domingo , 18 maio 2025
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O empresário Alexandre Soares, da Associação de Proteção Animal “Patas Para Você”

ONG abandona parceria com a Prefeitura no projeto IMVL

Empresário diz que não foram cumpridas exigências e que local contraria defensores da causa animal

O empresário Alexandre Soares, da Associação de Proteção Animal “Patas Para Você”, conversou com a reportagem na tarde de quarta-feira (28), para informar que a entidade não participa mais do projeto do IMVL – Instituto Médico Veterinário Legal, inaugurado pela Prefeitura, na Ilha São Pedro. De acordo com a proposta, o serviço contaria com atendimento clínico, ambulatorial, internação, procedimentos cirúrgicos, exame de corpo de delito, necropsias e patologia clínica de animais domésticos.

Mas, de última hora, a “Patas Para Você” resolveu se retirar da parceria com o município. Desta forma, ao invés de ser chamado IMVL, a Prefeitura inaugurou como IDPA – Instituto de Defesa e Proteção Animal.

“Acompanhamos que havia algumas irregularidades, inclusive sobre o local de instalação do IMVL. É uma criação nossa junto com o professor Aldair Pinto, que é legista chefe da Universidade de BH. Alguns pontos ficaram pendentes. Me parece que o prefeito teve alguns problemas de contratação de veterinários e que isso foi solucionado só na sexta-feira”, comentou Alexandre.

“Me parece que os dois veterinários da Prefeitura não queriam exercer a função de peritos” disse, informando que esta é uma das exigências para o funcionamento do serviço.

“Até nos predispusemos a treinar os dois veterinários com o professor Aldair, que é um legista especializado. Não basta ser um veterinário. Não é tão simples operar um IML Veterinário. Ele requer algumas instruções e técnicas, que somente um perito especializado pode fazer”, ressaltou.

Sem transparência

Alexandre disse que a demora da Prefeitura em cumprir com as exigências tornou inviável a continuidade da associação no projeto.

“Ficamos aguardando a instalação da identificação visual, o que não ocorreu. Nos diziam que isso não havia acontecido porque só contrataram os peritos na sexta-feira. A gente, por bem, achou melhor não participar uma vez que não tem verbas do Patas Para Você nisso”, continuou.

A falta de transparência da Prefeitura em relação à Ilha São Pedro também foi outra questão que tirou a associação da parceria, conforme disse o empresário.

“O local foi apresentado para a gente como um santuário, nunca como zoológico. Somos contra zoológicos, contra circo. Os protetores animais são contra esse tipo de coisa, o cárcere dos animais”, comentou.

Soares diz ainda que a administração não apresentou laudos ou licenças para o funcionamento do serviço naquele espaço. “Para nós, a parte legal nunca foi apresentada. Só nos apresentaram como um santuário. Nunca foi dito que era um zoológico. Nunca nos foi apresentada documentação nenhuma”, afirma.

Ele observou também que outra condição para o IMVL na Ilha era de que o local não poderia receber visitação. “Essa foi a primeira condição imposta por nós. Se pretende fazer nesta casa, visitação pública não pode existir. Dali para a frente foi prometido que seria fechado ao público”.

Repercussão negativa

Alexandre afirma que tomou conhecimento quanto às manifestações da população, contrárias ao IMVL na Ilha. “Sei que foram criadas algumas polêmicas na cidade. Parte da população não concordava, a gente ouviu isso. Repercutiu aqui. Mesmo assim o prefeito ficou incumbido de resolver essa situação”, disse.

“Politicamente ele fez o uso que ele quis. De nossa parte, desenhamos o projeto gratuitamente e ele fez a inauguração, sem treinar os veterinários que ele contratou”, completou.

“Tinha algumas questões pendentes e eu resolvi não participar do evento e alertei o prefeito para que não utilizasse, já que estava utilizando o nosso projeto”, explicou.

Associação usada

De acordo com Alexandre Soares, a ideia do IMVL foi desenvolvida originalmente pelo professor Aldair Pinto, destacado profissional da área Veterinária, que integra o quadro da Uni-BH e compõe várias entidades ligadas ao tema.

“Toda a identificação visual foi criada em conjunto com o professor e nós, lá em Minas Gerais e aqui em São Paulo. Uma coisa que foi feita em conjunto e eles queriam usar identificação visual própria, não concordamos e resolvemos nos retirar”, continuou o empresário, dizendo que se sentiu usado na questão.

“Totalmente. A partir do momento em que você desenha um projeto, escolhe o local, mas de última hora você não é incluindo na identificação visual. Como não temos pretensões políticas, a única coisa que nos cabia seria o uso da logomarca para dar credibilidade no trabalho que fazemos, sem fins lucrativos e sem fins políticos. Como isso não aconteceu até a data prevista, resolvemos nos retirar de qualquer coisa que tivesse nosso nome envolvido”.

Alexandre Soares observa que atuou fortemente para aprovação da chamada Lei Sansão. Ele é o padrinho do cão que foi vítima de maus tratos, teve as patas decepadas e dá nome à lei.

Esclarecimentos

“Nossos questionamentos em relação a instalar esse equipamento na Ilha não estavam equivocados. A própria Ong, idealizadora do projeto, pulou fora porque não é o local apropriado”, comentou o vereador Henrique Torres sobre o assunto.

Ele destacou ainda que não é contra a instalação do IMVL ou qualquer equipamento de saúde para animais ou pessoas, mas discorda do local onde o serviço foi instalado. “Somos contra instalar isso na Ilha. A gente percebeu que não existe documentação técnica aprovada por órgãos responsáveis”, completou.

Para o vereador Toco Quessada, “tudo o que puder trazer para a causa animal, é bem vindo. Agora, na Ilha, a gente é contra”.

Henrique completou dizendo que as informações sobre os investimentos no projeto não ficaram claras. “A gente gostaria de esclarecimentos”, finalizou.

Ainda de acordo com o vereador, foram solicitadas informações junto à Secretaria Estadual de Meio Ambiente acerca da emissão de licenças para o funcionamento do serviço no interior da Ilha São Pedro e a Prefeitura deverá ser notificada para que apresente a documentação.

O tema deverá ser abordado na Câmara, na retomada das sessões legislativas, onde os vereadores deverão pedir mais esclarecimentos sobre o assunto, bem como documentos relacionados aos investimentos realizados, permissões de funcionamento de natureza ambiental e sanitária.

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