Semana terminou com 95 casos de Covid-19 e 4 óbitos e Eliezer Gusmão fala sobre as sequelas da doença
Com a queda de mortes por coronavírus, o governo do estado de São Paulo anunciou nesta quarta-feira (28) flexibilizações nas regras do Plano SP, que permite o retorno gradual das atividades a partir do monitoramento dos índices da Covid-19. Nas últimas 24 horas, nesse domingo, o país registrou 20.503 casos da doença, e 464 óbitos. Em São José do Rio Pardo, durante a semana, foi registrado um óbito por dia, com exceção da sexta-feira (30), somando 4 mortes ocasionadas pela doença. Além disso, o município registrou 95 óbitos na semana. Eliezer Gusmão, médico e diretor técnico da Santa Casa, participou do Jornal do Meio Dia da Rádio Difusora, na sexta-feira(30), e comentou sobre as sequelas mais comuns deixadas pelo vírus, fez um balanço sobre as internações na Santa Casa, e falou a respeito do retorno das cirurgias eletivas.
Sequelas
Uma das queixas de pacientes que tiveram Covid-19 são as sequelas, que se apresentam de diferentes formas. O médico observa que este quadro acontece dependendo da gravidade com que o paciente passou pela doença. “As pessoas que têm um quadro leve não ficam praticamente com sequela nenhuma. Os pacientes que ficaram entubados por muito tempo, de modo geral, tem uma sequela pulmonar, ficam com uma fibrose, a capacidade respiratória fica reduzida. Percebemos muito isso em pacientes que tiveram um caso entre moderado e grave. Eles se queixam de um cansaço em atividades corriqueiras que faziam antes, e após terem pego a doença, enfrentam dificuldades em realiza-las”, comentou.
As sequelas da Covid-19, segundo pontuou, se apresentam de diferentes formas.
“Tem sequelas neurológicas, pacientes que sentem dor em membros inferiores, ou perda da sensibilidade. Sequelas vasculares também são relatadas, como claudicação intermitente, que é quando o paciente anda mais, e começa a sentir dores, existem muitas sequelas”.
As tromboses – outro quadro bastante relatado, segundo explicou, decorrem de lesões na parte interna dos vasos e das artérias. “O sangue quando circula tem um certo atrito nessas partes lesionadas, o que gera trombo, que são coágulos, que podem entupir uma veia ou artéria e levar a quadros mais complicados, ou até mesmo afetar o músculo cardíaco. A pessoa pode desenvolver uma insuficiência cardíaca, mas são sequelas recuperáveis com o tratamento”, declarou.
Para os pacientes que apresentam um quadro da Covid-19 de moderado a severo, recomenda-se o uso de anticoagulantes. “Mesmo que a pessoa tenha se recuperado da doença ainda usam por um certo tempo para evitar que ocorra formação de coágulos”, disse.
Óbitos
Durante a última semana, segundo dados da Vigilância Epidemiológica, o município registrou 4 óbitos decorrentes da Covid-10. “Eram dois pacientes que estavam com Covid, mas não estavam na UTI. Eles foram internados na enfermaria, um teve um infarto e acabou falecendo. Foi um quadro súbito. Uma outra paciente idosa, que também já estava com a doença internada, evoluiu o quadro para um edema agudo de pulmão, ela já tinha uma insuficiência cardíaca e faleceu. Tivemos o caso de outra paciente que já estava na UTI Covid há muito tempo, depois foi transferida para a outra ala da UTI, e acabou morrendo por sequelas da Covid. Nenhuma dessas pessoas morreu em casa, elas já estavam internadas mesmo sem estarem na UTI, infelizmente tiveram um quadro súbito no meio do caminho”, afirmou.
Conforme observou Eliezer Gusmão, nesta semana houve aumento de casos na enfermaria. “Estamos com quatro na UTI, mas nem todos estão intubados, e na enfermaria estamos com sete pacientes, a maioria com casos de leve a moderados”, relatou.
Cenário mais “tranquilo”
Eliezer acredita que conforme o aumento da vacinação, a tendência seja de queda em relação a novos casos da doença. “Já estamos atingindo uma espécie de imunidade coletiva, em que a doença vem se replicando com menor intensidade. Porém, não dá para afirmarmos com certeza absoluta que a pandemia acabe daqui a um ou dois meses. A doença veio para ficar, e sempre teremos casos dela. É obvio que agora com nossa capacidade hospitalar, estamos mais tranquilos”, disse.
Recusa pela 2ª dose
Como já divulgado, muitas pessoas estão se recusando a tomar a 2ª dose da vacina. Assim como no Brasil, nos EUA, por exemplo, o problema tem ocorrido com frequência e tem sido divulgado pela mídia.
“Acho que tem que ser na base do convencimento, e não da imposição. Mas acho um absurdo, a pessoa está arriscando a própria vida e não está contribuindo com a sociedade, porque a vacinação é uma proteção coletiva, não apenas individual. Um dos problemas da vacinação incompleta, é que você facilita o aparecimento de cepas resistentes e perigosas. Isso não ocorre só com vírus, ocorre também com bactérias. Quando você tem um quadro infeccioso, que não é tratado corretamente ou no tempo certo, além de não curar, você acaba selecionando bactérias que ficarão resistentes aos antibióticos. Depois de um tempo, não terá remédio algum que a mate. A mesma coisa vale para a vacinação, se não completar o ciclo, isso faz com que as cepas do vírus possam ficar resistentes a vacina. A vacinação precisa ser completa para evitar isso”, explicou.
Cirurgias eletivas
Durante a entrevista, Eliezer foi questionado sobre a volta das cirurgias eletivas, ou seja, dos procedimentos já programados. “Faz um certo tempo que retornamos com as cirurgias eletivas, é óbvio que com muito cuidado. Colocamos uma regra no hospital que foi discutida com a provedoria e corpo clínico, que cada cirurgião pode fazer até duas cirurgias eletivas por semana. No meu caso, somando as cirurgias da rede pública e de convênio, o número passa de 100. Sem contar os outros cirurgiões. Precisamos dar um andamento rápido, porque tem muitas pessoas sofrendo nessa fila. Mas com a queda do número de Covid vamos acelerar essas cirurgias”, encerrou.