Antes da pandemia, hemocentro de São João da Boa Vista recebia cerca de 800 bolsas por mês
Este mês, é realizada a campanha Junho Vermelho, adotada por instituições públicas e privadas da área da saúde em todo o território nacional. A campanha chegou ao Brasil no ano de 2015, mas em 25 de junho, quinta-feira, comemorou-se o Dia Mundial do Doador de Sague. A ação busca conscientizar a população sobre a importância da doação de sangue e, desse modo, atrair mais doadores voluntários. A pandemia diminuiu cerca de 20% das doações de sangue no país, no ano passado. O dado foi apresentado pelo Ministério da Saúde. Em 2019, foram 3,27 milhões de doações. Já no primeiro ano da Covid-19, no Brasil, foram 2,95 milhões.
Andresa Cristina Dias Arcuri, enfermeira do Hemocentro de São João da Boa Vista, esclareceu algumas dúvidas sobre doação de sangue, durante uma entrevista na segunda-feira (21) e comentou sobre a atual situação do banco.
“Em junho, julho e agosto, são os meses que temos maior queda na quantidade de bolsas de sangue, devido ao inverno e férias escolar. Estamos trabalhando com um estoque muito baixo, consideramos um estoque crítico. Todo ano no Brasil temos essa queda de doação de sangue durante esse período. Por conta do frio, as pessoas acabam não vindo doar sangue, e exatamente com a chegada do inverno a necessidade de transfusão é maior, porque temos doenças crônicas como bronquite, asma, o que aumenta internações e cai o número de doações”, explicou.
Média de doações
O Hemocentro de São João da Boa Vista tem uma média de 800 coletas de bolsa de sangue por mês. “Em alguns meses temos menos e não conseguimos atingir essa meta. O certo, para não ter falta de sangue, seria fazer cerca de 1.100 coletas por mês para conseguir abastecer nosso estoque”, enfatizou.
No decorrer do ano, algumas vans e ônibus com doadores de sangue de cidades da região, inclusive de São José do Rio Pardo, se deslocam até o Hemocentro para fazer doação. No entanto, durante a pandemia, isso tem diminuído para evitar aglomerações. O correto, para atender a demanda, seria atender diariamente 40 doadores, mas ultimamente, têm dias que não temos nem 10 pessoas doando”.
O hospital de São João da Boa Vista, Santa Casa de Misericórdia Dona Carolina Malheiros, é regional e atende cidades como Casa Branca, Aguaí, Vargem Grande do Sul, São José do Rio Pardo. Com a amplitude do atendimento, o hemocentro fornece sangue para pessoas de toda a região que precisam ser internadas no hospital sanjoanense.
Requisitos
Os requisitos mínimos para ser um doador de sangue são:
-Ter entre 16 e 69 anos de idade (16 e 17 anos com autorização dos pais ou responsáveis);
– Estar em boas condições de saúde, ter dormido pelo menos 6 horas durante a noite;
– Pessoas com tatuagem ou piercing, precisam esperar um ano entre o procedimento e a doação de sangue;
– É necessário apresentar um documento com foto no momento da doação, e ter se alimentado bem.
Doação e tipagem sanguínea
A doação consiste na retirada de aproximadamente 450 ml de sangue do voluntário. De acordo com a enfermeira, em até 12 horas, o volume do sangue é reposto no organismo. “As mulheres demoram até 3 meses para o nutriente se recompor, e os homens cerca de 2 meses”, informou.
A tipagem sanguínea é um teste realizado por um profissional da saúde capacitado. O exame é feito em um laboratório de análises clínicas. “Tem pacientes que podem receber todos os tipos sanguíneos, o O negativo é um sangue universal, pode ser passado para qualquer pessoa. Os outros tipos são diferenciados pelo tipo de sangue e RH, tanto positivo, quanto negativo. Se for uma emergência, podemos passar logo de primeira um O negativo na pessoa, mas temos que saber a tipagem correta, por isso fazemos o teste de compatibilidade das bolsas, porque se passarmos um sangue na pessoa que não corresponde ao tipo sanguíneo, pode causar um choque e levar a óbito. É importante fazermos a análise correta do sangue”, explicou.
“Quando a pessoa vai fazer a doação de sangue, deixamos a bolsa armazenada e mandamos as amostras para realizar os testes, de sorologia, RH, e a bolsa fica no nosso banco de sangue. Enquanto não obtivermos os resultados, não liberamos para uso”, destacou Andresa.
A ato de doar sangue demora de 10 a 15 minutos. O cadastro para coleta, pré-triagem e triagem clínica, leva cerca de 30 minutos.
“Homens podem doar sangue a cada dois meses, não podendo ultrapassar quatro doações em um período de um ano, e mulher de três em três meses, sem ultrapassar três doações no ano”, completou.
Pandemia
O consumo de bolsas de sangue destinado a pessoas que sofrem acidentes de trânsito diminuiu durante a pandemia, mas segundo a enfermeira, a situação continua estabilizada. “O que aumentou, foi a demanda de sangue para pacientes com Covid, alguns deles precisam de transfusão quando são intubados, precisam fazer hemodiálise, e acabam recebendo bastante bolsas de sangue. A demanda aumentou muito por conta da pandemia”.
Vacinas
Após o doador ter recebido a vacina contra Influenza, precisa aguardar dois dias para realizar a doação. No caso de vacinas contra a Covid-19, há diferentes prazos. A CoronaVac, é necessário esperar dois dias após a primeira dose. A AstraZeneca e outras vacinas, precisam ter um intervalo de sete dias após a primeira dose, para que a pessoa possa fazer uma doação.
Contraindicações
“Existem tipos de medicações de determinados tratamentos, que impedem a doação de sangue, mas na maioria dos casos, as pessoas podem doar normalmente. É necessário entrar em contato com o Hemocentro para checar a possibilidade, caso o candidato a doação esteja fazendo algum tipo de tratamento. Alguns medicamentos para depressão, ansiedade e para pressão alta, podem interferir na doação, é preciso avaliar”, informou.
“Quando a pessoa é internada, ela assina um termo de autorização de transfusão de sangue, caso necessite. Algumas religiões não aceitam a transfusão, temos que respeitar. Se a pessoa não autorizar, nós não transfundimos”, completou.
Contato
Os interessados em colaborar com a doação de sangue, podem entrar em contato com o hemocentro de São João da Boa Vista. Para evitar aglomerações, as coletas são feitas por agendamento, que são realizadas pelo telefone (19) 3633-7036.
“Os interessados devem entrar em contato com o banco de sangue para efetuar o agendamento de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 13h00 e aos sábados das 7h00 às 11h30. Estamos de braços abertos para receber as pessoas que queiram doar”, encerrou.