Curva de casos é descendente, mas a falta de vacinação em crianças preocupa
A Diretoria Regional de Saúde (DRS XIV) de São João da Boa Vista, está sob nova direção, após a saída do médico Benedito Carlos Rocha Westin, que por vários anos esteve à frente do órgão, responsável pelas ações estaduais de saúde para 20 municípios da região.
Quem assume o comando da DRS é Patrícia Magalhães Teixeira. Formada em direito há 35 anos, foi colaboradora da Santa Casa Dona Carolina Malheiros e até o ano de 1998 trabalhou no departamento jurídico da instituição. No mesmo ano, atuou junto ao setor de gestão de planos de saúde da Santa Casa, onde ficou até 2015. Em 2012, foi convidada pelo PSDB para ser candidata a vice-prefeita e foi eleita. Patrícia também já foi vereadora de São João da Boa Vista e candidata à Prefeitura do município.
A nova diretora regional de Saúde falou à Rádio Difusora, sobre os desafios e atribuições do órgão.
“Não estava esperando, foi uma surpresa para mim, até porque estou fora da área política. Estava trabalhando com advocacia, até que recebi o convite do vice-governador, Rodrigo Garcia, para ser diretora regional da saúde, devido a minha relação antiga com essa área”, disse.
Função da DRS
A DRS administra a saúde de 20 municípios da região: Aguaí, Águas da Prata, Caconde, Casa Branca, Divinolândia, Espírito Santo do Pinhal, Estiva Gerbi, Itapira, Itobi, Mococa, Mogi Guaçu, Mogi Mirim, Santa Cruz das Palmeiras, Santo Antônio do Jardim, São João da Boa Vista, São José do Rio Pardo, São Sebastião da Grama, Tambaú, Tapiratiba e Vargem Grande do Sul.
Segundo Patrícia, a nova função está sendo desafiadora. “É algo muito complexo. A DRS tem a função de atuar nas políticas públicas do governo do estado. Temos que atender todos os usuários do SUS com qualidade. Estou conhecendo o público interno, as demandas internas, as necessidades dos funcionários, e quais são as prioridades dentro de cada setor. Nosso objetivo é atender melhor o usuário SUS e atender melhor todas essas cidades que pertencem a nossa DRS”, afirmou.
Segundo Patrícia, a DRS atua em todas as necessidades médicas dos munícipes, além de fazer coletas de dados referente a saúde pública. “Através desses dados que são alimentados aqui, é que o governo vai adotar as políticas públicas necessárias para podermos oferecer uma qualidade a saúde de toda região. A DRS faz a interlocução dos gestores para atender os munícipes, e faz toda a adaptação de informação para sabermos os melhores caminhos que temos que tomar, e também saber onde a população mais necessita que a atenção aconteça de uma maneira mais intensa”, completou.
“Temos uma ferramenta nova sobre atenção básica que vai medir os índices desse serviço. Valorizo muito a ferramenta de atenção básica, porque é nela que evitamos o agravamento e até o surgimento das doenças. Quanto maior o cuidado na atenção básica, a consequência é que a saúde da população vai melhorando”, informou.
Vacinação
De acordo com a dirigente, gráficos apontam que o aumento da adesão da segunda dose da vacina contra Covid-19, está diretamente ligado com a diminuição do agravamento de casos da doença. “A vacinação tem uma importância gigante”, comentou.
Toda sexta-feira, são realizadas reuniões com todas as Diretorias de Saúde do estado. “Temos uma troca de informações e de experiências. Com o momento da nova variante e a epidemia dos não vacinados, a ocupação dos leitos por crianças e adolescentes teve um aumento, chegou a atingir 100% de ocupação. Por isso, vacinar as crianças hoje, é sim muito importante. Os pediatras são unânimes em dizer sobre a segurança da vacina, e em como é importante que os pais levem seus filhos para receber a vacinação”, mencionou.
“Temos vacinas para todos os municípios da região, um percentual bem grande de vacinados, mas o que ainda nos preocupa são as crianças. Os dados passados pela Vigilância Epidemiológica para a DRS, mostram que São João da Boa Vista, por exemplo, vacinou apenas 50% do público infantil. Itapira conseguiu vacinar 75%. Queremos usar Itapira de exemplo, para que os outros municípios também possam seguir isso”, disse.
Segundo Patrícia, a DRS recebeu uma correspondência do Ministério Público da região, afirmando a pretensão de fazer uma busca ativa junto as crianças, para responsabilizar os pais que não estão vacinando seus filhos.
“O Estatuto da Criança e do Adolescente preconiza que é obrigação dos pais ou responsáveis, a proteção da saúde das crianças. Com essa busca ativa, os pais serão procurados através do Conselho Tutelar, o Ministério Público já está atuando para responsabilizar os pais ou responsável legal pela criança, que não estão fazendo essa proteção. As pessoas precisam se informar, eu entendo a insegurança dos pais, porque existem muitas notícias falsas, muita politização de um assunto que não é político, é um assunto médico. Peço que os pais procurem os pediatras de seus filhos para que tomem conhecimento e façam a proteção devida das crianças e adolescentes”, orientou.
Covid nas escolas
Com o retorno das aulas presenciais, a DRS tem recebido algumas notificações de Covid nas escolas. “Alguns gestores já relataram que tiveram que fechar classes e creches por conta da Covid. Por isso a importância da vacinação. Sabemos que a maioria das crianças não desenvolvem a doença, mas existe a chance de agravamento e estamos investigando dois casos de óbitos infantis suspeitos na região da DRS”, contou.
Curva descendente
Segundo Patrícia, a região apresenta uma curva descendente de casos. “ Temos muitos leitos na região e não passamos por nenhuma dificuldade nesse sentido, pelo contrário, nossa região tem capacidade de atender outras regiões no que diz respeito tanto a leito de UTI, como de enfermaria.
Perfil de agravamento
A Vigilância Sanitária e a Vigilância Epidemiológica não fazem parte da DRS, no entanto, fornecem dados ao órgão. Patrícia falou sobre o perfil de pessoas que apresentam casos mais graves da doença atualmente.
“Pelas informações que temos da Vigilância, os casos de agravamento de Covid são em pessoas mais idosas, pessoas com comorbidades, ou pessoas que não completaram o ciclo vacinal”.
Dengue
A diretora de Saúde contou durante a entrevista que tem recebido poucas notificações de casos de dengue na região.
“Mogi Guaçu por estar fazendo essas notificações, apresenta um número maior de casos, mas acredito que pelos municípios estarem focados na Covid, acaba tendo uma subnotificação de casos de dengue. Nós não estamos vendo casos de dengue aumentando, mas mesmo assim temos que cuidar disso, evitar os criadouros, fazer a limpeza correta dos locais e não deixar acumulo de água. A Vigilância vai pedir para que os municípios notifiquem os casos, porque muitos não estão fazendo isso”, disse.