Apenas nos cinco primeiros dias de janeiro, choveu 1/3 do volume registrado em dezembro
As tão esperadas chuvas de verão vieram com força total e chegaram antes mesmo da estação começar, o que ocorreu oficialmente no dia 21 de dezembro de 2022. A intensidade desde então trouxe transtornos a várias regiões do país, com alagamentos, enchentes, e infelizmente, até óbitos. Em São José do Rio Pardo, a chuva tem sido branda, mas muito frequente, tendo começado ainda em dezembro, quando a cidade registrou um total de 328,8 mm de precipitação.
O climatologista Pedro Augusto Breda Fontão, falou ao jornal nesta semana sobre os últimos eventos climáticos. Segundo ele, as chuvas no município tendem a persistir até março.
“Efetivamente o mês de dezembro foi bastante chuvoso, chegando a registrar 328,8 milímetros para o mês de dezembro (dados da Estação Meteorológica do SISMET-Cooxupé¹), bem acima do habitualmente esperado para essa época, e em janeiro não foi diferente – registrando apenas nos cinco primeiros dias do mês, chuvas acima de 100 milímetros. É bom ficarmos atentos, pois as chuvas ainda devem permanecer constantes até o final do mês de março, às vezes por meio de pancadas isoladas, e alternando com algumas semanas mais ensolaradas. Estimo que ao longo de meados do mês de abril as chuvas devem começar a reduzir, limitando-se aos eventos de avanço de frentes frias, com base nos modelos de previsão climática que venho observando”.
O climatologista disse ainda que a grande concentração atual de chuvas em relação a 2020, faz parte da variabilidade do clima, que é marcado por extremos e variações. “Por exemplo: para o mês de dezembro em São José do Rio Pardo, no ano de 1963 precipitou somente 72,7 milímetros, enquanto em 1964 a precipitação foi de 479 milímetros. Mais de 400 milímetros a mais de chuva mensal de um ano para o outro”, comparou.
Ele recomenda: “É sempre bom ficarmos atentos aos eventos extremos que podem (e vão) ocorrer em nossa região. Monitorar o clima é essencial para tentar antever tais cenários, pois a dinâmica da atmosfera sempre acaba afetando a vida cotidiana e as atividades econômicas, como a agricultura, abastecimento de água, comércio, turismo, etc”.
Segundo o especialista, a dinâmica do clima tem sido responsável também por altas temperaturas em vários países da Europa, mesmo no período de inverno, o que acredita estar associado ao La Ninã.
“Desde meados do ano de 2020, estivemos sob influência do fenômeno La Niña, que é caracterizado pelo resfriamento das águas do Oceano Pacífico na região equatorial (anomalia negativa de temperatura) e influencia o clima de todo o Planeta. Tudo indica que está findando neste início de 2023, mas certamente influenciou diversos eventos nos últimos anos”.
Ele chama a atenção também para as mudanças climáticas, cujos principais cenários tem convergido para estimar o aumento das irregularidades atmosféricas e dos eventos extremos em várias partes do Planeta (inclusive na América do Sul).
“No ano passado, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (painel vinculado à ONU) lançou novos dados e o seu sexto relatório, e mesmo os novos cenários mais atualizados tem estimado aumento das temperaturas globais e dos eventos extremos – vamos seguir monitorando”, explicou.
Se por um lado há calor demais, as instabilidades levam também às baixas temperaturas, como recentemente nos Estados Unidos, atingido pela tempestade de inverno Elliot. Ele falou sobre esse fenômeno.
“Realmente foi um forte evento de nevasca nessa região da América do Norte, associado à um sistema de baixa pressão atmosférica e influência de um ‘ciclone-bomba’. Embora não seja tão comum, é um evento que possui outros registros no passado, e pode tornar a ocorrer. Felizmente o serviço meteorológico do Estados Unidos e os alertas conseguiram informar a população com antecedência, mas ainda assim os impactos foram elevados”.