terça-feira , 26 novembro 2024
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Silmara Marques de Pauli, psicóloga, Ivan Brandão Barbosa, coordenador e Rosângela Tinti, assistente social

Casa Bom Pastor busca “padrinhos” para as crianças

Objetivo é que pessoas da comunidade ajudem nos processos de acolhimento

Desde 2018, quando o Educandário São José encerrou o acolhimento a crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade, a Secretaria de Assistência Social, em atuação com outros órgãos da municipalidade, da rede de atenção e participação ativa da Comunidade Deus Proverá elaboraram um projeto que pudesse suprir as necessidade dos menores desassistidos. Em praticamente 15 dias, foi criada a Casa Bom Pastor, que após passar pelos trâmites legais e burocráticos, assumiu o serviço de acolhimento. Durante estes quatro anos, por lá já passaram cerca de 40 crianças e atualmente 12 se encontram na instituição.

Nesta semana, profissionais da equipe gestora do projeto falaram à Rádio Difusora sobre o trabalho realizado pela Casa Bom Pastor. Na ocasião, apresentaram o “Programa Abençoar”, que visa buscar apadrinhamento para as crianças e adolescentes que dependem do serviço.

Ivan Brandão Barbosa, coordenador da casa, Silmara Marques de Pauli, psicóloga e Rosângela Tinti, assistente social, participaram da entrevista.

“Durante esses 4 anos assistimos uma média de 40 crianças. Essas crianças e adolescentes estão na casa por uma medida protetiva, ou seja, por uma ordem judicial. As crianças que estão no projeto tiveram seus direitos infringidos de alguma forma. Atualmente estamos com 12 crianças. Existe uma rotatividade. São crianças de 0 anos de idade, até adolescentes de 18”, explicou Ivan.

O trabalho realizado pela Casa Bom Pastor é psicossocial. O projeto conta com a ajuda de uma equipe técnica multidisciplinar, que envolve assistência social, atendimento psicológico, fonoaudiologia, terapia ocupacional, e até mesmo psiquiatria, quando necessário. “Usamos muito a saúde pública do município e temos profissionais que nos ajudam, tanto nossos amigos quanto profissionais da rede particular”, acrescentou Silmara.

O serviço de acolhimento oferecido pelo programa é excepcional e provisório. “Após a criança passar pela proteção básica e pela especial, quando nada disso consegue romper com a violação de direito que essa criança sofria, através do Conselho Tutelar e do CREAS, a ação é encaminhada ao judiciário, e é dada uma medida protetiva. A criança é retirada do ambiente familiar, para que seja protegida pelo Estado. O período que ela deveria ficar dentro desse serviço, seria de até dois anos. Contamos com a equipe técnica e ainda com cuidadores, que atualmente são 20, além de cozinheiras e pessoas que fazem serviços gerais”, informou Rosângela.

Há crianças que estão na Casa Bom Pastor há quase cinco anos, que foram transferidas do Educandário. Segundo Rosângela, isso acontece por várias razões, desde a dificuldade para conseguir a adoção, ou até mesmo para retornar ao convívio familiar. “Todo o trabalho é feito nesse sentido, mas às vezes a família não se reorganiza para isso. A criança só sai da Casa Bom Pastor em segurança. Ou para uma família extensa, que são os parentes, ou para uma família substituta que está na lista de adoção, ou para a família de origem”, esclareceu.

Campanha de apadrinhamento

A Casa Bom Pastor, em parceria com o poder judiciário de São José do Rio Pardo, está promovendo a campanha do Projeto Abençoar, com o objetivo de conseguir apadrinhamento para as crianças e adolescentes que residem na entidade. O intuito do projeto é conseguir voluntários para contribuir com a integração social das crianças.

