Campanha “Faça Bonito” é promovida pelo CREAS, além de capacitação sobre o assunto
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Os casos de abuso sexual de crianças e adolescentes em São José do Rio Pardo cresceram 300% de janeiro até a primeira quinzena de maio deste ano. A afirmação é do Conselho Tutelar do município, que comparou os dados de 2017 com o primeiro semestre do ano passado.
Mas esse número pode não refletir a realidade. “É lógico que muitas denúncias acabam não chegando ao conhecimento do Conselho Tutelar e dos demais órgãos”, diz Priscila Raquel Bombonato Capitelli, coordenadora do Conselho local.
Ainda assim, ela acredita que as pessoas estejam denunciando mais, motivadas pelas campanhas que são realizadas. “Está sendo feita uma bela campanha pelo governo federal e agora municipal, então as pessoas hoje estão denunciando e a gente pede que continuem, para que os casos cheguem ao nosso conhecimento e que possamos proteger essas crianças e adolescentes cada vez mais.”
Como denunciar
As denúncias de abuso ou exploração sexual de crianças e adolescentes podem ser feitas por meio do Disque 100, do Conselho Tutelar ou do CREAS – Centro de Referência Especializado de Assistência Social.
“A prioridade não é tirar a criança da família. A prioridade no inquérito policial é que o abusador seja retirado do convívio social. A criança, que já está passando por aquele constrangimento, para ser acolhida, vai passar por um constrangimento ainda maior. Os casos extremos de acolhimento por uma instituição acontecem quando ninguém da família está apoiando a criança, mas está do lado do abusador. Aí, sim, seria um caso de encaminhamento para que essa criança seja afastada”, explica Priscila.
A coordenadora do CREAS de São José do Rio Pardo, Natalia Pinesi Fernandes Mendonça, complementa o que ocorre quando a família vai diretamente à Delegacia de Polícia. “O Conselho Tutelar é acionado e encaminha essa família ao CREAS, que vai realizar atendimento psicossocial e acompanhamento, bem como o encaminhamento necessário dessa criança e da família.”
“Faça Bonito”
O CREAS, em parceria com o Conselho Tutelar e o Centro de Convivência da Terceira Idade, promove durante todo o mês ações para lembrar a data de 18 de maio, Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. Trata-se da campanha “Faça Bonito”, cujo símbolo é uma flor. “Estamos convocando o Poder Público, a sociedade civil e cada cidadão a assumir a responsabilidade de proteger essas crianças e adolescentes”, diz Natalia.
Como parte das ações, está sendo distribuída uma cartilha ilustrada com informações sobre o assunto em três momentos distintos: no dia 18, em frente à escola “Laudelina de Oliveira Pourrat”; no dia 19, em frente ao Caic (Cassucci); e neste sábado, dia 20, a ação será realizada na Praça da Matriz.
Também como parte da campanha foi iniciada uma capacitação para a rede que atende todas as crianças e adolescentes do município. “Essa capacitação vem para melhorarmos esse fluxo de atendimento nos casos de abuso sexual que já ocorre, mas o que queremos é criar um protocolo”, explica a coordenadora do CREAS. A capacitação vai até junho.
Terceira Idade
A campanha conta com a participação do Centro de Convivência da Terceira Idade. “A parceria foi feita porque os idosos são bem ativos e fizeram parte da construção do município, por isso é legal incluí-los na campanha porque muitos deles cuidam dos netos. É interessante para conscientizarmos os cidadãos rio-pardenses de que cada adolescente e criança é responsabilidade de todos”, declara a coordenadora Tatiane Romão Milanez Pedroza.
Abuso e exploração
Abuso sexual é diferente de exploração sexual. O abuso envolve contato sexual entre uma criança ou adolescente e um adulto, ou pessoa significativamente mais velha e poderosa. As crianças, pelo seu estágio de desenvolvimento, não são capazes de entender o contato sexual ou resistir a ele, e podem ser psicológica ou socialmente dependentes do ofensor. O abuso acontece quando o adulto utiliza o corpo de uma criança ou adolescente para sua satisfação sexual.
Já a exploração sexual é quando se paga para ter sexo com a pessoa de idade inferior a 18 anos. As duas situações são crimes de violência sexual.
Fonte: Gazeta do Rio Pardo