Linhas de créditos específicas facilitam acesso de pequenos consumidores
O alto custo da tarifa de energia elétrica vem despertando interesse nos consumidores por outras fontes energéticas de menor valor. Pelo interior do país, com menos condições eólicas, a aposta tem sido na chama energia solar, ou tecnicamente falando, a energia fotovoltaica. É um mercado em expansão que tem atraído consumidores em São José do Rio Pardo e na região.
O engenheiro elétrico Samuel Folchetti é um empreendedor neste segmento e falou sobre a atividade em entrevista à Rádio Difusora nesta semana.
De acordo com o engenheiro, o serviço está ao alcance de todos os consumidores, especialmente os pequenos. Segundo ele, quem paga atualmente uma conta de energia de aproximadamente 300 reais, pode ter acesso ao sistema investindo de 11 a 18 mil reais. “Vai depender de algumas situações, se o telhado da residência está direcionado de uma forma favorável ao sol, entre outros detalhes que a gente vai fazer uma verificação”, informou.
A implantação do sistema é passível de financiamento, tanto para pessoa física quanto para pessoa jurídica. Segundo Folchetti, há taxas específicas e atrativas. Sua parcela de financiamento vai ficar menor ou igual a estes 300 reais. “O financiamento é por um período curto. Depois é só aproveitar a energia solar. O equipamento tem garantia por até 25 anos”, destaca.
O retorno do investimento, conforme diz, está estimando em até 5 anos após a instalação, dependendo do tamanho do projeto e do valor investido. Samuel observa que não há ainda uma taxação do sistema. “As taxas que existem é o básico do ICMS, porque querendo ou não você ainda está conectado na concessionária”.
Convencional permanece
A variação de temperatura e a mudança de estação pode interferir na produção da energia. “O que vai impactar, em relação às estações, é a altura do sol, que agora no inverno fica um pouco mais baixo. Nessa condição a gente acaba gerando um pouco menos de energia do que quando estamos no verão”, diz, observando que apesar disso, a quantidade é suficiente para manter a residência ou o comércio.
O engenheiro observa que ainda não é possível se desligar totalmente da rede de energia convencional, mesmo quando a rede fotovoltaica já for autossuficiente. “Entretanto, existe um desenvolvimento de super baterias acontecendo mundo afora. Acredito que daqui a alguns anos já vai ser possível falar em desligar completamente da concessionária. Mas hoje o que vale é manter-se conectado, principalmente por conta da energia usada à noite, que não tem sol e a gente acaba usando um pouquinho da concessionária”, explica.
Adesão
O perfil dos usuários do novo sistema tem sido ampliado à medida em que as pessoas passam a conhecer o funcionamento e se familiarizam sobre os investimentos.
Samuel Folchetti observa que hoje, cerca de 50% dos projetos são para produtores rurais. “O mercado alavancou. O produtor rural tem um problema, que é a energia elétrica. Tem tantos insumos que estão subindo e a energia elétrica para o produtor é algo impactante. As residências estão aderindo e os clientes comerciais, pequenos mercados, padarias, distribuidora de bebidas”.
O sistema, segundo Folchetti, é possível também para empreendimentos alugados. “Você pode montar e futuramente se for mudar de prédio pode levar o equipamento. É um equipamento modular muito simples de se instalar em um telhado”.
Também existe a possibilidade de transferência de créditos de energia, quando a empresa está em um local e a residência estiver em outra. “Ele pode gerar toda a energia em uma propriedade rural e distribuir em outra unidade consumidora”.
Os excedentes energéticos ainda não são remunerados. “A forma de vender é essa de compartilhar os créditos com outras unidades consumidoras. Supondo que você gere muita energia, esse crédito fica acumulado pelo prazo de cinco anos”.
O sistema
A instalação de um sistema simples de placas para captação de energia solar, para uma residência que consome cerca de 300 reais de energia elétrica mensal, ocupa espaço de aproximadamente 16m² de área do telhado de uma casa. “O equipamento é certificado pelo Inmetro”, explica Folchetti, destacando que são várias as normas exigidas, inclusive para suportar chuvas de granizo.
Para o engenheiro, o caminho no consumo da energia solar é crescente, mas não deve substituir a energia hidrelétrica. “O Brasil tem uma incidência solar em torno de 70% melhor do que na Europa. Nossa matriz energética é focada na hídrica, que já é considerada limpa. A solar vem para complementar, principalmente nos momentos de maior dificuldade, como estamos passando agora, com os níveis dos rios baixos”.
Ele completou dizendo que atualmente a geração da energia solar alcançou a marca de 1% da matriz energética no país. “Ainda é muito pouca. A eólica representa 7%. A solar é recente, começou em 2012 e caiu no gosto da população a partir de 2016. Acredito que vai representar pelo menos 10% em breve”, considera.
Atualmente, a maior fonte de recursos para custeio dos projetos de energia solar para os produtores rurais é por meio do Pronaf Eco.