Pensando na importância do tema, a Gazeta do Rio Pardo preparou uma matéria especial
Dia 8 de setembro é comemorado o Dia Mundial da Alfabetização, data criada pela ONU ( Organização das Nações Unidas) que tem o intuito de estimular o processo de alfabetização em todos os países do mundo.
Pensando na importância do tema, e no quão fundamental é a alfabetização na formação do ser humano, a Gazeta do Rio Pardo preparou uma matéria especial para comemorar a data.
Márcia Cristina Missura Silva, professora da Fase 1 na Escola Municipal Zélia Maria Zanetti, falou sobre o processo inicial da alfabetização, para os alunos a partir dos 4 anos de idade.
“O processo de alfabetização começa fora da escola. A criança vive em um mundo letrado. Ela vê cartazes, rótulos de embalagens dos produtos que a mãe tem em casa, e assim, ela entra em contato com a letra. Aqui na escola, é um processo mais sistemático”, afirma.
“Quando a criança inicia na Fase 1, começamos com o nome dela, que é uma coisa muito significativa. Cada um tem um crachá, e sempre frisamos a letra inicial do nome, fazemos um trabalho bem grande em volta disso. Eles vão fazendo ligações com outras palavras através dos nomes. Além disso, trabalhamos com pequenos textos que tem um significado para os alunos. Temos as cantigas, lista de palavras, trabalhamos nomes de animais, que tem uma unidade semântica, que é quando uma palavra tem a ver com outra”, continua.
“Fazemos atividades lúdicas com jogos, a matemática por exemplo, tem que ser trabalhada dessa forma, para a criança chegar até o conceito de número. Temos dominós, quebra-cabeças, dados, formas geométricas, entre outros”, explica Márcia.
Além das letras
Segundo a professora, a alfabetização não é apenas letra. “É preciso desenvolver muitas outras habilidades, vai muito além da letra, ela é apenas a finalização. Trabalhamos a linguagem oral, histórias, que são de extrema importância na aprendizagem da criança. É através da história que ela aprende a ter sequência, do que acontece no início, meio e fim. Ajuda muito no desenvolvimento da criatividade. Além da socialização, que é algo que eles aprendem na escola. É muito importante aprenderem a dividir, a conviver com o outro, e a resolver pequenos problemas”, comenta.
“Às vezes os pais pensam que os filhos não aprendem muita coisa aos 4 anos na escola. Acham que não tem necessidade de coloca-los com essa idade. Mas eles aprendem muito.”
Márcia Aparecida da Silva Spadaro, professora do 2º ano da Escola Zélia Maria Zanetti, ensina na Rede Municipal há 27 anos, e também conversou com o jornal sobre o assunto.
Alfabetização e letramento
“A alfabetização é um processo de aquisição do sistema de escrita. Junto com esse processo, a criança percorre vários caminhos até estar alfabetizada e letrada. A alfabetização decifra os códigos da escrita. Já o letramento, é um processo de interpretação de mundo, de texto, do contexto de criticidade, resolução de problemas. Vai muito além de ler e escrever”, informa a professora.
“Em linhas gerais, o processo de alfabetização é o mesmo em todas as crianças e adultos que ainda não são alfabetizados. Começa com o conhecimento das letras, depois a junção de palavras, frases, produção de texto, e junto a isso, vem o letramento”.
Contato com a leitura
“A maior dificuldade em alfabetizar vem quando a criança tem pouco contato com o mundo escrito, isso pesa bastante. O modelo para eles aprenderem a ler e escrever, ainda é o contato a leitura, ou seja, precisam de bons exemplos em casa, e na escola também. É preciso que a criança tenha esse exemplo para se espelhar. Quando ela tem contato com um adulto que tem o hábito de ler para ela, que promove atividades de leitura em casa, é um facilitador na aprendizagem”.
Formação do indivíduo
Muitas pessoas resumem o significado da palavra “alfabetizar”, em “ler e escrever”. Mas de acordo com Márcia, a essência é bem mais ampla.
“A alfabetização não é um processo isolado, ela vai além do físico, inclui estrutura cognitiva, de pensamento, musculatura, é um conjunto. É importante lembrar que quando a pessoa está alfabetizada, ela precisa interpretar, entender e se fazer entender, se comunicar. Ela é crucial para que a pessoa se torne um sujeito crítico, um cidadão ativo, conheça todos os seus deveres e direitos”.
Realização
“É uma realização plena como professora ver que seu aluno saiu da escola alfabetizado. É gratificante ver o bem que você fez a ele. Não só profissionalmente falando, mas como ser humano também”, completa.
“Quando os alunos aprendem a ler e escrever, dá para ver a sensação de realização pessoal, de uma etapa vencida. Eles mostram muito isso. A estima melhora a cada dia, e eles vencem muitos obstáculos nesse processo”, conclui.
Por Júlia Sartori