terça-feira , 22 abril 2025
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Rodrigo Ribeiro, conhecido como Buiu, é ex-dependente químico e ajuda adictos a encontrarem tratamento

Rodrigo Ribeiro, o “Buiu”, fala sobre referência negra, racismo, e projeto pessoal

Para ele, lei deveria ser mais severa com relação ao racismo

No dia 9 de janeiro de 2003, a Lei Federal 10.639 instituiu o “Dia Nacional da Consciência Negra” no calendário escolar como uma forma de lembrar a importância de valorizar um povo que contribuiu para o desenvolvimento da cultura brasileira. Desta maneira, o ensino da cultura afro-brasileira passou a fazer parte do currículo escolar em todo o país. Durante o período de novembro, diversas atividades e projetos são realizados nas escolas de todo o país para comemorar a luta dos afrodescendentes. Além disso, o intuito da data é conscientizar a população para a importância desse povo na formação social, histórica e cultural de do Brasil.

Para falar sobre o tema, a Difusora FM convidou Rodrigo Ribeiro, conhecido como Buiu, que inclusive foi candidato a vereador nas últimas eleições e, mesmo não tendo sido eleito, teve uma votação expressiva e é o segundo suplente pelo seu partido, o PSL. Rodrigo começou a entrevista falando sobre sua vida.

“Fui dependente químico durante 12 anos e precisei passar por um tratamento em uma instituição onde me vi na obrigação de começar a ajudar as pessoas que tanto sofrem com a dependência química. Hoje eu faço um trabalho social sem fins lucrativos, para orientar as famílias e ajudo a levar os dependentes químicos para clínicas. Eu indico para as famílias uma clínica séria, um lugar onde essas pessoas podem passar por um tratamento”, relatou.

Referências negras

Nas últimas décadas no Brasil e em vários países, muitos negros vêm se destacando na política, no cinema e principalmente nos esportes. Nos Estados Unidos, por exemplo, isso é muito forte no cinema e no basquete. No Brasil, isso ocorre mais no futebol. Rodrigo comentou sobre o assunto.

“Vemos muito mais negros no esporte. Acredito que aqui no país, nas outras áreas, ainda não temos muitas referências. Na televisão temos o Lazáro Ramos e a Taís Araújo, na política não vemos muito, nosso saudoso Joaquim Barbosa se aposentou, não temos mais essa referência. Na Fórmula 1, por exemplo, temos o Lewis Hamilton, mas acredito que ainda temos pouco destaque nas demais áreas. Acredito que o futebol seja uma válvula de escape maior dos afrodescendentes buscarem uma melhora de vida, uma situação social melhor. Mas infelizmente o destaque em outros segmentos aqui no Brasil acontece pouco”, opinou.

Racismo

Algumas pessoas dizem que no Brasil não temos o racismo, mas temos sim. Eu mesmo já sofri com isso. Quando acontece um crime contra um negro no Brasil, não repercute muito. Parece que a lei não funciona aqui no Brasil. É muito triste isso, porque dependendo da cor da pele, parece que a justiça trabalha de outra forma. Se acontece um crime com um loiro de olhos verdes parece que repercute muito mais do que quando acontece com um negro. Quando aparecem reportagens relatando crime ou preconceito racial, passa um ou dois dias, e a sociedade esquece. Acredito que as leis deveriam ser mais severas, temos que ser tratados com igualdade, independentemente da cor da nossa pele”, afirmou.

Política e projeto

“Eu tinha um projeto caso fosse eleito como vereador junto com o Silvinho Torres e com o Dr.Eliezer, que é meu amigo e me deu muito apoio. Queríamos fazer uma clínica totalmente filantrópica aqui na cidade, bancada pelo governo federal onde o Silvinho ia conseguir os recursos para nós. Além desse projeto, também gostaríamos de fazer uma casa de reinserção social e um abrigo. As pessoas que estivessem no abrigo e quisessem passar por um tratamento com psicólogo e psiquiatra, levaríamos. Depois do fim do tratamento, eles iriam para a casa de reinserção social, porque não poderíamos trata-los e simplesmente joga-los de volta na rua. Teríamos que fazer o trabalho completo. Durante a reinserção social, teria um projeto com as empresas para fazer um programa de empregos”, explicou.

“Hoje o governo federal institui essas empresas que contratam dependentes químicos, ele fornece um abono a elas para ajudar essas pessoas. Gostaríamos de entregar essas pessoas como membros produtivos para a sociedade. Esse projeto não estava apenas na minha cabeça, entreguei ele no papel também para o Silvinho. Infelizmente não ganhamos as eleições, mas esse projeto ainda existe. Nesses nove anos que trabalho com isso, nunca tinha encontrado um apoio tão forte para realizar isso como agora. Sou bem fiel as pessoas que me ajudam, e esse projeto continuará no papel. Mas se alguma pessoa fora da prefeitura tiver interesse em contribuir com isso, estarei aberto. O novo prefeito tem as preferências dele, as lutas dele”, destacou.

“Não deixe que o preconceito sobre a cor da sua pele roube seu sonho”

 “O preconceito nunca vai acabar. Se queremos não sofre-lo, temos que fazer diferente. Há anos atrás eu sofria preconceito e reagia de uma forma diferente. Mas hoje eu sei muito bem o meu lugar e o meu espaço. Meu conselho é que não devemos deixar as pessoas nos colocarem no lugar que elas querem que fiquemos. Se você tem um sonho, seja no esporte, na política, em ser um médico, um advogado, não deixe que o preconceito sobre a cor da sua pele roube o seu sonho e não deixe que as pessoas te coloquem em um lugar que você não queira. Se você acreditar e correr atrás dos seus sonhos, você consegue. Temos testemunhos de pessoas que conseguiram vencer pelo estudo, pelo esporte. A mudança deve começar diretamente com a gente. Se queremos essa mudança, temos que começar pela nossa volta. Para sermos seres humanos melhores, a mudança tem que começar de dentro para fora”, encerrou.

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