Após 15 anos, Ênio Fly se despede da Cidade Livre

Formado em Publicidade e Propaganda, ele trabalhou como radialista durante 27 anos

Essa semana, após 15 anos de trabalho, a rádio Cidade Livre se despede de um profissional muito criativo, dinâmico, ousado e jovial. Características essas que sempre atraíram o público e fizeram uma grande diferença na história da 88,7. O radialista Ênio Fly deixou a rádio nessa sexta-feira, 2 de junho.

Para homenagear seu trabalho ímpar e agradecer todas as contribuições que o profissional trouxe para a Cidade Livre nas últimas décadas, a Gazeta do Rio Pardo fez uma entrevista com Ênio, para que os leitores conheçam um pouco de sua trajetória.

Ênio se formou em Publicidade e Propaganda pela Unifae, em São João da Boa Vista, há quase 20 anos. Trabalhava como radialista há 27 anos. Ele iniciou a entrevista falando sobre como surgiu sua paixão pelo rádio.

“Comecei a me interessar por rádio desde muito cedo. Meu pai sempre ouviu e eu também. Mas o estalo mesmo eu tive por volta dos 15, 16 anos, quando ouvi pela primeira vez uma rádio com um estilo mais jovem. Eu tive a impressão de que eu sabia fazer aquilo. Tive a sensação de que eu sabia fazer o que o locutor estava fazendo, de uma forma bem ágil, como eu faço hoje, com uma locução rápida e bem humorada. A partir daquele momento, comecei a me interessar por rádio. Na época conversei com o diretor da escola, para tentarmos montar uma rádio para brincar no intervalo, mas nunca deu certo. Logo que eu terminei o 1º grau apareceu a rádio de Divinolândia. Todo mundo sabia que eu gostava de rádio, fui lá fazer o teste e acabei ficando. Foi um teste ao vivo, a rádio estava ainda em caráter experimental e fui contratado”, relembrou.

Ênio trabalhou em três emissoras de rádio dentro de sua carreira como locutor.

“Comecei na Verde Vale, em Divinolândia e depois fui para a Mirante, de São João da Boa Vista. Após as duas rádios, passei mais de 15 anos na Cidade Livre. Sempre exerci minha formação de publicitário dentro da própria rádio, fazendo as campanhas da Cidade Livre e também da Difusora, algumas para a Gazeta, mas sempre trabalhando mais com áudio dentro das emissoras”, contou.

Questionado sobre o que ele julga ser seu diferencial enquanto radialista, ele respondeu que é sua naturalidade.

“O que me vem na telha, eu falo. Já fiz locução deitado no chão, já chutei balde, fiz mil e uma coisas. O programa Apito Amigo ajudou muito nisso, desmistificou o rádio. Já apresentei o Apito Amigo de cueca, que foi um desafio que o pessoal me lançou. Durou coisa de um minuto, mas fiz coisas que nem locutores grandes de rádios famosas fizeram, porque não tiveram essa liberdade que eu tive dentro da rádio. Foi uma liberdade que eu mesmo conquistei, mas não foi fácil. Já tomei puxão de orelha aqui e já tomei suspensão em outras rádios que eu trabalhei, por querer ser diferente”, revelou.

Ênio diz que sempre buscou fazer um trabalho diferente, que fugisse do padrão tradicional, da seriedade imaleável, que permanece até hoje na maioria das rádios do interior. Para ele, a espontaneidade e o bom humor, devem predominar.

“Eu sempre achei que o rádio pode ser algo diferente, como uma extensão da nossa casa. Um bate-papo da cozinha, do bar. Até hoje vemos um rádio muito engessado. É sempre a mesma coisa, o locutor entra, fala a hora, o nome da música, não se atreve. Eu acho que meu atrevimento misturado a naturalidade e o bom humor, foram três pilares que me conduziram até aqui”, destacou.

Para ele, sempre foi um grande desafio vencer o padrão imposto pelos primórdios da rádio. “Hoje, em tempos de streaming, de internet, o rádio meramente musical, precisa de algo a mais. O bate-papo está voltando ao rádio. Primeiro precisa ter o que falar, para não ficar igual aos outros. Precisa ter um discurso pertinente, coeso e coerente. Mas o desafio é você renovar a audiência. Porque a geração Z, geralmente, não ouve rádio. Eu estou saindo, mas esse é o grande desafio de quem vai ficar. Reconquistar a audiência, fazer com que o jovem ouça rádio. Geralmente eles ouvem o rádio por tabela, com o pai, no carro, que sempre ouviu. O rádio era onde as pessoas buscavam informações, ouviam músicas e hoje em dia não é mais assim”, comentou.

“Meu desafio no rádio sempre foi me desdobrar para ser diferente, eu nunca quis ser mais do mesmo. Sempre nadei contra a corrente. É mais difícil, mas acredito que dê mais resultado”, completou.

Questionado sobre quais os maiores benefícios de ser locutor, Ênio comentou sobre o retorno da audiência. Para ele, poder animar o dia de um ouvinte, sempre valeu muito.

“O grande barato de trabalhar no rádio, o maior benefício, é você fazer parte da vida das pessoas. Quando eu trabalhava na Rádio de São João, uma senhora chamada Marisa, me ligou e falou que tomava antidepressivos e que depois que começou a me ouvir no rádio, parou de tomar. Fizemos amizade, ela foi me conhecer na rádio, levou bolo. Eu era o remédio dela. E depois de quase 20 anos, aconteceu isso de novo. Uma senhora daqui de São José me falou a mesma coisa. É muito bom poder impactar positivamente a vida das pessoas, fazer elas rirem de alguma coisa que a gente fala, animar o dia delas. Para mim isso é um pagamento que o dinheiro não compra”, disse.

Novos rumos

Ênio deixou a profissão de radialista para se dedicar ao que se formou: publicidade e propaganda. Ele abriu uma empresa em São José do Rio Pardo, chamada Live, que já está a todo vapor.

“Decidi montar uma agência de publicidade, pensando em ser diferente. Quero fazer coisas criativas. Se você não falar a língua do seu público, não vai vender. Ele não vai se reconhecer naquilo e não vai comprar. A Live está nascendo dessa proposta, de falar a língua das pessoas, fazer essa conexão entre as marcas e as pessoas. Passando pelo branding, claro, que é o mais gostoso de se fazer, que é a relação entre a marca e o público-alvo, mas não deixando de fazer as vendas diretas. Acho que dá pra fazer um meio termo entre branding e venda direta. Já estamos atendendo alguns clientes. Queremos propor algo muito legal, baseado no que as grandes empresas fazem”, comentou.

A Live fica localizada na Avenida Independência, nº 49, 1º andar, sala 1. Para conhecer melhor o trabalho de Ênio como publicitário, é só acessar o site www.livepubli.com.br e consultar o portfólio dos trabalhos que já foram criados pela empresa.