Tratamento contra o câncer evoluiu bastante nas últimas décadas
Fazendo sua parte na campanha Outubro Rosa, na edição passada Gazeta publicou matéria sobre a superação de Sheila Zanetti de Souza Gonçalves, 51 anos, que venceu o câncer de mama em 2017. Nessa edição, o jornal traz um trecho da entrevista com o mastologista Dr. Ray Alves dos Santos, que participou do Jornal do Meio Dia da Rádio Difusora, na quarta-feira, 13 de outubro e falou sobre a prevenção, exames e fatores de risco referentes ao câncer de mama.
O médico iniciou a entrevista falando sobre o carcinoma ductal, tipo de tumor mais comum nas mamas, que ocorre no ducto, como o próprio nome diz. “Ele pode ser invasivo ou infiltrante, ou in sito, que é quando ele está no início e ainda não invadiu a parte do tecido conjuntivo onde passam os vasos linfáticos, nesse caso a chance de cura é bem maior”, explicou.
“Temos também os carcinomas papilíferos, os sarcomas, que são tumores do tecido conjuntivo, e os carcinomas medulares, são vários tipos. Mas os mais comum, é o carcinoma ductal”, disse Ray.
Prevenção
A melhor forma de prevenir o câncer de mama, segundo o mastologista, é que as mulheres conheçam o grupo de risco. “Por exemplo, o fato de ser mulher já torna o risco bem maior que o homem, no caso do câncer de mama, mesmo que alguns homens também possam desenvolver. As pessoas que têm maior probabilidade precisam ficar mais atentas, não só com relação ao sexo, mas também a faixa etária, mulheres acima de 30 anos principalmente”, orientou.
É possível detectar o tumor em uma auto palpação, que de acordo com o médico, é um termo mais moderno do que o autoexame – uma vez que ele era engessado em regras. “Tinha que ser uma vez por mês, diante de um espelho, tinha que ter toda uma metodologia, um ritual para realizar esse exame. Hoje, as próprias Instituições, como a Sociedade Brasileira de Mastologia, o Instituto Nacional do Câncer, orientam que a mulher pode fazer isso sempre que ela se sentir confortável. Não tem regra. A única orientação, é que ela não faça a palpação em um período muito próximo da menstruação, ou durante um período menstrual, que é quando a mama recebe muito líquido, há uma certa alteração, fica dolorosa e é difícil se auto examinar assim”, observou.
A auto palpação pode ser feita no banho, deitada, no momento em que a mulher preferir. Para garantir a prevenção, a partir dos 40 anos, as mulheres devem procurar um serviço de saúde e realizar a mamografia. “É o exame mais simples, menos agressivo, tem radiação mas a quantidade é muito pequena, se fizer anualmente ou a cada dois anos, isso não ocasiona risco nenhum de desenvolver a doença”, desmistificou o profissional.
Ainda, de acordo com Ray, nenhuma mulher está livre de desenvolver a doença. “Infelizmente o câncer de mama, quanto mais se vive, mais exposta a pessoa está a desenvolver. Fatores podem modificar o DNA da célula e promover a doença”, afirmou.
Fatores de risco
Mulheres que menstruaram precocemente, ou que tiveram a última menstruação tardiamente, devem ficar atentas. São inúmeros fatores que tornam a pessoa mais propicia a desenvolver o câncer de mama. Segundo o médico, mulheres que nunca engravidaram também têm mais chance. “As que tiveram o primeiro filho com mais de 30 anos, as que fizeram reposição hormonal por um período muito prolongado, as que já tiveram câncer anteriormente em uma das mamas, também precisam ficar mais atentas”, explicou.
Mulheres que possuem doenças genéticas, que são imunodeprimidas, ou que levam uma vida sedentária e que estão acima do peso, também fazem parte do grupo de risco. Alcoolismo, tabagismo, e também pessoas submetidas a radiações, possuem maior chance.
“Cuidados desde uma boa alimentação e atividades físicas, podem reverter essa possibilidade de desenvolver o câncer”, informou.
Cirurgias
Quanto mais cedo o câncer de mama for descoberto, menor é o tamanho da operação e maior a probabilidade de cura. A quadrantectomia de mama (também conhecida como cirurgia conservadora de mama, segmento de mama ou ressecção segmentar) é uma das alternativas de tratamento para o câncer em determinada região. Nesse procedimento cirúrgico, apenas parte da mama que foi afetada pela doença é retirada.
No entanto, dependendo da situação, é necessário realizar cirurgias mais complexas.
“As cirurgias maiores dependem da área em que o tumor está, se ele está em vários pontos da mama. Nesse caso a mama toda pode ser removida, que é a mastectomia. Temos também as cirurgias de reconstrução de mama. Ao mesmo tempo que você remove a mama, também a reconstrói, ou com implante de silicone, ou com musculatura abdominal ou de grande dorsal, e recompõe essa mama”, explicou.
Tratamento evoluiu
Segundo o mastologista, o tratamento para o câncer evoluiu bastante nas últimas décadas.
“Hoje em dia, temos muitos tratamentos que conseguem alternativas sem agredir tanto e sem colocar em risco a vida da pessoa. Quando falamos que vai precisar passar por uma quimioterapia, geralmente as pessoas entram em desespero, já com medo dos sintomas e de perder o cabelo. No passado não tínhamos drogas antieméticas (medicamentos que tem como foco o tratamento de náuseas e vômitos) que conseguiam dar resultados tão bons. Cada vez mais, as drogas estão diminuindo os efeitos colaterais. Vale a pena tratar, independentemente da idade da paciente”, afirmou.