Médico diz que os aportes que eram enviados aos hospitais foram cortados em 20%, o que causou desligamento de leitos
Segundo informações divulgadas pela Secretaria Municipal da Saúde, a ocupação de leitos de UTI no município de São José do Rio Pardo, tem variado de 80% a 100%, o que tem preocupado as autoridades e assustado grande parcela da população. Até terça-feira, 3 pessoas estavam internadas na Unidade de Terapia Intensiva da cidade. O médico Eliezer Gusmão comentou o assunto durante uma entrevista à Gazeta, e relacionou a lotação das UTIs com o corte de aportes do governo estadual aos hospitais.
Segunda onda
O médico começou a entrevista falando sobre a segunda onda da doença, algo que segundo ele, já era esperado desde o início da pandemia. “Estamos em uma segunda onda, e isso é natural, ia acontecer de qualquer forma. O vírus vai se esparramando e tem uma progressão geométrica. Quanto mais pessoas pegarem, mais vão transmitir a outras. Isso é natural de todas as viroses, não é uma prerrogativa da Covid. A diferença é que o coronavírus é transmitido em uma escala maior. Mas ele não é tão letal como está sendo falado. A letalidade do vírus continua igual, o que ocorreu agora, foi um aumento de infectados”, disse.
Aumento de internações
“O número de pacientes internados tem aumentado muito rápido, então existe um colapso na rede pública. Os governadores de uma forma geral já haviam desmontado as estruturas. O governador de São Paulo cortou mais de 20% de verba para os hospitais. Isso obrigou a reduzir a estrutura que estava montada para tratar a Covid. O número de internados tinha caído, e o estado cortou o dinheiro. Fechou hospitais de campanha. Não tinha como os hospitais ficarem mantendo aqueles leitos. Não adianta ter o leito e os equipamentos, e não ter os profissionais para atenderem. É preciso toda uma infraestrutura. Isso foi um erro de estratégia dos governadores e de algumas prefeituras. Agora veio a segunda onda, e a UTI está com 100% de ocupação”, relatou o médico.
Eliezer afirmou que no ano passado, a UTI de São José do Rio Pardo tinha 12 leitos preparados para prestar atendimento, e agora está com 5. “Se tivéssemos dez, estaríamos com 30%, no máximo 40% da capacidade utilizada. Em Ribeirão Preto, por exemplo, tinha 180 leitos de UTI, agora está com 80. Colapsou o serviço. Dá impressão que a doença ficou pior, mas na verdade os governadores, principalmente o do estado de São Paulo, diminuiu o aporte de dinheiro para os hospitais, o que causou esse corte nas estruturas”, prosseguiu.
O médico ressaltou que o governo estadual muda de decisão constantemente e que “os profissionais da saúde ás vezes ficam perdidos. Muitas das decisões são esdrúxulas. Infelizmente até agora o governo estadual não acenou que irá liberar mais verbas para que os hospitais aumentem os leitos”, declarou.
Santa Casa dará conta
Eliezer acredita que caso a Santa Casa ultrapasse 100% de internações, mesmo sem a verba do estado, acabará abrindo mais leitos para que a cidade não sofra um colapso. “Acredito que a Secretaria Municipal da Saúde e a diretoria da Santa Casa irão se unir para não chegar a esse ponto, ninguém ficará sem ser atendido”, disse.
“Acredito que nos próximos meses os casos da doença irão cair novamente”, comentou.
Gravidade não mudou
Para o médico, a gravidade da doença segue da mesma forma. “Em Manaus houve uma mutação do vírus, e ele está infectando mais pessoas. Mas ele não é mais agressivo do que a cepa original, isso já foi comprovado, apenas a transmissibilidade é maior. Os sintomas continuam os mesmos desde o início da circulação do vírus”, garantiu.
Dr. Eliezer orientou mais uma vez, que já no início dos sintomas, as pessoas procurem atendimento médico. “Pode ser que seja outra doença, mas é importante procurar o quanto antes (ajuda médica). Dessa forma, o tratamento será feito precocemente e evitará um agravamento”, encerrou.