º e 9º ano do Ensino Fundamental e do 3º ano do Ensino Médio durante o período da pandemia.

O levantamento feito em abril apontou que os estudantes do Ensino Fundamental precisam crescer em conhecimento três vezes mais em português e 11 vezes mais em matemática. E o nível do Ensino Médio atual piorou três vezes em comparação a outro levantamento.

A dirigente regional de ensino de São João da Boa Vista, Silvia Helena Dalbon, falou nessa semana para a Rádio Difusora sobre a educação estadual em vários aspectos. Gazeta do Rio Pardo reproduz trechos da entrevista.

Necessidade de trabalho

Um dos assuntos que mais chamou a atenção foi o fato de muitos adolescentes terem deixado os estudos de lado durante a pandemia para trabalhar, já que os integrantes da família estavam desempregados em razão da crise.

“Os alunos dos anos iniciais, do segundo ao quinto ano, e dos anos finais, voltaram em massa. O nosso grande desafio é o Ensino Médio, porque grande parte desses alunos foram trabalhar durante a pandemia. Dificilmente eles irão deixar o trabalho para retornar as aulas presenciais. Fizemos uma busca ativa muito grande”, relatou.

Silvia explicou que as escolas tentaram alocar os alunos que trabalham para estudar no período noturno, para que eles não tenham que desistir do trabalho e nem abandonar a escola. “Sabemos a situação de um estudante que não conclui pelo menos o Ensino Médio, sabemos o quanto é difícil ingressar no mercado de trabalho nessa circunstância. Se ele tiver que optar entre estudar e colocar comida na mesa, é óbvio que ele vai ajudar a colocar alimento na mesa de casa”, completou.

“Tudo o que nós podemos fazer por esses alunos, para que eles se organizem e não percam o ano letivo, estamos fazendo”, relatou.

Recuperação nas férias

As aulas estaduais terminam oficialmente no dia 23 de dezembro.

No período de 4 a 21 de janeiro, as escolas estaduais oferecerão uma recuperação durante as férias para os alunos que necessitarem, ou seja, aqueles alunos que não possuem no mínimo 75% de presença e que não tenham feito as atividades escolares. “Os estudantes que precisarem da recuperação, devem procurar a escola para receber a orientação e os materiais”, completou a dirigente.

As aulas do ano letivo de 2022 retornarão no dia 2 de fevereiro.

Servidores receberão abono

Na região da Diretoria de Ensino de São João da Boa Vista, levando em consideração os 15 municípios que a região abrange, cerca de 2.120 servidores receberão o abono relativo ao novo percentual do Fundeb.

“O estabelecimento desse abono foi para este momento de pandemia, mas nada impede que ele aconteça outras vezes”, diz a dirigente, informando que o bônus, a partir do ano que vem será vinculado ao rendimento dos estudantes na prova do Ideb.

Saresp

O Saresp também tem o objetivo de avaliar o rendimento das escolas estaduais do estado de São Paulo. “Essa prova é para nos fornecer condições para planejar o próximo ano letivo sabendo de que ponto precisaremos partir”, disse.

“Acho que ainda não temos dimensão do desafio que virá pela frente. Estamos sentindo economicamente, socialmente, e começando a perceber os efeitos que a pandemia teve no lado emocional de cada um, mas acredito que tenham muitos outros desafios por vir”, observou.

Com informações da CNN Brasil