‘Nascidos para ler’ completa 3 anos na cidade
Projeto tem voluntárias em postos para contato com as mães e as crianças
O projeto Nascidos para Ler, trazido da Itália para o Brasil em meados de 2015 através da inciativa privada (Juliana Torres Junqueira), está completando três anos de funcionamento em São José do Rio Pardo. Trata-se, como já foi divulgado pela Gazeta na época, de um projeto pioneiro que visa incentivar as mães (e pais) a lerem algo para seus filhos a partir do primeiro ano de vida.
Estudos realizados em países onde o projeto já está em andamento há mais de 20 anos, comprovam que a leitura em voz alta para a criança, ao menos quatro vezes por semana, desencadeia transformações importantíssimas no cérebro infantil, fazendo com que ela adquira competências e habilidades necessárias para o seu pleno desenvolvimento. Esta criança irá chegar à escola já preparada para a alfabetização, com melhor autoestima e, consequentemente, terá um melhor desempenho escolar e uma vida estudantil mais longa, podendo até mesmo ter uma maior ascensão social.
Agora, em setembro de 2018, o projeto já está consolidado no município e tem vários pontos ou postos nos quais é possível encontrar pessoas voluntárias que o promovem. Essas pessoas demonstram às mães ou pais como deve ser a leitura, além de cuidar dos pequenos acervos disponibilizados em cada local no qual a iniciativa vem sendo praticada.
Voluntárias
Cristina Tinti é uma dessas voluntárias. Ela vai ao Posto São Domingos, no bairro São Domingos, às quartas-feiras, no horário em que uma pediatra atende as crianças: a partir das 12 horas. Ela orienta os pais que estão aguardando consulta sobre a importância de ler para as crianças a partir dos seis meses de idade, ressaltando que isso os aproximará ainda mais do filho(a).
“Isso desenvolverá na criança o gosto pela leitura a partir do momento em que começar a ser alfabetizada, além de ela ter mais facilidade para se desenvolver. E, quando adulta, será uma pessoa que irá gostar de ler e isso é muito bom para a cultura em geral”, comentou Cristina. “Eu distribuo folders, a gente tem uma pequena biblioteca e eu chamo as crianças que aguardam consulta e conto histórias”.
Maura Nabuco, outra voluntária, disse ao jornal que desde a primeira capacitação ocorrida em São José do Rio Pardo, ela, como mãe, avó e ex-professora, ficou mais entusiasmada com a possibilidade de divulgar este projeto. “Eu já conhecia o que uma boa leitura, uma boa interpretação, com a parte lúdica, fornece para as crianças para a vida toda. Então, com todos os dados científicos corroborando com o que eu já experimentara, iniciei meu projeto no Posto de Saúde Central”, afirmou. “Nem é preciso dizer que as crianças ficam enebriadas com alguém de boa vontade que se senta com elas, conte e interprete uma história tal como um ator”.
Segundo Maura, até mesmo com crianças muito agitadas o projeto faz diferença. “Diante de um ambiente apropriado e com uma pessoa que goste do que faz e sabe da importância, esta pessoa consegue atrai-las e fazer com que a leitura e a interpretação consigam trazer bons frutos a elas. Também ajudei muitas mães a entenderem a necessidade de conversar com os filhos, unir a família em torno de um momento de tranquilidade”.
Posto do Cassucci
O projeto Nascidos para Ler também está no ESF do Carlos Cassucci. No local há um espaço reservado na sala de vacinação para as mães e crianças que se interessem pelo material e funciona de segunda a sexta-feira, das 10 horas às 15 horas. Leoni Garcia, auxiliar de enfermagem, é voluntária do projeto ali e está sempre presente para explicar às pessoas interessadas os objetivos propostos.
Na sala da Odontologia há mais duas voluntárias: a dentista Maria Carolina Tinti Lopes Moreira e a auxiliar de consultório dentário Camila Borges. “Fazemos empréstimos de livros para as mães que solicitam e para as crianças em tratamento odontológico, que vêm em consultas semanais”, explica Carolina. “Acreditamos que o ‘Nascidos para Ler’ esteja, sim, trazendo, aos poucos, um novo olhar para a leitura, para a cultura de ler, pois as crianças que frequentam a unidade já criaram o hábito de frequentar o ponto e, a cada dia, mais mães se interessam pelo projeto”.
O projeto também é apresentado, segundo ela, ao grupo de gestantes do bairro em reuniões que acontecem quinzenalmente, às terças-feiras, naquela unidade de saúde. Carolina diz que a intenção é criar uma “sementinha da leitura nas futuras mamães”.
Apoio rotário
A professora aposentada Rosângela Aparecida Gomes Pereira, rotariana, teve seu primeiro contato com o projeto quando fez o curso com a idealizadora, pedagoga e empresária Juliana Torres Junqueira, em 2016. Rosângela se tornou imediatamente uma voluntária no ponto de leitura instalado no Posto de Saúde Central, em algumas ocasiões.
Como rotariana, ela conduziu a inauguração do segundo ponto de leitura no dia 30 de setembro daquele ano, em um espaço dentro do Hospital São Vicente, na área da Pediatria.
“Nós, rotarianas e companheiras do clube ‘A Família’, divulgamos o projeto dentro da Pediatria uma vez por semana, às quintas-feiras, das 13h30 às 15h30”, lembrou Rosângela. “Na última quinta-feira do mês eu participo do curso de gestantes no auditório do Hospital, divulgando o projeto. O auditório está sempre lotado com as gestantes e seus acompanhantes, sendo algo muito gratificante participar desse projeto, que incentiva a leitura para crianças desde o nascimento”.
Ela frisou que as crianças tomam o gosto pela leitura, alfabetizam-se mais cedo e desenvolvem a aprendizagem cognitiva. “Várias estudos comprovam esses resultados”, assegurou. “Em março de 2017, sob a minha presidência, o Rotary Club São José do Rio Pardo fez a doação de estantes e caixas de madeira para organizar os livros do projeto na Biblioteca Municipal Monteiro Lobato. O espaço é convidativo, bem como os livros que tornam a leitura muito prazerosa e a Juliana é a doadora de todos esses livros desde 2016”.
FOTOS
Sala disponibilizada no ESF Cassucci para o projeto, com os livros para leitura
Juliana Torres Junqueira trouxe a proposta para São José do Rio Pardo
No auditório do Hospital São Vicente, pais ouvem detalhes do projeto