Vendas ao Estado e a causa empreendedora
Roberto Sekiya falou no JONN sobre esses assuntos e recomendou participar da BEC
A causa empreendedora é um dos movimentos mais interessantes na atualidade para ajudar empreendedores e, no Brasil, nasceu no estado de São Paulo. Roberto Sekiya é o idealizador do movimento e participou do painel de Compras Públicas no 2º JONN, onde falou também sobre esse seu projeto. O texto a seguir é uma síntese do que ele abordou no evento.
Roberto iniciou sua fala explicando que, quando assumiu no governo paulista a pasta da Sub Secretaria de Empreendedorismo, Micro e Pequena Empresas, a crise econômica estava no auge. O desafio então foi encontrar uma forma de ajudar os empresários mesmo não tendo dinheiro para financiamentos e uma das alternativas encontradas foi a questão das compras públicas, não apenas no Estado mas também no País. “Se falarmos em mercado como um todo, no País estamos falando de um universo de 600 bilhões de reais por ano”, revelou o palestrante.
Roberto disse que o estado de São Paulo é um grande comprador e a Bolsa Eletrônica de Compras (BEC), instrumento usado pelo governo paulista para suas aquisições, é onde se compra desde uma agulha a um jato. Foi lembrado, entretanto, o que compõe o governo: Delegacias de polícia, Escolas estaduais, Hospitais estaduais, Universidades, Etecs, Fatecs, Secretarias, Autarquias, Sebrae, etc.
“Enxergue uma escola próxima ao seu bairro. O dia a dia dela funcionando é uma oportunidade para onde você pode vender”, exemplificou Roberto. “Material de escritório, papelaria, produtos de limpeza, segurança. Então, olhando cada órgão e como ele funciona, é impossível o empresário não fornecer serviço ou produtos para o Estado”.
Ele disse, entretanto, ter ficado incomodado com o fato de que a participação de micro e pequenas empresas paulistas neste setor era baixíssima. A Fazenda Paulista pediu seu apoio para mudar essa situação e uma das primeiras providências que ele passou a sugerir aos interessados era se cadastrar na BEC, o que é feito online. Depois, mediante um contador, arrumar a documentação necessária e entrega-la a um órgão representativo mais próximo – o site da BEC avisa que órgão é esse. Via e-mail, o empreendedor receberá uma senha para participar do portal, sem custo algum.
Conceitos
Roberto desmistificou o conceito presente nos microempreendedores de que só os grandes empresários ou grandes empresas podem participar de licitações governamentais. Também comentou sobre a queixa de que “o governo demora para pagar e não posso esperar tanto tempo para receber”. Ele lembrou que existe a lei geral das micro e pequenas empresas, a lei 123, que criou o Simples Nacional, com menos burocracia, acesso à Justiça e aos mercados, incluindo compras públicas.
“E há algo específico para micro e pequenas empresários: as compras até 80 mil reais são exclusivas para eles, as médias e grandes empresas estão proibidas de participar desta modalidade. E isso não é só do governo estadual, tem também em outros estados e também no governo federal”, lembrou. “Quanto à demora para pagar, só posso falar do estado de São Paulo. A política pública paulista é de que qualquer unidade compradora, seja escola, delegacia ou outro órgão, só pode fazer a compra se tiver o dinheiro em caixa. Sem o dinheiro, não pode nem abrir a licitação. Então, se você vence a licitação com seu produto ou serviço, em 30 dias estará recebendo”.
Organização
Um detalhe lembrado por Roberto é que os interessados em licitação ou pregão do Estado de São Paulo precisam estar bem organizados, especialmente no chamado “leilão reverso” (preços vão caindo até determinado limite). Outro detalhe: nas grandes obras, obviamente vencidas pelas grandes empresas, 30% podem ser subcontratadas pelas pequenas, desde que isso conste na licitação. E há também o “item divisível” nos editais, ou seja, oportunidades abertas para pequenas empresas participarem de determinados itens de valores menores, mesmo dentro de uma obra maior.
“Eu aconselho vocês (microempreendedores presentes no JONN) começarem pequenininhos. Cadastrem-se na BEC e participem de uma carta convite de 5 mil reais, para sentirem como funciona. Você ganha, entrega (o produto ou serviço), recebe e aí, organizando-se melhor, pode vai para o pregão aberto”, recomendou, sugerindo que os interessados busquem orientação do Sebrae SP.
Causa empreendedora
Falando, em seguida, sobre a “causa empreendedora”, que ele criou quando foi subsecretário estadual, disse que visitou órgãos estaduais e empresas atrás de respostas para a crise financeira e percebeu que em quase todos os setores havia desperdício, inclusive de créditos financeiros. A partir daí buscou soluções para evitar esses desperdícios e focou bastante na empatia empreendedora, com um empreendedor procurando sentir as dificuldades do outro.
No final, Roberto se colocou à disposição dos interessados em fornecer mais informações via e-mail ou em seu site sobre a “causa empreendedora”.
Roberto Sekiya, à esquerda, deu orientações importantes a todos os participantes do JONN
Ana Paula Habermann no ‘Mulher que faz’
A empreendedora e proprietária da loja Paula Tecidos, Ana Paula Habermann, foi entrevistada por Priscila Abreu na rádio 88+FM, no programa Encontro Marcado. A entrevista aconteceu dentro do quadro “Mulher que Faz”. A loja está completando 10 anos de atividades e Ana Paula falou um pouco sobre sua trajetória comercial.
Segundo explicou, antes de ser proprietária ela trabalhou como funcionária na loja, que era pequena e prestava serviços ao público no ramo de aviamentos. Surgiu, no decorrer do tempo, a oportunidade de comprar a loja e ela não mediu esforços nesse sentido. Em pouco tempo os negócios se expandiram e, com o trabalho desempenhado, a loja cresceu e virou um grande ponto comercial de aviamentos e tecidos.
“Eu nunca havia trabalhado ‘por conta’, sempre trabalhei em indústrias e com carteira registrada”, recordou Ana Paula durante o programa da 88+FM.
Dificuldades
As dificuldades aumentaram quando, logo no início da experiência como proprietária da loja, ela ficou grávida da primeira filha. Isso a obrigou a conciliar as funções de pequena empresária, dona de casa e futura mamãe, com os cuidados pertinentes a cada responsabilidade. Para ajudá-la, seu marido deixou o emprego e foi repartir com ela a incumbência de tocar o empreendimento.
Ana Paula contou ainda que seu maior investimento em relação à firma foi em propaganda, para tornar a loja bem conhecida perante o público consumidor. O custo disso, segundo explicou, foi satisfatório. O resultado, no entanto, foi que a Paula Tecidos cresceu e isso requereu um espaço maior e mais funcionários.
A apresentadora Priscila Abreu pediu a Ana Paula, na parte final da entrevista, que desse alguma dica para as pessoas que também pensam em empreender. Ana respondeu da seguinte forma: “Se você tem um sonho de ter um empreendimento ou está no meio, com medo da crise, não desista, corra atrás e tenta conquistar seu cliente”.
Quanto aos próximos anos, a intenção dela é expandir a empresa e, para isso, conta com a fidelidade de seus clientes, aos quais é muito grata. “Sem todos eles, eu não seria nada”, acrescentou.