Conhecido como Lukezinho, no Youtube ele tem mais de 1,2 milhão de seguidores, a maioria crianças
As férias de julho começaram e começa também o dilema sobre quais os programas para entreter crianças e adolescentes sempre muito agitados. É fato que os pais vão reclamar das horas e horas que os filhos passam nos celulares e computadores. Não tem idade, não tem gênero, o que eles querem é jogar.
Essa diversão das novas gerações transcendeu os limites das meras atividades de lazer e fez surgir uma profissão. O que antes era só hobby ou uma forma de passar o tempo, agora se transformou em uma carreira competitiva e lucrativa. Em São José, os chamados “e-sports” já têm deixado gente famosa, que também ganha dinheiro, jogando o dia todo.
Felipe da Silva Almeida é um jovem tímido, de 20 anos de idade, que completou o ensino médio, dorme tarde e acorda tarde. O que ele faz da vida? “Só joga”. Mas o jogo do Felipe é a profissão dele. No mundo dos games ele já é uma celebridade, para mais de 1 milhão 260 mil seguidores no seu canal do YouTube, o LukeZinho – que começou quando tinha ainda 11 anos de idade.
“Não tem nada mais prazeroso do que você fazer aquilo que gosta”, comentou @LukeZinho, falando em entrevista ao Jornal do Meia Dia, na Difusora FM nesta semana. Na ocasião, lembrou das dificuldades do início e apesar da sua pouca idade, mas com a experiência de um veterano dos games, deu dicas de como se manter nesse meio.
Conforme detalhou, no começo, apesar da permissão dos pais para jogar, sempre havia regras. “Não era só jogar. Tinha hora pra dormir, pra estudar. Pra tudo. Quando eu estava começando, não tinha nada de certeza de que ia dar certo, então eu tinha que continuar estudando”, disse.
Rackeado
No início, ele conta, as visualizações e interações eram bem poucas e quase desanimadoras, entretanto ele foi persistente. Ele jogou muito Minecraft e foi percebendo que se aderisse às novidades conseguiria atrair melhor a atenção do público. E assim, em pouco tempo, o site foi ganhando visibilidade na rede, até alcançar 118 mil seguidores, recebendo a cobiçada placa de prata do Youtube.
Passando a marca dos 100 mil, o @LukeZinho ganhou visibilidade também para publicidade e, certo dia, ao clicar em uma proposta falsa de parceria, viu seu mundo virtual totalmente arruinado. Invadiram o computador, se apossaram do conteúdo e rackearam o canal. Sem conseguir reaver o acesso, foi necessário começar do zero.
Aos poucos, reconquistou o público perdido e mais uma vez bateu os 100 mil seguidores, com direito a nova placa de prata.
De lá para cá, Felipe não parou mais. Agora mais dedicado e mais atento aos riscos, em cerca de três anos depois, conquistou a placa de ouro da plataforma de conteúdos, quando alcançou a marca de 1 milhão de seguidores.
Não é só jogo
A rotina do “e-sport” é puxada, mesmo para quem tem pouca idade. É preciso ter muita disciplina para agradar aos seguidores e continuar atraindo público.
Embora acorde às 10 da manhã, ele inicia o dia de jogos online ao meio dia e entra pela noite. São horas e horas conectado a um headphone, em frente a uma câmera na tela do computador, transmitindo as lives. Às vezes o almoço e o jantar acontecem ali mesmo, no meio do jogo, sem intervalo. O encerramento do expediente se dá por volta das 22 horas. Não tem férias. O Felipe é autônomo. Vez em quando (raramente), se permite uma folga.
Segundo ele, o perfil do público que o acompanha nas lives de jogos é formado na grande maioria por crianças e adolescentes, na faixa etária dos 10 aos 19 anos. Nas sessões, ele dá dicas sobre como superar os desafios no game, como chegar mais facilmente aos objetivos.
Em meio às lives, é comum que faça uma ou outra propaganda, mencione um ou outro produto, recomende uma marca. Afinal é com isso que ele ganha dinheiro. O canal também recebe monetização, por parte da plataforma. E assim ele transformou o que era jogo, em uma fonte de renda. Com ela, pretende ingressar em uma faculdade e não pensa em fazer curso na área de informática ou tecnologia, o Felipe quer graduar-se em Economia.
“Pode ser difícil no começo, mas se você trabalhar duro, com dedicação, esforço e acima de tudo, comprometimento. Tem que fazer um pouco de tudo: estudar, descansar, trabalhar”, sugere o gamer.
Ao final, ele pede aos pais que incentivem os filhos. “Por mais que você ache que não vai dar certo, apoie. Não é só um jogo. Pode ser que ele seja um novo Youtuber de amanhã”.