Licitação está marcada para o dia 10, moradores não tiveram acesso ao projeto antes e impasse persiste
Na noite de quinta-feira (2), moradores, comerciantes e outros interessados, além de representantes da Prefeitura e vereadores marcaram presença na audiência pública que discutiu a construção do elevado no cruzamento das avenidas Belmonte e Perimetral.
Orçada em R$ 11.514.103,47, o projeto foi encomendado pela Prefeitura à empresa Copem – Consultoria e Projetos de Engenharia de Estruturas, de São Carlos, a obra é considerada a solução pra os problemas do cruzamento, mas os moradores e comerciantes reclamam de que não foram ouvidos sobre o assunto. O projeto foi explicado pelo secretário municipal de Obras, Guilherme dos Santos e pelo engenheiro da empresa, Leandro Silva Souza.
No dia 8 de fevereiro, a Prefeitura publicou o processo de licitação da obra, mas somente na noite de quinta-feira (2) é que aconteceu uma audiência pública com a população para tratar do assunto. Isto é, com o projeto já pronto.
A proprietária de uma empresa de funilaria instalada no local, reclamou que desde setembro do ano passado vem buscando informações na Secretaria de Obras sobre o projeto, mas que nunca recebeu. Ela protocolou requerimentos pedindo cópias, mas não foi atendida.
As questões de segurança, mobilidade e habitalidade da área foram temas bastante discutidos na reunião. Foram realizados inúmeros questionamentos sobre a segurança viária, segurança para pedestres e para moradores, além dos impactos de vizinhança, como depreciação dos imóveis.
Com seus mais de 90 anos de idade, o senhor Caetano Malaguti, que reside na área há mais de 50 anos e ali construiu imóveis e instalou comércio também esteve presente para fazer algumas observações. Uma delas, a de que seus imóveis, construídos na década de 1980, poderão ter as estruturas afetadas pelo fluxo de tráfego. Outra, a de que as alças de acesso vão interferir diretamente na vida dos moradores, porque não têm uma largura considerada de segurança.
Marquinho Zanetti, ex-vereador e proprietário de comércio no local também questionou a obra. Ele considerou que atualmente a engenharia de mobilidade não tem recomendado a construção de viadutos e elevados, e perguntou se não foram apresentadas outras soluções para o local.
O advogado Ricardo Possebon reclamou da realização tardia da audiência pública, quando a licitação para a obra já está em andamento. Ele destacou que o objetivo de audiências públicas é justamente colher informações para elaborar projetos que atendam a comunidade.
Falando em nome da Agência de Desenvolvimento Rio Pardo 2050 (ADRP-2050), o engenheiro Mário Edson João relatou que a entidade concorda com a necessidade de melhoria viária para o local, entretanto, discorda da construção de um o elevado naquele, ressaltando que outras soluções foram sugeridas, garantindo economia aos cofres públicos e funcionalidade.
Segundo ele, havia um compromisso do prefeito de que a elaboração do projeto fosse acompanhada pela Agência de Desenvolvimento, mas que isso não aconteceu.
Os moradores pediram o adiamento da licitação e a realização de novas reuniões para tentarem melhores alternativas ao projeto. Ao término da audiência, convidaram vereadores e o secretário de Obras para discutirem a questão no local da futura obra, na sexta-feira (3). O secretário se recusou, dizendo que já conhece o local. Os vereadores, entretanto, estiveram reunidos com os comerciantes e moradores.
Nova reunião
Todos os participantes da audiência concordam com a necessidade de melhorar a mobilidade a fluidez do trânsito no cruzamento da Belmonte com a Perimetral. A ideia inicialmente aventada pela administração, que seria a construção de um túnel, não foi à frente, em razão da complexidade desse tipo de obra.
Haveria grande intervenção no local, desapropriações bastante onerosas e, ainda, um longo prazo para execução, resultando em prejuízos aos comerciantes e moradores do entorno.
Nesta sexta-feira (4), presente na reunião com os vereadores, o advogado que representa moradores e comerciantes, Ricardo Possebon, solicitou à Câmara mais uma reunião para apresentar outras propostas à construção do elevado.
Moradores exemplificaram na prática a passagem de um caminhão pela futura alça, a ser construída ao lado do elevado. O local se mostra com pouca área física, o que coloca em risco, inclusive, os pedestres já que não há calçada projetada. Além disso, quem reside margeando a via, não terá área suficiente para estacionar um veículo ou mesmo para adentrar aos imóveis.
“Estamos mostrando aos vereadores a incoerência desse projeto. Estamos pedindo uma nova audiência pública, para que os moradores impactados apresentem um novo projeto, com menos impacto, com menos custo. Não somos contra a obra. Somos contra a forma como ela está sendo feita”, disse o advogado Ricardo Possebon, falando à Gazeta.
A nova reunião solicitada pelos moradores, foi acertada com a vereadora Lúcia Libânio, presidente da Câmara, para o dia 11 de abril, às 18h30.
“Nessa audiência vamos mostrar outra opção, com menor impacto e com menor custo. A gente pede que o Executivo olhe com bons olhos essa nossa proposta, concluiu
Até o final do dia, porém, a Prefeitura não havia se manifestado sobre adiar a licitação, que está marcada para o dia 10 de março.
Proposta
Uma das alternativas é concluir a ligação da Avenida Marechal Mascarenhas de Moraes com a Perimetral, nas imediações do Superatacado Tinti. Essa proposta foi feita pela Agência Rio Pardo 2050, para solucionar não apenas a ligação com o Vila Verde e Jardim Eunice, mas também como solução para melhorar a mobilidade desde o bairro Maria Maldonado até o Buenos Aires e Distrito Industrial.
O engenheiro Mário Edson lembrou que a proposta foi apresentada no ano passado, mas não houve nenhuma manifestação da Prefeitura. Segundo o secretário Guilherme dos Santos, a obra demandaria pelo menos 1 ano de espera pelas licenças ambientais. Edson João pontuou que se há no ano passado houvesse andamento à sugestão, as licenças já teriam se viabilizado.
Esse projeto de interligação é antigo, datado de meados dos anos 1980, com a intenção de ligar desde o Carlos Cassucci até o Paula Lima.
Na manhã de sexta-feira, moradores do Maria Maldonado também estiveram presentes à reunião, e depois se dirigiram ao bairro acompanhados por vereadores. No local, o engenheiro Mário Edson João, da ADRP-2050, explicou o projeto.
Conforme o engenheiro Leandro Silva Souza, da Copem, a expectativa é de que o elevado atenda a região por cerca de 10 anos.
Já a proposta de interligação pelo Maria Maldonado, seria uma obra com capacidade para atender a demanda por um período mais longo, além disso, há expectativa de que mais dois bairros sejam construídos naquela região.