Prefeito eleito promete, no entanto, reduzir o próprio salário e os de servidores que ganham mais
Vencedor das eleições de domingo para prefeito, Márcio Callegari Zanetti (PTB) concedeu entrevista à Difusora FM e Cidade Livre FM na quarta-feira, dia 18, reiterando várias das promessas feitas durante a campanha. Além disso, revelou pela primeira vez que, no dia 1º de janeiro, quando assumir oficialmente a Prefeitura, anunciará a redução de seu próprio salário como prefeito. Com isso, tenciona provocar um efeito em cadeia, já que os salários altos de muitos servidores estão atrelados ao do prefeito. O objetivo é diminuir custos e economizar recursos.
“Temos algumas contas que indicam que, através de ações enérgicas e de comprometimento com o nosso município, economizaremos ao longo dos próximos quatro anos cerca de 20 milhões de reais. Teremos que cortar contratos que não são de interesse da comunidade, promover essa redução de salário, que não é do pequenininho ou do professor, mas daqueles que infelizmente têm um vencimento que o setor público não comporta pagar mais”.
“Temos uma pressão muito grande no Instituto Municipal de Previdência e é necessário levar para lá um alívio. Temos medidas enérgicas para possibilitar que o IMP possa ter uma perspectiva diferente. Então, uma das formas que nos permitirá caminhar em busca desse equilíbrio é a da diminuição do salário do próprio prefeito, cortando assim na própria carne”.
Equipe de transição
Márcio iniciou sua entrevista falando que a vitória decorreu do sentimento da necessidade de mudança em São José do Rio Pardo em prol do desenvolvimento. Em seguida, disse que no dia anterior, terça-feira, esteve com o prefeito Ernani Vasconcellos e o secretário de gestão Fernando Passos para tratar da transição de governo.
“Ficou combinado que quatro pessoas nossas possam obter o máximo de informações, dentre as mais relevantes, para que a gente tenha condição de tomar as atitudes necessárias. Isso para que a gente comece, já em 1º de janeiro do próximo ano, administrar São José do Rio Pardo de maneira eficiente”, explicou.
Origem dos recursos
Questionado de onde virão os recursos para implementar seus principais projetos prometidos em campanha (1.500 casas, conclusão do tratamento de esgoto, ensino em período integral), Márcio respondeu: “Vamos ter duas grandes fontes de recursos. A primeira e mais rápida é a que conseguiremos com a economia do recurso público. São José, apesar das dificuldades da economia nacional, teve uma evolução razoável de recursos, de arrecadação, nesses últimos anos, mas a nossa cidade veio gastando mal esse recurso”.
“Fui muito crítico nesta campanha aos R$ 3 milhões gastos nesta gestão com locação de veículo para coletar lixo, aos R$ 3 milhões gastos com veículos para ficar trocando lâmpada pelas ruas. Deixamos nossos eletricistas recebendo, estando na folha de pagamento. Encostamos o nosso veículo de troca e manutenção dessas lâmpadas e fomos pendurando contratos nas costas da população. Então queremos promover imediatamente um grande ajuste, otimizar, fazer mais com menos, gastar com muita responsabilidade todo recurso financeiro arrecadado”, continuou.
A outra fonte de recurso, segundo ele, será através dos governos estadual e federal “com aqueles que se interessam em manter uma relação política com São José do Rio Pardo”. Disse que, apesar da coligação de 7 partidos pela qual foi eleito, não quer se limitar a eles apenas. “Queremos ter a possibilidade do diálogo também com aqueles partidos que disputaram a eleição e não se sagraram vencedores”.
Diálogo com candidatos
“Quero ter a oportunidade de conversar com os demais candidatos a prefeito e vice, para que também, através dos partidos políticos que representamos, possamos juntos construir esse futuro melhor. O Márcio não tem hoje aquele ilusão de que, sozinho, o prefeito Márcio, a vice-prefeita Algemira vão conseguir atingir essa melhoria para a nossa cidade. É a somatória, o esforço de cada um, prefeito, vice, vereadores e de todos aqueles que tenham um interesse republicano de ajudar São José do Rio Pardo que vai possibilitar esse avanço”.
