Segundo Alessandra Freire Paolielo, da Ong Unir, a entidade promove campanhas para vacinar animais de rua e de famílias de baixa renda, mas a situação atual tem dificultado as ações, já que a Ong não tem a colaboração do poder público.
“Apesar de conhecermos a doença há um tempo, esse ano foi bastante assustador para nós. Foi pior do que em 2020. Chegam muitos casos, não apenas de cães de rua, mas também de proprietários que não mantém a vacina em dia. Aparece um caso atrás do outro, são tantos que não sei informar um número exato. Nos meses de inverno, foi pior, porque o vírus se propaga mais”, relatou.
Todos os anos, no mês de abril, a Unir faz uma campanha para alertar a importância da vacinação contra a cinomose.
No caso dos animais de rua, a Ong realiza uma campanha para arrecadar dinheiro e vacina-los. Mas para Alessandra, este ano foi deprimente. “Fizemos uma vaquinha, que não chegou nem na metade do valor, então tivemos que complementar, fazendo rifa, pegando as doações das pessoas, mesmo assim tivemos que fazer outras coisas para conseguir o dinheiro, porque o valor não é barato. Queríamos arrecadar a maior quantia o possível para poder vacinar mais animais”, comentou.
Há dois anos a Unir se dedica à campanha. “Já temos os animais de rua que acompanhamos, e que já foram vacinados com nossas campanhas anteriormente. Não podemos vacinar um animal doente. Quando eles não estão bem, levamos no veterinário e cuidamos deles antes de vacina-los. Temos esse controle sobre os cães que conhecemos e também ajudamos os animais de famílias de baixa renda a manter a vacinação”, explicou.
Prefeitura e Zoonoses não ajudam
A presidente da Ong diz que já fez duas reuniões com a atual gestão municipal desde que assumiram, mas apesar da Prefeitura ter alguns projetos, não executam. “Não temos um respaldo deles. Fazemos as reuniões, explicamos tudo o que precisa ser feito, mas não temos um retorno e nem uma iniciativa da Prefeitura em relação a esses animais de rua. Por mais que façam reuniões, não sai do papel. A Zoonoses está ali, mas é ineficaz. São totalmente despreparados, quando vamos até lá buscar informações eles nunca sabem informar nada”, lamentou.
“Nós da Unir fazemos aquilo que está em nosso alcance. Infelizmente tratar um animal já contaminado, é inviável para nós. O gasto é muito grande, o animal precisa ter um local separado dos outros, e precisa ter uma pessoa acompanhando diariamente o tratamento e se dedicando a ele, é muito complicado. Já tentamos tratar muitos casos, mas infelizmente no final eles morriam, então optamos por fazer a prevenção”, explicou.
Apesar do baixo número de arrecadações durante a campanha, a Ong juntou esforços e teve um bom resultado, conseguindo vacinar 70 cães. “As coisas poderiam estar piores se não tivéssemos feito isso”, encerrou.
Zoonoses diz que não atua em casos de cinomose
Diante do registrado aumento no número de casos da doença na população canina do município, Gazeta do Rio Pardo buscou informações junto ao Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), para saber qual a atuação do órgão diante destas ocorrências.
Foi perguntado se: Existe um controle que registre a quantidade de casos de Cinomose no âmbito do município?; Há algum programa municipal que ofereça vacina para cães de famílias de baixa renda contra esse tipo de doença?; Qual é a atuação do CCZ quando há uma informação sobre detecção de Cinomose em algum animal? e Se o cão apresentar sintomas da doença, como os proprietários devem proceder?
Em nota, respondida na quinta-feira, 30, o CCZ explicou suas atribuições: “O Centro de Controle de Zoonoses é um órgão do SUS, responsável por atuar em casos de zoonoses, ou seja: doenças transmitidas de animais para humanos que sejam de relevância a saúde Pública de acordo com o Manual de Vigilância, Prevenção e Controle de Zoonoses: Normas Técnicas e Operacionais / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. – Brasília: Ministério da Saúde, 2016 e a Portaria de Consolidação n°5, de 28 de setembro de 2017”.
E continuou explicando: “A Cinomose não é uma zoonose, portanto o CCZ não pode atuar efetivamente sobre esses casos. Nunca houve na cidade um programa municipal que ofereça esta vacina para cães de famílias de baixa renda”.
A nota destaca ainda que o “CCZ disponibiliza para todo o município a vacina antirrábica para cães e gatos durante o ano todo”.
E, por fim, informou que “a Prefeitura Municipal está providenciando mais de 400 castrações gratuitas às famílias de baixa renda em 2021, está investindo mais de 335 mil reais em uma ampliação do canil municipal, inaugurou o IMVL e já trabalha com novos avanços para o orçamento de 2022”.