Família de São José do Rio Pardo morreu em 2019, no desastre provocado por rompimento de barragem
Quatro anos depois da tragédia em Brumadinho (MG), quando do rompimento da barragem da Companhia de Mineração Vale S.A., a corretora de imóveis Maria de Lurdes da Costa Bueno (Malu), moradora de São José do Rio Pardo, segue entre as 3 pessoas que continuam desaparecidas.
Naquele 25 de janeiro de 2019, às 12 horas 28 minutos e 20 segundos, como mostraram os relógios das câmeras de segurança do local, ocorreu o rompimento da Barragem B 1, acarretando em uma das maiores tragédias ambientais da história, que resultou em 272 pessoas mortas – o que inclui dois bebês em gestação.
A lama invadiu a área em que trabalhadores da mineradora estavam e diversas casas e pontos turísticos da região, causando um desastre ambiental. Ao todo, 9 milhões de metros cúbicos de rejeitos vazaram após o rompimento da Barragem B1. A lama percorreu mais de 7 km e atingiu o rio Paraopeba, um dos afluentes do São Francisco. Desde então, pelo menos 17 municípios daquela região foram diretamente impactados pelo desastre.
Fatalidade nas férias
A maioria dos mortos era trabalhadores empregados da Vale e de empresas terceirizadas da companhia. Os demais eram, possivelmente, apenas moradores do entorno e visitantes – dentre os quais, uma família com raízes rio-pardenses.
O empresário Adriano Ribeiro da Silva, acompanhado da esposa Maria de Lurdes da Costa Bueno; dos filhos dele: Camila Taliberti Ribeiro da Silva e Luiz Taliberti Ribeiro da Silva, e da noiva de Luiz, Fernanda Damian de Almeida, estavam no local.
De férias, o grupo havia programado uma visita ao Instituto Inhotim. Situado a 60 km de Belo Horizonte, o lugar é uma mistura de jardim botânico e museu de arte contemporânea, reunindo a céu aberto inúmeras obras de arte e espécies naturais da flora de diferentes partes do mundo.
A família se hospedou na Pousada Fazenda Nova Estância. A boa estalagem e a boa gastronomia, além da proximidade com o Instituto Inhotim, fizeram da pousada uma parada obrigatória para muitos que visitavam a atração.
O estabelecimento ficava a uma distância de aproximadamente 2,5 km da Barragem B1. Na noite anterior, estima-se que ao menos 35 pessoas estivessem no hotel-fazenda, entre hóspedes, proprietários e funcionários. Três foram resgatadas com vida.
Buscas
De acordo com a imprensa mineira, passados mais de 1.400 dias após o rompimento da barragem, as buscas ainda continuam. Após tanto tempo, as equipes agora fazem uma espécie de “peneiramento”, para separar o rejeito de minério de ferro de possíveis segmentos humanos.
É o esforço que se faz na procura pelas últimas três vítimas desaparecidas: Maria de Lurdes, Tiago Tadeu Mendes da Silva e Nathália de Oliveira Porto Araújo.
Sem prescrição
Na última terça-feira (24), a Justiça Federal aceitou nesta denúncia do Ministério Público Federal (MPF) contra as empresas Vale e Tüv Süd pelos crimes do rompimento das Barragem B1 em Brumadinho, o que inclui crimes contra a fauna, a flora e crime de poluição.
Na mesma decisão foram indiciadas 16 pessoas, entre diretores, gerentes, geólogos, engenheiros, especialistas e consultores da Vale e da Tüv Süd, pelos mesmos crimes ambientais e também por homicídio qualificado – em decorrência das 272 mortes.
A decisão da justiça garante que não haverá prescrição, ou seja, que os crimes ficarão sem julgamento por perda de prazo. É que, pela legislação vigente no país, o prazo de prescrição para crimes dessa natureza é de quatro anos.
A ação do MPF descarta a possibilidade de acordo devido aos danos socioeconômicos e socioambientais em uma faixa de mais de 500 quilômetros da calha do rio Paraopeba.