Há suspeita de resíduo industrial despejado irregularmente na rede de esgoto
Quem passa pela SP-207, no trevo que leva ao Distrito Industrial, já sente de longe o mau cheiro que exala da ETE Nova São José – equipamento instalado junto ao núcleo habitacional do Buenos Aires. Os moradores da localidade pretendiam nesta semana fazer um protesto, queimando pneus e fechando o trânsito da via, mas acabaram dissuadidos da ideia.
É uma forma de reclamar e chamar a atenção para o problema que já dura anos, fruto de um planejamento equivocado, que foi a instalação da ETE naquele local onde posteriormente foram construídas as casas populares.
Na quinta-feira (6), a informação era de que os equipamentos da ETE estavam parados e por isso houve aumento do forte odor no local. “Quando o sol esquenta e quando aumenta o vento, aqui fica insuportável. É preciso fazer alguma coisa, mas parece que ninguém faz nada”, reclama o funcionário do posto de combustível, em frente à estação de tratamento.
Embora o problema seja de longa data, em dias de maior calor e tempo seco – como agora, a situação se agrava. “A gente passa até mal”, comenta uma moradora com quem conversamos no início da tarde dessa sexta-feira (7), dizendo que a vizinhança queria fazer uma manifestação, “mas não sei se vai sair”, completou.
Problemas com resíduos industriais
A reportagem esteve no local na sexta-feira, por volta das 14h30, quando um caminhão estava realizando um tipo de drenagem em uma parte do equipamento. Foi possível observar que o sistema neutralizador de odores estava em funcionamento, embora a quantidade fosse bem pequena.
Esse sistema foi adotado inicialmente em 2019, na gestão de Marcelo Primini na Saerp. Trata-se de um tipo de vapor com propriedades que evitam a dissipação do odor.
“Ao contrário de antes, esse vapor que é lançado sobre o tanque é bem pouquinho e não tem aquele cheiro de essência. Quem garante que isso não é apenas água?”, questiona o motorista, José Francisco Guerrero, que passa pelo local diariamente.
O vereador Henrique Torres acompanha a questão. Disse ter conversado com o superintendente da Saerp, Daniel Cobra Monteiro, segundo o qual, há indícios de algum tipo de resíduo industrial esteja contribuindo para o aumento do odor nos últimos tempos. A questão já teria sido oficiada à Cetesb, mas até o momento nenhuma providência foi adotada.
Funcionários que trabalham na ETE já reclamaram também do mau cheiro no local. “Até dias atrás, não estava tão precário. O bombeamento que vem do bairro tem cor menos escura, mas o que vem do Distrito, parece mais denso, mais escuro, com cheiro mais forte. Pode ser isso”, relatou um trabalhador.
Outro problema, no Domingos de Sylos
Enquanto a situação no Buenos Aires é de mau funcionamento da ETE, no Domingos de Sylos o serviço está parado há meses. Com isso, o esgoto do bairro é despejado sem tratamento no Rio Fartura.
A questão já foi exposta pelos vereadores Henrique Torres e Paulo Sergio Rodrigues, na Câmara Municipal, mas até o momento nenhuma providência foi adotada.
Naquele bairro, uma das alegações para a suspensão do serviço foi o furto de equipamentos elétricos do sistema. Sem que houvesse reposição, a ETE segue parada.
Segundo o superintendente da Saerp, a estação deixará de existir, quando o sistema for interligado ao projeto global do tratamento de esgoto. Entretanto não se sabe ainda quando isso vai acontecer, pois o projeto segue parado e não há nenhuma informação sobre quando será retomado.