Uma das irregularidades descumpriu ordem judicial
Um dos primeiros efeitos do contingenciamento de gastos anunciado pelo prefeito Ernani Vasconcellos na semana passada foi sentido na área da saúde. Alguns problemas aconteceram com o transporte de pacientes de São José do Rio Pardo para outras cidades, fato que a EPTV exibiu em longa reportagem veiculada nesta sexta-feira, 1º de novembro.
Entre as irregularidades, uma criança com baixa imunidade foi transportada com outras pessoas no mesmo veículo e uma paciente viajou com o pé para fora da ambulância.
O diretor municipal de Saúde, Antônio José Manrique, entrevistado pela emissora, disse que o município tem 17 veículos disponíveis para transportar pacientes, mas que a demanda é alta, não havendo previsão de compra de novos veículos.
“Nesse ano a gente não tem nenhuma condição para aumento de frota. Para o orçamento do ano que vem nós vamos tentar, mas mesmo assim a gente não tem isso de forma clara”, afirmou.
Descumprimento de ordem judicial
Contrariando a orientação médica de transporte isolado, a menina Isabella Santos, que tem baixa imunidade, chegou a dividir o veículo com outras pessoas para ir a uma de suas consultas. Ela tem distrofia muscular distal.
A doença é degenerativa, causa dores intensas e provoca queda de imunidade. A menina é tratada, desde que nasceu, em outras cidades porque em São José do Rio Pardo não há tratamento especializado.
A família sempre contou com o transporte coletivo da Saúde do município, mas Isabella teve um agravamento do seu estado de saúde e, por isso, foi emitido um laudo médico com a recomendação de que ela viajasse em um carro individual. A orientação, porém, não pode ser seguida pelas razões mencionadas por Manrique.
A menina ainda tem que passar por consultas em São Paulo e Ribeirão Preto e a família não consegue custear todas as viagens.
Para garantir o direito da família, ela recorreu ao Ministério Público, que pediu para a Secretaria de Saúde cumprir a recomendação do médico e fornecer transporte individual para a menina. Mesmo assim, o atendimento a Isabella não foi garantido.
“Ela já perdeu até horário de consulta porque (o veículo em que estava) precisava deixar pacientes em outros locais primeiro e São Paulo é tudo longe e tem muito trânsito”, disse Fernanda.
O diretor de Saúde admite que tem conhecimento da recomendação médica, mas alega que nem sempre é possível cumpri-la. “Em algumas ocasiões a gente recebe um número maior de pedidos do que a nossa capacidade de carro individual, então nós temos que compartilhar esse carro com outro paciente”, disse Manrique.
O promotor José Cláudio Zan, que fez o pedido para que a administração desse prioridade ao transporte da Isabella, disse que não foi informado pela mãe da criança de que pedido não foi atendido. Disse ainda que aguarda contato da mãe para tomar providências e que ela precisa apresentar laudos médicos atualizados que comprovem que a Isabella continua precisando de atendimento especial.
Pé para fora da ambulância
O pintor Juscelino José da Silva também teve problemas com o transporte oferecido pela prefeitura. Ele enfrentou dificuldades em Jaú para levar a esposa de volta para casa, após ela passar por uma cirurgia para retirar tumores na perna.
“Ela tinha que vir deitada, então necessita de maca e carro grande com maca para ela vir deitada. Quando o transporte chegou em Jaú, era um transporte pequeno e metade da canela dela ficou para fora da ambulância”, disse o pintor.
Segundo Manrique, o motorista parou no trajeto ao perceber o desconforto da mulher. “Ele colocou ela em um pronto-socorro e acionou um terceiro, que presta serviço sob contrato para a prefeitura, para resgate de casos mais graves. Ela precisou esperar, mas o resgate maior chegou e trouxe ela sã e salva”, disse.
Fonte: G1