Bebês prematuros apresentam maior chance de contrair a doença
Com a chegada do outono, autoridades de saúde têm se preocupado com o aumento de internações relacionadas a bronquiolite, doença que atinge principalmente crianças de até dois anos de idade, e que pode apresentar um quadro de saúde grave, dependendo do caso. O jornal entrou em contato com a pediatra e alergista Priscila Mara de Sordi Lopes, para esclarecer algumas dúvidas da população com relação a essa doença que têm atordoado muitos pais.
O que é bronquiolite e como ela afeta o organismo da criança?
Priscila: Bronquiolite é inflamação de bronquíolos (porção terminal dos brônquios) provocado em geral pelo vírus sincicial respiratório (VSR), que afeta crianças na maioria das vezes, até 2 anos de idade. O contágio ocorre por contaminação de secreções respiratórias, comum em ambientes de aglomeração e mal ventilados.
A doença tem causado o aumento de casos e internações entre as crianças, especialmente menores de 2 anos, segundo o boletim Infogripe da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A última divulgação, da semana passada, apontou que o índice de casos com resultados positivos para o vírus estava em 36,2%. No início do mês passado, o percentual era de 26,8%. A que se deve esse aumento?
Priscila: Esse crescimento do VRS, segundo especialistas, ocorre em um momento de redução de circulação do coronavírus, visto que com a pandemia e isolamento social, o VRS e outros vírus tiveram sua circulação quase interrompida, e neste momento com o relaxamento das medidas preventivas e aglomeração em creches e escolas, justificaria este aumento. Além disso, é uma doença sazonal apresentando picos em períodos de outuno/inverno.
Quais os sintomas da bronquiolite?
Priscila: Incluem coriza, tosse, febre, mal-estar e desconforto respiratório.
Ela pode causar infecções graves e secundárias?
Prisicila: Sim. Os vírus também são capazes de causar pneumonia. Além disso, a virose pode facilitar infecção por bactérias, podendo ocorrer pneumonia bacteriana secundária ao quadro. Por isso, os familiares devem estar atentos a qualquer piora dos sintomas, buscando atendimento médico.
A doença pode ser fatal?
Priscila: Sim, principalmente em bebês nos primeiros meses de vida e em pacientes com comorbidades (ex.: prematuros), já que a doença pode acometer de forma grave os pulmões, causando insuficiência respiratória.
Bebês prematuros têm uma chance maior de contrair essa doença?
Priscila: Bebês prematuros apresentam maior chance de contrair a doença pela própria deficiência de imunidade e maior chance de gravidade também, pelo menor calibre de vias aéreas.
Como prevenir a bronquilite? Existe alguma vacina?
Priscila: Lavar as mãos com sabão ou usar álcool em gel, além de máscaras são outras medidas que favorecem a redução da transmissão viral. Não há vacina disponível para população.
Qual o tratamento contra a doença?
Priscila: Na maioria dos casos, a doença apresenta sintomas leves, que variam entre sete e 12 dias. O tratamento é feito em casa por meio de medidas gerais de suporte, como antitérmicos em caso de febre, e medidas para desobstrução nasal, como inalações com soro e a lavagem nasal. Em alguns casos, podem estar indicados broncodilatadores e nebulização com salina hipertônica. Nos casos mais graves, com necessidade de internação, o tratamento principal é oxigenação.
Em São José do Rio Pardo, a senhora tem visto muitos casos relacionados a essa enfermidade?
Priscila: Como é uma doença sazonal, é bem comum essa época do ano atendermos muitos casos, mas assim como outras cidades regionais, este ano notamos um aumento significativo nos atendimentos de casos de bronquiolite.
Qual a diferença entre bronquiolite e bronquite?
Priscila: Tanto a bronquite como a bronquiolite tem como consequência o chiado no peito, podendo, então, serem confundidas. No entanto, a bronquiolite é uma doença infecciosa que gera uma inflamação nos bronquíolos. Já a bronquite (asma), é uma doença inflamatória crônica com acometimento de brônquios, com diferentes graus e pode ter associação com alergia respiratória.