Afirmou que espera manter “um excelente diálogo” também com a Câmara, incluindo os novos vereadores eleitos por outras coligações.
Não abrirá creches nos finais de semana
Márcio negou que tenha prometido abrir creches aos sábados e domingos, dizendo desconhecer de onde partiu tal ideia. “O que dissemos durante a campanha é que não dá para imaginar uma mãe ou pai de família que tenha necessidade de levar seu filho a uma creche numa segunda-feira, quando o feriado é na terça, e em virtude da decretação do ponto facultativo, esse responsável não tenha onde deixar essa criança”, explicou.
Construção de casas
Sobre a construção de casas, reiterou que pretende fazer um grande projeto que possibilite as pessoas terem acesso a casas sem inscrição e sem fila. “A Caixa Econômica Federal disponibiliza a qualquer cidadão a possibilidade de contratação de um financiamento através de diversas linhas de crédito. Dentre elas, temos uma disponível que é do antigo Minha Casa Minha Vida, que agora se chama Casa Verde e Amarela. Essa modalidade permite que uma família hoje, que tem renda média mensal de dois salários mínimos, possa contrair um financiamento e empreender essa construção”.
“Hoje grande parte dessas famílias que têm essa renda não consegue porque não tem dinheiro suficiente para dar de entrada nesse financiamento. Faltaria a essas famílias entre 30 mil a 40 mil reais. Através de uma organização e empreendimento chamado Lote Público Urbanizado, tenho convicção que vamos atingir essa meta. Construindo casas, gerando emprego e renda através do associativismo e cooperativismo, vamos ter a condição de formalizar a mão de obra da construção civil, com baixíssimo investimento financeiro da Prefeitura Municipal”, assegurou.
Ele disse também que pretende criar o Plano Municipal de Habitação, o qual terá vários projetos e não apenas um. Informou que quer contar com a ajuda técnica da Associação dos Engenheiros e Arquitetos de São José do Rio Pardo.
Pedidos de empregos
Sobre os pedidos de emprego das pessoas que o apoiaram durante a campanha, Márcio Zanetti revelou que eles já começaram assim que o resultado da eleição foi divulgado.
“O que digo é elas é que o cargo é público, o emprego é público, não é do Márcio Zanetti. Tenho que ter a responsabilidade com a cidade, não usando cargo público em benefício político. Fui crítico disso ao longo dos anos e não posso contrariar minha própria consciência. Claro que precisamos compor a equipe, nós vamos precisar de pessoas e certamente a grande maioria será quem já está conosco há bastante tempo”.
“Mas não vamos abrir mão de duas características e quero ser cobrado por todos. Primeiro, conhecimento técnico, entender aquilo que estará pronto para realizar. Segundo, ter a capacidade de relacionar bem, dialogar, com funcionário público municipal e especialmente com cidadão rio-pardense. Sem essas duas características, o Márcio não assinará portaria de nomeação de equipe comissionada”.
50% menos de cargos comissionados
Ele garantiu que cortará 50% dos cargos comissionados atuais na Prefeitura, procurando fazer uma reforma administrativa já no primeiro ano de governo e implantar uma política pública para o funcionalismo. E pretende, até o dia 15 de dezembro, estar com sua equipe de confiança formada.
Ruas esburacadas
Disse ser impossível consertar imediatamente as ruas esburacadas da cidade, mas quer ter um cronograma de trabalho visando a isso. Os locais mais danificados serão os primeiros a ser atacados.
Autarquias
Sobre as autarquias, apregoou que elas devem servir a comunidade da melhor forma possível e, para isso, precisarão de ajustes. Destacou em especial a Saerp, que tem, segundo ele, uma receita de R$ 15 milhões “e não devolve à comunidade aquilo que se espera dela”. Cobrará da empresa que efetue o tratamento de esgoto de forma crescente no município.