“Sabemos que em nosso país, as crianças mais velhas enfrentam mais dificuldades para serem adotadas. Não é impossível, na Casa mesmo já aconteceram alguns milagres, já tivemos casos de adolescentes de 16 anos adotados. Nós estamos lá porque acreditamos que até 18 anos ainda existem oportunidades para eles”, acrescenta Ivan Brandão. Ele explica que o projeto do apadrinhamento vem para tentar colocar as crianças e adolescentes em sociedade, em famílias que irão cuidar e dar amor. Para ampliar a interação delas com o restante do mundo.

O Projeto Abençoar começou a ser elaborado no início de 2019, junto ao judiciário. Existem três formas de apadrinhar: padrinho financeiro, prestador de serviços, e padrinho afetivo.

O prestador de serviços é aquele profissional que oferece seu serviço de forma gratuita em prol das crianças. Por exemplo, um psicólogo, pode doar sessões de psicoterapia. Assim como um dentista pode se oferecer para atender as crianças gratuitamente. Qualquer profissional, de qualquer área, pode de cadastrar para participar dessa modalidade de apadrinhamento. É possível ajudar de diversas formas sendo um padrinho prestador de serviços.

O padrinho financeiro, é aquele que vai ajudar a custear alguma necessidade da criança ou adolescente. Exemplo: curso, escolinha de esportes, consulta médica, odontológica. Qualquer ajuda é bem-vinda.

Quanto ao padrinho afetivo, a questão é mais criteriosa. O voluntário deve passar por avaliações no judiciário. “Esse programa é uma portaria do judiciário, é preciso seguir uma normativa”, comenta Rosângela Tinti.

“A pessoa que quer ser um padrinho afetivo, não pode estar na lista de adoção. Se ela tiver intenção de adotar, o caminho é outro. Precisa entrar no cadastro nacional e estar qualificado para isso. O padrinho é aquela pessoa que vai levar a criança para casa no final de semana, vai leva-la para conviver com a família, se tiver uma viagem de férias com a família, leva a criança. Mas o vínculo dessa criança é com a Casa, que continua tendo a guarda dela. O padrinho é para dar essa vivência dentro de uma família. Para ele não ficar só dentro do ambiente institucional. Esse padrinho afetivo é um pouco mais criterioso, porque vai envolver o afeto, o vínculo. Mas o padrinho tem que ter a consciência de que no meio desse percurso, a criança pode ser adotada, ir para outra família. Precisa ter uma estrutura psicológica. Caso a criança seja adotada, ele pode continuar tendo essa relação de padrinho, mas precisa ter consciência que não será o pai ou mãe dela”, explicou Rosângela.

Os interessados em participar da campanha de apadrinhamento devem ligar para a Casa Bom Pastor e agendar um horário, para fazer um cadastro. “Se for padrinho afetivo, por exemplo, nós encaminhamos para o judiciário. Tem uma gama de documentos que precisa ser avaliada e passar pela equipe do judiciário. Se for o padrinho financeiro ou prestador de serviços, nós da Casa já direcionamos para nossa equipe técnica”, informou.

“Esse serviço é para nossa cidade, para nossas crianças. É uma casa 24 horas, não fecha. Temos que cuidar e educar. Têm crianças que chegam e que viveram situações que nós não vivemos. Elas chegam com 5, 10 aninhos, às vezes menos, e já viveram coisas péssimas para uma criança. Eu costumo falar para todo mundo que quem trabalha na Casa Bom Pastor, não basta só gostar de crianças, tem que amar. Nosso olhar precisa ser muito amplo. É uma casa regida por amor, se fosse por dinheiro, esse trabalho não estaria em pé como está até hoje. Nós estamos aqui para tentar mudar o rumo dessas crianças, pois para a maioria delas, nós somos a última chance, para que não cometam os mesmos erros dos pais. Nosso maior presente é ver que uma criança deu certo. Nós nos doamos e fazemos isso por amor”, destacou Ivan.

Para mais informações, acesse o Instagram @casabompastor.cdp ou ligue para o telefone (19)3681-5428.

A Casa Bom Pastor fica localizada na Rua dos Bandeirantes, nº 369, bairro Vila Pereira.

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