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Cigarro, bebida e HPV proliferam os cânceres

Cigarro, bebida e HPV proliferam os cânceres

Dra. Sandra Daud diz que o câncer de boca aumentou demais por sexo oral

 

Nesta última sexta-feira, 27 de julho, houve eventos em vários lugares alusivos ao Dia Mundial de Conscientização e Combate ao Câncer de Cabeça e Pescoço. A data faz parte do calendário definido como Julho Verde pela Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço.

Para abordar esse tema, Gazeta procurou a médica e cirurgiã Sandra Daud, especialista no assunto. Ela iniciou a entrevista citando uma estimativa do INCA (Instituto Nacional de Câncer) para 2018 no Brasil, prevendo que até dezembro terão ocorrido 43 mil novos casos de câncer de cabeça e pescoço, um número considerado elevado demais pela medicina.

“E esses tumores de cabeça e pescoço aumentaram excessivamente no Brasil, que, junto com Índia e Portugal, são os líderes em cânceres desse tipo no mundo”, afirmou. “Ultimamente, por conta de algumas doenças como o papiloma vírus, que é o HPV, os cânceres no colo do útero, no pênis e na boca aumentaram. Aumentou muito também a incidência de câncer de boca, principalmente por conta desse tipo de vírus”.

Em homens, segundo a médica, o câncer de boca é hoje o quinto câncer mais comum naqueles que chegam à terceira ou quarta década de vida, por conta do sexo oral sem proteção. Esse tipo de câncer, antigamente, atingia mais os homens mais velhos, mas ultimamente cresceu muito por conta do HPV.

Tabaco e álcool

Sandra diz que existe agora uma estatística apontando que cerca de 50% da população brasileira é portadora do HPV em região genital (feminina e masculina) e 7% apresenta a doença na boca.

“Logicamente a principal causa e o grande vilão dos tumores de boca, de laringe, de faringe, de glândula salivar, de traqueia, de pulmão, e isso falando só da minha área, fora as demais, é o tabaco. Em segundo lugar a bebida alcoólica e em terceiro, o HPV”.

Há, no entanto, outros cânceres nas regiões de cabeça e pescoço que atingem homens, mulheres e até crianças indistintamente. A doença acomete: seios da face, narina, faringe, cavidade oral, laringe (incluindo tumores de corda vocal), traqueia, tireoide e até das glândulas salivares.

Tireoide

“No sexo feminino o câncer de tireoide é o quinto câncer mais comum. O que acontece é que esse câncer, embora prevalente no sexo feminino, não é agressivo. É um tumor que, mesmo diagnosticado em fases mais tardias, é passível de cura numa grande porcentagem dos pacientes. Já o tumor de boca não. O tumor de boca é passível de cura somente se for diagnosticado precocemente”, prosseguiu.

Indagada sobre o câncer de tireoide em São José do Rio Pardo, a médica disse que reflete a média nacional e aumentou drasticamente nos últimos anos. A boa notícia é que, quando diagnosticado precocemente, a taxa de cura para este tipo de câncer é de 99%.

Sandra Daud alerta para que os leitores que encontrarem qualquer ferida na boca com lesão vermelha ou esbranquiçada, ou uma rouquidão que demore mais do que 15 dias, procurem um médico.

“Feridas que estão demorando mais do que 15 dias para curar, provavelmente não sejam benignas, devem ser investigadas por um profissional habilitado para isso. O diagnóstico precoce é passível de cura mas, se demorar, o tumor cresce e avança, aí a taxa de cura cai muito”, lembrou. “E as sequelas são muito grandes no câncer de boca e câncer de laringe”.

Autoexame

Sandra ensinou como a própria pessoa pode fazer um autoexame diante do espelho e, com isso, ajudar a si mesma no diagnóstico de algo suspeito na região da cabeça.

“De frente para o espelho e com uma iluminação adequada, observe primeiro os lábios, notando se há alguma lesão vermelha ou esbranquiçada ou uma ferida. Depois, ponha a língua para fora e observe a mesma coisa: lesão vermelha ou esbranquiçada, uma ferida ou uma verruga. Depois olhe as bochechas, a gengiva, e observe se há alguma lesão com estes aspectos”.

Sandra continua: “No autoexame do pescoço, fique de frente para o espelho também. Vire o pescoço de um lado e para o outro, apalpe bem delicadamente o pescoço para observar se nota algum carocinho ou algum nódulo. E no autoexame da tireoide: de frente para o espelho pegue um copo de água, ponha a água na boca, eleve discretamente o pescoço e engula olhando para o espelho. Logo abaixo da cartilagem do pescoço, que as pessoas chamam de gogó ou pomo de adão, fica a tireoide. Se ao engolir a água você observar embaixo desse carocinho, que a gente tem e que é normal, observar outro caroço que sobe e desce, pode ser que tenha um nódulo na tireoide. Procure um médico para investigar”.

Dra. Sandra Daud recomenda o autoexame em frente o espelho para detectar nódulos na cabeça e pescoço

Julho Verde é o nome da campanha de conscientização contra cânceres do pescoço e cabeçaBOX

Causas principais do câncer de boca

Álcool+cigarro: 10 vezes mais perigo – Quem bebe e fuma tem 10 vezes mais chances de apresentar câncer bucal. O cigarro e o álcool, em todas as formas, são os primeiros da lista de riscos e potencializados se usados em conjunto. Noventa por cento dos tumores na boca são devidos ao tabaco e ao álcool.  O Vírus HPV (papiloma vírus humano) adquirido em contato ou relação sexual ou oral sem proteção ou pelo beijo está ganhando terreno contra a saúde.

Sexo, HPV e colo do útero – Muita gente, por falta de conhecimento, não está se protegendo contra o HPV nos contatos sexuais. Assim, a doença pode evoluir de infecção bucal a câncer, em todas as idades. O HPV pode infectar ainda o colo do útero (13.370 novos casos e 5.430 mortes – INCA 2018).

Menos da metade de jovens se protege – Mais da metade de pacientes adolescentes de ginecologistas e obstetras é sexualmente ativa (13 a 19 anos), de acordo com pesquisa feita com médicos destas especialidades. A percepção desses profissionais é de que menos da metade dos jovens recebe orientação sobre DSTs e também outra metade deles não usa preservativo na primeira relação sexual.

Diagnóstico precoce: sobrevida de 80% – Se o câncer bucal for diagnosticado precocemente e receber o tratamento adequado, a possibilidade de cura é de 80%. Cada caso é um caso, mas envolve cirurgia, radioterapia e outros procedimentos especializados.

 

 

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